sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A Epidemia

Execução competente


Direção: Breck Eisner
Título Original: The Crazies
Duração: 101 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Ago/10

A Epidemia praticamente não tem nada a acrescentar em termos de roteiro sobre filmes do tipo "vírus mortal" em que uma área é isolada quando alguma epidemia estranha inicia-se no local. Os elementos básicos todos estão lá: cidade  pacata logo torna-se cenário de guerra, famílias sendo separadas pela doença, exército intervindo sinistra e violentamente, caos e insurgência civil, um grupo tentando escapar e sobreviver, a mulher grávida como símbolo de esperança etc.

Contudo, o diretor Breck Eisner (Sahara) ao menos consegue filmar tudo com a cadência correta, ângulos bem escolhidos, cortes na hora exata, sem desperdício de elementos em cena (se algo ou alguém aparece e ganha tempo de tela é porque aparecerá novamente para avançar o enredo). Enfim, tecnicamente  você sente que está vendo algo pensado, feito com competência e que tenta atingir objetivos específicos com cada escolha. 

Além disso, mesmo que a história não seja novidade alguma, quando a tensão começa (e ela começa muito rapidamente), segue praticamente sem descanso até o final. Para isso o diretor lança mão dos mais diferentes artifícios: engana o expectador atiçando a imaginação para uma provável cena gore, para chocar  logo em seguida sem usar de violência gráfica (logo numa das primeiras cenas); cria uma atmosfera claustrofóbica, tensa, com viradas rápidas e inesperadas em um ambiente inusitado (a cena do lava-carros); diminui a velocidade e apavora só com o som de um ancinho riscando o chão (na cena no hospital) e por aí vai. 

Também não há espaço para humor e para personagens engraçadinhos com piadinhas infames para distrair a platéia da derrocada da cidade e seus moradores. Se o filme perde o ritmo alguns segundos, é só o suficiente para você parar, respirar e esperar pela próxima ce na de ação. 

Para completar, os fãs de Justified ainda têm Timothy Oliphant novamente no papel de Raylan Givens (no filme, ele tem outro nome, mas são praticamente os mesmos trejeitos e atitudes do US. Marshall da série do FX) e para os  de Silent Hill, Radha Mitchell mais uma vez gritando, chutando e correndo de um lado para o outro tentando ficar viva.

Se você está procurando por uma produção inovadora, cheia de idéias surpreendentes e que revolucione o gênero, melhor esperar pelo próximo. Porém, se você, como eu, é fã de filmes desse tipo e só exige um mínimo de qualidade para assistí-los, pode ir no cinema sem medo que esse está bem acima da média. 

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Memphis Beat S01E08 - "I shall not be moved"

Som e Cores

O episódio começou com uma ótima cena com a Tenente Rice (Alfre Woodard) dando uma carteirada para passar na frente da fila do banco e perdendo as estribeiras (ainda vou dar uma renovada nessas expressões - deve ser o clima nostálgico do episódio) quando descobre que o ex-marido conseguiu retirar uma pequena fortuna da antiga conta conjunta dos dois.

Contudo, um pouco depois, passada a colorida e rápida abertura, entramos em uma história enrolada e sem graça sobre mais uma "lenda" de Memphis envolvida em alguma confusão. Citando algo que li em algum lugar pela net "deve ser complicado ser uma celebridade em Memphis: você acaba sendo assassinado, espancado, maltratado, preso injustamente, etc...". 

Sonzinho bom como sempre. Além da fantástica música que dá título ao episódio, Chain of Fools de Aretha Franklin, Satisfaction de Otis Reddings a a "música que Leroy escreveu para Emily", um blues manhoso fica indo e vindo ao fundo durante todo o programa. Infelizmente, só música, imagens bonitas e o ótimo trabalho de Woodard não valem quarenta minutos na frente da TV. 

sábado, 7 de agosto de 2010

Persons Unknown S01E09 - "Static"

Hecatombe Nuclear


Seria possível alegar que esse episódio não foi  pior que o sexto simplesmente porque nele a história avançou consideravelmente. Contudo, os roteiristas (se podem ser chamados dessa maneira) conseguiram a proeza de deixar todas as cenas sem exceção entre ruins e catastróficas.

A pior de todas foi certamente aquela em Renbe e Damatto ficam "perdidos na selva" depois de serem perseguidos pelos "Azules" (como o padre os chamou em uma sequência que de tão ruim eu estou até agora na certeza de que vamos descobrir que era tudo armação). Nessa cena,  cada uma das falas ou está totalmente fora de contexto ou é de uma forçada de barra extrema. 

Ela foi a cena "romântica" mais tosca e a declaração de amor mais fora de contexto ou sem propósito que já tive o desprazer de assistir. Não dá para acreditar que a intenção era realmente que acreditássemos em emoção genuína ali. Eu consigo pensar em umas mil maneiras diferentes de simplesmente "enrolar" sem precisar fazer o telespectador passar por isso.

Por sua vez, Joe não-me-toque-amnésico-superperigoso Tucker conseguiu ganhar o troféu de personagem mais constrangedor. O conceito é errado do começo ao fim e não há nada que façam que salve o personagem daqui para frente depois dessa descida ao inferno. Flashes de violência ativados pelo toque? Faca levantada e depois suspensa no ar em um momento "me segura se não vou fazer uma besteira"? Luta interna para tentar suplantar a lavagem cerebral por "amor"  (a série teria pelo menos ganho um voto de confiança se ele simplesmente tivesse jogado ela do prédio)? Faça-me o favor!

Com relação à divulgação paulatina de informações sobre o "Programa", a mudança de perfil foi tão brusca que tive a sensação por um momento que esse era o começo de uma outra temporada. Repentinamente, cenas dos escritórios do "Programa" e participantes dele começam a ser mostradas como se elas estivessem lá desde o primeiro episódio. Como assim? 

E falando em cenas constrangedoras, existe algo mais primário e bobo do que aquela do "chá frio"? A diretora parece vilã de filme dos Trapalhões. Será que na escola de roteiros não ensinaram que um personagem não fica mais ameaçador só porque todos os outros personagens ficam dizendo que ele é ameaçador? 

E o eterno lenga-lenga do "vamos linchar Joe" que nunca dá em nada? E Moira que era todo preocupada em analisar e entender as pessoas e buscar uma solução pacífica querendo "dar um fim" ou "tirar fora da equação" o Joe "Bourne" Tucker? É tanta coisa ruim que fica difícil parar de escrever sobre elas.

Tudo ficou tão ruim na segunda metade de Persons Unknown que fico o tempo todo torcendo para pelo menos no final descobrir que tudo era uma encenação ou fazia parte de uma realidade alternativa ou qualquer outro esquema que normalmente tornaria a série um desastre, mas que nessa poderia justificara falta de coerência dos personagens, suas mudanças bruscas de personalidades, suas atitudes despropositadas, os diálogos primários e o roteiro esburacado.

Mais quatro episódios ainda até o final... Dai-me paciência!

E como é sempre importante ter opiniões diferentes, segue aqui uma  diametralmente oposta à minha. 
Mas uma outra descendo o pau também aqui.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Meu malvado favorito

Razoável retorno


Direção: Pierre Coffin and Chris Renaud
Título original: Despicable me
Duração: 95 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Ago/2010

Saindo do eixo Disney/Pixar-Dreamworks, Meu malvado favorito é fruto do retorno da Universal ao rentável e oligopólico negócio de animações. Infelizmente, a inexperiência cobra seu preço e enredo e personagens são mais simplórios do que o expectador acostumou-se a esperar. Crianças estereotipadas - uma garota fofinha praticamente plágio da Boo de Monstros S.A., uma outra destemida, mas não muito inteligente e, por fim, seu oposto com óculos), bichinhos amarelos fofinhos e um protagonista que vai aprender o valor do amor e dos laços familiares são a base de um filme mediano. Com algumas boa piadas ao longo do caminho e animação competente, Meu malvado favorito até entrega diversão descompromissada, mas está longe de ser essencial como os filmes de seus concorrentes mais experientes, mesmo que a comparação seja quase injusta para uma primeira tentativa.

A Origem

Nolan é o cara!

Direção: Christopher Nolan
Título Original: Inception
Duração: 148 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Ago/10


Ele começou em 2000 com a original narrativa invertida de Amnésia. Seguiu com a tensão noir na plena luz do infinito dia de verão do Alasca com Insônia. Na sequência, ele mostrou como montar uma origem impecável para um super-herói em Batman Begins. Com Christian Bale de novo elenco, adicionou Hugh Jackman e Scarlett Johansson e Presto!, um filmaço sobre obsessões com O Grande Truque. Ainda não satisfeito, foi lá e montou o filme "definitivo" do Batman com o Coringa mais aterrorizante já imaginado em The Dark Knight. Agora, Christopher Nolan atinge seu ápice (temporário) com A Origem.

Recomendação baseada única e exclusivamente na minha opinião: A Origem é essencial - vá para o cinema na primeira oportunidade!

Resumo rápido e objetivo do enredo para quem não dá a mínima para a minha opinião e só quer saber o básico sobre o filme para decidir se vai ao cinema: profissional especializado em roubar segredos da mente das pessoas invadindo seus sonhos precisa juntar uma equipe para o seu trabalho final e também o mais complexo e elaborado de todos - implantar uma idéia na cabeça de um jovem milionário.

Resumo rápido e subjetivo para quem acha que a objetividade anterior não ajuda em nada no processo decisório: A Origem = O Plano Perfeito + Waking Life + Matrix - uma história de "roubo de banco" com os usuais planos mega-elaborados dependentes de perfeita sincronia, habilidades especiais e muita dissimulação, só que ao invés de bancos, mentes e ao invés de dinheiro, idéias, tudo isso no esquema Matrix de "o que é real e o que é ilusão?" com efeitos especiais de ponta.

Assim como o último filme que critiquei com Leonardo Di Caprio no elenco (Ilha do Medo), fica difícil falar sobre o roteiro de A Origem de uma maneira que não estrague a experiência. Vale dizer apenas que você pode ir sossegado para o cinema porque, no mínimo, A Origem é um ótimo filme de ação com um roteiro inteligente. Contudo você pode aproveitar também as outras inúmeras "camadas" ou "níveis" de experiência que ele oferece. Deixe seu subconsciente buscar livremente os elementos estranhos, perca-se entre as aparentes incoerências e permita-se enganar pelas ilusões de A Origem.

Ao assistir o filme, tenha em mente que Nolan ficou aparando arestas e revisando o roteiro durante mais de dez anos. Nada escapou a esse refinamento e cada diálogo, cada detalhe da cena foi escolhido e incluído com algum objetivo (ou vários). Lembre-se também do currículo dele e que você está assistindo um filme que trata de quebra-cabeças, labirintos, ilusões. Inevitavelmente, um bom diretor vai incluir uma camada metalinguística nesse texto e te colocar na mesma situação dos personagens: perplexo e desorientado, sem saber o que é real ou não.

A trama é muito envolvente e não perde o ritmo em nenhum ou no máximo em pouquíssimos momentos (geralmente quando repete mais de uma vez a mesma "regra de funcionamento") e o elenco é mais do que sólido. Desde aqueles novatos no universo do diretor como Di Caprio, Joseph Gordon-Levitt (500 dias com ela), Ellen Page (Juno) e Marion Cotillard (Piaf), passando pelos que estão repetindo a dose como Cillian Murphy e Ken Watanabe (Batman Begins) e fechando com a aparição relâmpago, mas sempre relevante do arroz-de-festa Michael Caine (já no seu quarto trabalho com Nolan).

Quanto mais penso e discuto sbore cada uma das cenas, mais idéias vêm à cabeça... Não é a praia de todo mundo, mas certamente vai deixar alguns cinéfilos bem contentes. Gostaria muito de explorar mais o filme nesse espaço, mas é impossível sem spoilers. Guardo para os próximos chopps (ou simplesmente para o espaço de comentários abaixo).

Agora, o jeito é esperar para ver a terceira investida do diretor com o homem-morcego com estréia no longínquo verão (nosso inverno) de 2012 e assistir novamente A Origem assim que der.


PS. - Para balancear com uma avaliação menos positiva, clique aqui.

Quando me apaixono

Independentes e similares

Direção: Helen Hunt
Título original: Then she found me
Duração: 100 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Ago/2010

Os "independentes" e seus personagens desajustados em busca de amor e um lugar em uma sociedade complexa e cruel são uma fonte inesgotável de estórias tão diferentes ainda que ao mesmo tempo sempre aparentemente iguais (ênfase no "iguais"). Agora foi a vez da oscarizada e diretora estreante Helen Hunt ir beber dessa fonte e criar o seu repertório de pessoas "humanas, demasiadamente humanas" que habitam o universo dos filmes independentes.

O nome em português é um pouco enganador, já que pode dar a idéia de estarmos falando de apenas mais um romance ou, muito pior, de uma comédia romântica, quando na verdade, o mote da estória é o chamado da maternidade e como ele pode aparecer das mais diferentes maneiras para as mulheres. O título em inglês, literalmente "Então ela me achou", interpreta melhor os eventos catárticos que mudam a vida da protagonista intepretada pela própria diretora.

Com uma narrativa entrecortada, uma estória com a carapaça formulaica do cinema independente e uma direção bastante conservadora, Quando me apaixono não decola nunca e só não é uma perda total porque realmente há bons atores se esforçando para garantir alguns momentos de genuína emoção ao longo fo filme. Destaque-se a própria Hunt, Colin Firth e a desaparecida Bette Midler.

Demorou três anos para aparecer pelo Brasil, passou relativamente desapercebido pelos cinemas e pela mídia e se você não sentiu falta é porque não tinha motivo mesmo.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Memphis Beat S01E07 - "Suspicious Minds"

Mistura confusa

Aviões pousando sem pilotos, ganhadores de loteria desaparecidos e inventores frustrados, uma combinação estranha que requereria roteiristas muito competentes para montar uma história coerente e interessante. Infelizmente não é o caso de Memphis Beat. A história segue truncada, cheia de buracos e termina se achando mais interessante do que realmente era. Perda de tempo.

Poucos elementos "Memphianos" para mostrar dessa vez, mas pelo menos uma melhora significativa no desenvolvimento dos personagens, colocando elementos que podem gerar boas interações no futuro. Para fechar, surge um interesse romântico atraente para Hendricks, ainda que seu debut seja em uma cena com diálogos bobos, mas que novamente se acha mais "esperto" do que realmente era. 

Só mais três episódios até o fim dessa temporada. É baixa a probabilidade de que a série dê uma guinada que me segure para a próxima.