tag:blogger.com,1999:blog-13514228969297735002024-03-05T11:04:40.355-03:00Crítica em SérieRodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.comBlogger216125tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-73117198939579885192016-08-12T15:55:00.000-03:002016-08-12T15:55:20.700-03:00A Entidade 2<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRGz2j5i0_QO7tN8c_JfBheTjwvGHE72mEmAerq69MN2C7k4xX-KccjbvmEG1H8dvD3Dsa80wDpsSWwkE9XHD0tY0VMVkTOMdGg1_DGkHxj5nP55wxBzU2BH-Bsf4Cf850B48sFvhs35M/s1600/Nota2.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRGz2j5i0_QO7tN8c_JfBheTjwvGHE72mEmAerq69MN2C7k4xX-KccjbvmEG1H8dvD3Dsa80wDpsSWwkE9XHD0tY0VMVkTOMdGg1_DGkHxj5nP55wxBzU2BH-Bsf4Cf850B48sFvhs35M/s1600/Nota2.JPG" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Como piorar o que já era ruim</b></span></div>
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<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrBtJinBwT5-jWrHMboAt4p-jVqx6wNlpdru8qVXxlsBwoVeCSleZGM6tzIMRq7l7jkGDXBPkm7Ybk5xIrZYPrrZdtsCidMfZFz-M3kQdXf9jk_dP6TE0SNs9sYSANpdx4O3x5UoDcxnY/s1600/A+Entidade+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrBtJinBwT5-jWrHMboAt4p-jVqx6wNlpdru8qVXxlsBwoVeCSleZGM6tzIMRq7l7jkGDXBPkm7Ybk5xIrZYPrrZdtsCidMfZFz-M3kQdXf9jk_dP6TE0SNs9sYSANpdx4O3x5UoDcxnY/s200/A+Entidade+2.jpg" width="136" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>Direção</b>: Ciarán Foy</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>Título Original</b>: Sinister 2</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>Duração</b>: 97 min</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-family: Verdana, sans-serif;">Idioma</b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">: Inglês</span><br />
<b style="font-family: verdana, sans-serif;">Lançamento</b><span style="font-family: verdana, sans-serif;">: Set/2015</span></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">
</span><br />
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<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><a href="http://criticaemserie.blogspot.com.br/2014/10/a-entidade.html" target="_blank">A Entidade</a> (2012) contava com méritos técnicos, em especial a qualidade da atuação, que nos permitiam perdoar os inúmeros pecados cometidos pela direção e pelo roteiro. Sua sequência, no entanto, não só carece de elementos redentores, como também potencializa os vícios e delitos do original. E c</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">om a mecânica do horror já estabelecida (crianças são cooptadas por uma entidade sobrenatural a assassinar suas famílias e documentar o ato em filmes), a atmosfera de mistério e suspense se dissipa e restam apenas sustos baratos e crueldade sem propósito. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O roteiro de <i>A Entidade 2</i> é uma tíbia carcaça conectando despropositadas, ruidosas e súbitas aparições do "bicho-papão" com os violentos, mas em última instância inócuos, vídeos caseiros. A estratégia é fazer com que o espectador instintivamente pule da cadeira com a repentina elevação do volume da trilha sonora ou que se contorça com as atrocidades perpetradas nas películas. Nenhuma das táticas é efetiva.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O apelo dos vídeos no filme anterior, por exemplo, calcava-se não só no contraste da violência com o idílico familiar, mas também na inocente banalidade das armas utilizadas: aparadores de grama, facas de cozinha, cordas etc. Nessa nova iteração, a crueldade parece ter saído do Manual de Horrores do <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Capit%C3%A3o_Planeta" target="_blank">Capitão Planeta</a>: água, eletricidade, gelo, fogo e animais são os protagonistas de elaboradas máquinas da morte de causar inveja à Inquisição Espanhola. Os facínoras infantis necessitariam não só de muito planejamento como, em alguns casos, de força bruta adulta para a execução e a verossimilhança então manda lembranças. </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Além disso, não há impacto emocional já que as vítimas não têm fala, nome e, pela qualidade dos filmes ou por estarem encapuzadas, sequer têm rosto. Violência estilizada e desprovida de sentido.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Já os sustos, que são em grande parte protagonizados por Bughull, a "entidade" do título, são apenas isso, sustos. Não há tensão. O monstro nunca causa mal algum aos protagonistas ou parece ser uma ameaça efetiva. Ele é o bicho-papão na acepção mais infantil da palavra: aparece de algum canto escuro apenas para fazer "BÚ". O "monstro" poderia, contudo, ter sido trabalhado como uma metáfora para a disfuncionalidade das famílias ou para abuso infantil e, à maneira do primeiro filme, poderia ser retratado como uma espécie de <i>stalker</i> ou <i>voyeur</i>, sempre a observar da escuridão, um predador na iminência de saltar sobre suas presas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Essa linha de pensamento não fugiria à proposta do filme. O fiapo de trama da família protagonista envolve violência doméstica. Essa história, no entanto, não é direta ou indiretamente associada a de Bughull ou a dos vídeos caseiros. Não há indícios de que as outras famílias nos vídeos também tivessem problemas ou sofressem com os mesmos dramas. </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Outras possibilidades de simbolismo, mesmo os mais óbvios, são descartadas: o uso do porão para representar o subconsciente do menino se perde quando a direção evidencia que a ação se passa literalmente no porão sem deixar margem para ambiguidade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Os problemas narrativos, contudo, não estão restritos às esferas conceituais e temáticas. Os diálogos são truncados, sem criatividade e muitas vezes constrangedores. As personagens, sem exceção, são clichês e esterótipos com uma única dimensão. O pai das crianças, o pior exemplo da ausência de nuances, é, por si só e mesmo com pouco tempo de tela, motivo suficiente para desqualificar a produção. Porém, a pior decisão de roteiro foi </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">transformar uma personagem que só poderia ser (mal) escalada como alívio cômico (e era esse seu papel no primeiro filme) em protagonista. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><i>A Entidade 2</i> é, enfim, um filme B. Leva-se a sério, mas é involuntariamente risível. Tem um roteiro infantilizado, mas com orçamento de gente grande, e só por isso consegue ter um mínimo valor. Recomendado apenas para os fãs do gênero que, como eu, acabam vendo por falta de opções. A maior parte dos filmes de terror, afinal, consegue ser ainda pior.</span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-81600663452410204552015-12-11T12:04:00.000-02:002015-12-11T12:23:12.665-02:00A menina da neve<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiElHVN5_DX6V100Y2hJ10YJVkXeYPvTG-PULuyyslEkAAurW-bHSDsnGp5ewRAH4_SWiYsBuxJO6t9U95mZ-Ht4jq3ouHvjVvFI2iXldhJJw5Nw5MnRaSjdGUJk3tSFEkUUYLNjNkGG_s/s1600/Nota3.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiElHVN5_DX6V100Y2hJ10YJVkXeYPvTG-PULuyyslEkAAurW-bHSDsnGp5ewRAH4_SWiYsBuxJO6t9U95mZ-Ht4jq3ouHvjVvFI2iXldhJJw5Nw5MnRaSjdGUJk3tSFEkUUYLNjNkGG_s/s1600/Nota3.JPG" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Perdido na Tradução</span></b></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXEY6yVs3OA-GBHIznsSK6CVA9noJTJ0PtZwwvMVq6EHcdNZbxRfMy6uZWOZJRvJTLKQNgi7D9cl1JTw4ty3jhjmQp4rVzZD3dFc4Zmrhl3wLzF6jEgKsKDhZwboi6K8gGahoP-womEls/s1600/Capa+A+menina+da+neve.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="background-color: black;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXEY6yVs3OA-GBHIznsSK6CVA9noJTJ0PtZwwvMVq6EHcdNZbxRfMy6uZWOZJRvJTLKQNgi7D9cl1JTw4ty3jhjmQp4rVzZD3dFc4Zmrhl3wLzF6jEgKsKDhZwboi6K8gGahoP-womEls/s200/Capa+A+menina+da+neve.jpg" width="147" /></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Na capa do livro uma menção à autora ter sido finalista do prêmio <a href="http://www.pulitzer.org/" target="_blank">Pulitzer</a> ao lado do preço promocional de quinze reais para uma edição de mais de trezentas páginas e bom acabamento. No painel de chegadas e partidas, um aviso de atraso do voo. Essa combinação fez parar em minhas mãos <i>A menina da neve</i>, livro de estreia da norte-americana <a href="http://eowynivey.com/" target="_blank">Eowyn Ivey</a>. Como passatempo ou leitura</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> despretensiosa, a aquisição não planejada certamente compensou seu baixo custo, mas algo deve ter se perdido na tradução, pois o texto é de uma simplicidade que não justificaria a atenção recebida em seu país de origem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Um conto russo chamado <i><a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Snegurochka" target="_blank">Snegurochka</a></i>, ou "a dama da neve", é a base em que a autora constrói seu emocionante relato sobre a vida no Alaska no começo do século XX. Na versão original, assim como em sua variação, um casal mais velho e sem filhos faz um boneco de neve que ganha vida, e assim nasce a menina do título. </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No livro de Ivey,</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> o casal protagonista é formado por Jack e Mabel, personagens marcados por um evento trágico que vão para o estado mais gelado da federação americana para recomeçar a vida, fugindo de lembranças ruins.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A principal arma narrativa da autora é a tensão entre realidade e fantasia. Após o primeiro encontro com a menina que supostamente surgiu da neve, os protagonistas se revezam no papel de cético ou de crente. A autora trilha tanto a senda da fábula moralizante quanto a do conto de sobrevivência realista, desajeitadamente se acomodando em uma espécie de realismo fantástico anglo-saxônico, ao qual falta o exotismo dos seus congêneres latino-americanos, com seus personagens de emoções afloradas e expostas que parecem navegar mais facilmente pelo absurdo do que os sisudos e pragmáticos norte-americanos. Essa dicotomia, no entanto, funciona na maior parte do tempo, ainda que em alguns trechos, talvez pela falta de melhor adaptação na tradução, os sentimentos e reações das personagens parecem não se adequar às situações.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<div style="font-style: normal; margin: 0px;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="font-style: normal; margin: 0px;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ainda que seja baseado em um conto-de-fadas, </span><i style="font-family: verdana, sans-serif;">A menina da neve</i><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> explora um território distante do felizes-para-sempre, e já nas primeiras páginas uma de suas protagonistas tenta abandonar a trama se afogando em um rio gelado. Ela é impedida pela densa camada de gelo superficial e o frio, o inverno e a neve serão a partir daí um elemento importante e ativo no restante da história, seja literalmente ou em todas as suas versões metafóricas e simbólicas, como o silêncio entre um casal, a temperatura de um corpo agonizante ou a frieza necessária para a sobrevivência.</span></div>
<div style="font-style: normal; margin: 0px;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="font-style: normal; margin: 0px;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ivey também insere discussões sobre perda, maternidade, ligações familiares, as escolhas que fazemos nas nossas vidas e a importância do legado que deixamos através dos nossos filhos. Porém, todas essas divagações são rasas, óbvias e muitas vezes de um didatismo incômodo. A narrativa sai-se muito melhor quando concentra-se em sua camada mais mundana e factual, </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">nas dificuldades de sobrevivência na fronteira setentrional dos EUA, na luta das personagens contra a fome, o frio, os animais selvagens e as noites infinitas de inverno. A autora, natural do Alaska, descreve com excelência a fauna, a geografia e o perfil da população que se dispôs a viver em local tão inóspito e extrai disso o maior valor do seu livro.</span></div>
<div style="font-style: normal; margin: 0px;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="font-style: normal; margin: 0px;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A tradução nacional deixa escapar alguns poucos erros de concordância e, de maneira geral, escolhe construções gramaticais que não soam naturais para o português. Esse estranhamento nasce de uma decisão por uma adaptação mais literal e pouco flexível. Parece fruto de um profissional competente de tradução, mas não de um escritor propriamente dito (esse normalmente adiciona sua própria voz ao texto original para, paradoxalmente, garantir mais autenticidade). A própria autora tenta experimentos linguísticos que já parecem artificiais ainda em inglês. Ela tenta criar imagens e estruturas originais que acabam</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"> soando primárias, mais pretensiosas do que artísticas, marcas da inexperiência de uma escritora que ainda está se encontrando. </span></div>
<div style="font-style: normal; margin: 0px;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="margin: 0px;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Os deslizes técnicos, contudo, não diminuem a força de uma boa, ainda que simples e tradicional, história. Um conto fantástico, triste e belo ao mesmo tempo, que ganha mais relevância pela competência na construção do ambiente, tanto físico quanto temporal, <i>A menina da neve</i> deve conseguir arrancar lágrimas de boa parte dos leitores (confesso que fui um deles) e agradar em cheio aos fãs de (melo)dramas históricos e sagas familiares. Se é emoção e uma certa dose de nostalgia por tempos não vividos que o leitor procura, esse é um livro que não deve decepcionar. </span></div>
</div>
</div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-35134872187943637302015-11-06T17:57:00.000-02:002015-12-11T12:27:46.833-02:00007 contra Spectre<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9mPPxd_dgGvcmCJpsyMZiXvml98hQCac4YyyNtrBmPd1GI0X_f_vqXexVxXVXQlWMS-cWPejp2VAULY7V56YSYIZRPv9JWRd5PdiKhElKQL8CfxNCDQIn6liFF4YKySe-gD1CcSpMZHg/s1600/Nota2.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9mPPxd_dgGvcmCJpsyMZiXvml98hQCac4YyyNtrBmPd1GI0X_f_vqXexVxXVXQlWMS-cWPejp2VAULY7V56YSYIZRPv9JWRd5PdiKhElKQL8CfxNCDQIn6liFF4YKySe-gD1CcSpMZHg/s1600/Nota2.JPG" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b> De segunda mão e ultrapassado</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6eyMDDBelGTFgFhfYXpi55tO34m_FMEJGpit28ksKghXzTf0WS7tnNJJbYcpKVsa7c5JY16x693V-_zyGUWxj3aO0p5nqD5lrNQ4FIYSt6I5iQqGeJzXHMWE1Fw7_XHjvCPwWzdMypu0/s1600/Poster+007+Spectre.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6eyMDDBelGTFgFhfYXpi55tO34m_FMEJGpit28ksKghXzTf0WS7tnNJJbYcpKVsa7c5JY16x693V-_zyGUWxj3aO0p5nqD5lrNQ4FIYSt6I5iQqGeJzXHMWE1Fw7_XHjvCPwWzdMypu0/s200/Poster+007+Spectre.jpg" width="135" /></a></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>Direção</b>: Sam Mendes</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>Título Original</b>: Spectre</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>Duração</b>: 148 min</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>Idioma</b>: Inglês</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>Lançamento</b>: Nov/2015</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">As luzes se apagam. Na tela, uma tomada aérea da Cidade do México em pleno dia dos mortos. A câmera encontra o protagonista esgueirando-se por uma multidão de foliões e começa a segui-lo em um plano-sequência sem cortes aparentes que culmina na primeira, e insuspeitadamente a melhor, cena de ação do filme. Uma sequência competente, bem coreografada, ainda que flerte abertamente com a inverossimilhança (uma premissa, no entanto, em filmes da franquia). O espião mais elegante do mundo sai vitorioso, como era de se esperar, e os créditos iniciais invadem a tela acompanhados pelos irritantes falsetes de <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Sam_Smith" target="_blank">Sam Smith</a> para a música-tema <a href="https://www.youtube.com/watch?v=8jzDnsjYv9A" target="_blank">Writing in the wall</a>. </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Segue-se mau gosto e breguice ímpares (a primeira tomada, por exemplo, mostra <a href="http://www.imdb.com/name/nm0185819/?ref_=nv_sr_1" target="_blank">Daniel Craig</a> sem camisa indiferente a duas mulheres que lascivamente o acariciam em meio a chamas). Os primeiros minutos de filme até pareceram auspiciosos, mas a partir dessa abertura <i>kitsch</i> <i>007 contra Spectre</i> entra em uma máquina do tempo para revisitar equivocadamente a história da série.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A era Craig até teve um ótimo início com <a href="http://www.imdb.com/title/tt0381061/" target="_blank">Cassino Royale</a>, uma abordagem renovada e suficientemente original para um gênero exausto, um filme com personagens memoráveis como o sinistro Le Chiffre, o vilão interpretado pelo talentoso e não menos intrigante <a href="http://www.imdb.com/name/nm0586568/?ref_=nv_sr_1" target="_blank">Mads Mikkelsen</a> (<a href="http://www.imdb.com/title/tt2243973/?ref_=nv_sr_1" target="_blank">Hannibal</a>), ou como a Bond Girl sensual e enigmática vivida por <a href="http://www.imdb.com/name/nm1200692/?ref_=nv_sr_3" target="_blank">Eva Green</a>. Depois passou pelo impenetrável e confuso <a href="http://www.imdb.com/title/tt0830515/?ref_=nv_sr_1" target="_blank">Quantum of Solace</a>, um filme do qual poucas pessoas sabem dizer de memória qual era a trama. Enfim, <a href="http://www.imdb.com/name/nm0005222/?ref_=nv_sr_1" target="_blank">Sam Mendes</a> assumiu a direção em <a href="http://www.imdb.com/title/tt1074638/?ref_=nv_sr_1" target="_blank">Skyfall</a> e aprofundou minimamente um protagonista que sempre foi mais um artifício da trama do que uma personagem propriamente dita. Mendes ficou para (supostamente) fechar a passagem de Craig com um filme ambicioso, mas que só consegue repetir todos os clichês mais antiquados do gênero e reciclar cenas e ideias dos filmes anteriores.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Bond vai para cama com as mulheres depois de passar dois minutos com elas e jura amor eterno depois de longuíssimos dois dias juntos. Em uma cena "inédita", Bond é torturado em frente ao vilão, enquanto cospe ameaças que logo se pagarão. E como remexer no passado do herói foi elogiado pela crítica em <i>Skyfall</i>, por que não inventar laços familiares complicados que nunca foram mencionados em mais de cinquenta anos de filmografia? Tudo em Spectre parece reciclado, reutilizado, repaginado. Poder-se-ia falar em "homenagem" a momentos e períodos célebres da série, mas o resultado soa menos como tributo e reverência e mais como pura falta de criatividade e coragem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Talvez a mais incômoda característica de <i>Spectre</i> seja que o filme pretende ser um fechamento que interlace e conclua todos os anteriores, mas executa esse plano da maneira mais preguiçosa possível. Mendes quer tentar nos convencer de que tudo foi arquitetado para construir a apoteose de <i>Spectre,</i> mas, sem qualquer menção em filmes anteriores, a única ligação é que todos os vilões dos filmes anteriores trabalhavam para o vilão de <i>Spectre</i>. Talvez se o vilão ou o interesse romântico do novo filme tivessem dado as caras, mesmo que apenas como referências, nos episódios anteriores, ou se houvesse uma ligação real entre as personagens e não uma criada em poucos minutos de tela, talvez o filme tivesse atingido parcialmente o impacto esperado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Essa falta de vigor narrativo impacta também as atuações. Craig, burocrático, parece estar apenas simulando suas próprias interpretações prévias e não encarnando efetivamente o personagem. </span>Ainda que, em favor do ator, ele faz o que pode com o que lhe reservaram: piadinhas requentadas, cantadas baratas, cenas de ação sem qualquer tensão ou inovação. Ao sempre excelente <a href="http://www.imdb.com/name/nm0910607/?ref_=tt_cl_t2" target="_blank">Christoph Waltz</a> é relegado um vilão cartunesco que parece mais adequado ao paródico <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Austin_Powers" target="_blank">Austin Powers</a> ou a um período mais ingênuo da franquia 007. A própria organização criminosa Spectre estaria mais à vontade em um filme dos <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Vingadores" target="_blank">Vingadores</a> do que em um que se presta a uma vertente mais realística.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Nunca fui fã de James Bond e confesso que só comecei a dar uma chance aos filmes da série no período atual seduzido pela crítica que o classificava como "cerebral", uma visão pós-modernista do personagem, uma revisão da masculinidade e outras subjetividades do tipo. <i>Spectre</i> foge desses progressismos e tenta reintroduzir conceitos ultrapassados e não mais adequados para uma nova audiência. Contudo, para quem não estava satisfeito com o rumo atual da franquia (e provavelmente também não esteja satisfeito com o rumo atual do mundo em geral), ou para quem estava com saudades de tempos mais ingênuos, simplórios e formulaicos, tempos de respostas fáceis e de matizes bem definidas, enfim, para essa audiência, é bem possível que <i>Spectre</i> agrade em cheio.</span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-39692211547816516392015-07-27T00:00:00.001-03:002015-07-27T10:13:05.154-03:00Wayward Pines<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjY8tcOfMh39CQi6908IDJyf27wFaot_omC1pp_mbdbsTagGNESg-d1gzy5g9w5AdZ1KX1DoG2Mw4VJQVlTLgecz39Un1vmxeZMdGzz6p-OhHLlenTqyuAOas9okPZNm2Skb5HpIsCBSY/s1600/Nota2.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjY8tcOfMh39CQi6908IDJyf27wFaot_omC1pp_mbdbsTagGNESg-d1gzy5g9w5AdZ1KX1DoG2Mw4VJQVlTLgecz39Un1vmxeZMdGzz6p-OhHLlenTqyuAOas9okPZNm2Skb5HpIsCBSY/s1600/Nota2.JPG" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Shyamal... Quem?</b></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-inpvwAKpJ6OZyXdg3XDPEHU_-iJ39xWESwyN3oeBMsjfjJ7M93SGb5-i3rLmhoZ9iPfK9OLZ-1puOniwRO0cbpjERtMhSq4e9O59ndg6LMU6rlHeSI953pP3K53PvAA3LoCo95-ebnc/s1600/Poster+Wayward+Pines.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-inpvwAKpJ6OZyXdg3XDPEHU_-iJ39xWESwyN3oeBMsjfjJ7M93SGb5-i3rLmhoZ9iPfK9OLZ-1puOniwRO0cbpjERtMhSq4e9O59ndg6LMU6rlHeSI953pP3K53PvAA3LoCo95-ebnc/s200/Poster+Wayward+Pines.jpg" width="134" /></a></div>
<b style="font-family: Verdana, sans-serif;">Temporadas</b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">: 1</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Episódios</b>: 10</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Situação</b>: Concluída</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Emissora</b>: Fox</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Showrunner</b>: Chad Hodge (M. Night Shyamalan como produtor-executivo)</span><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Imagine um giroflex com sua intensa luz vermelha girando na escuridão acompanhada de uma insistente sirene zunindo irritantemente e impedindo que você consiga pensar em qualquer outra coisa. Com essa imagem quero deixar dois alertas para você: passe longe de <i>Wayward Pines</i> e, caso vá ignorar o primeiro aviso, saiba que os próximos parágrafos vão estar repletos de <i>spoilers</i>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Vendida como "</span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;"><a href="http://www.imdb.com/title/tt0098936/" target="_blank">Twin Peaks</a></i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> encontra </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;"><a href="http://criticaemserie.blogspot.com.br/2010/06/final.html" target="_blank">Lost</a></i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">" e ostentando a "grife" <a href="http://www.imdb.com/name/nm0796117/?ref_=nv_sr_1" target="_blank">M. Night Shyamalan</a> (<i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0167404/" target="_blank">Sexto Sentido</a></i> e... Outros filmes ruins), </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Wayward Pines</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> deveria pagar penitência (<i><a href="https://www.youtube.com/watch?v=zuiiGTg0l6g" target="_blank">Shame</a>!</i> <i><a href="https://www.youtube.com/watch?v=zuiiGTg0l6g" target="_blank">Shame</a>!</i>) por sequer ousar comparar-se a esses marcos da televisão norte-americana. Há muito pouco da atmosfera fantástica e bizarramente familiar do show de <a href="http://www.imdb.com/name/nm0000186/?ref_=nv_sr_1" target="_blank">David Lynch</a> e menos ainda da estrutura narrativa inovadora ou da construção eficiente de mistérios da série de <a href="http://www.imdb.com/name/nm0009190/" target="_blank">J.J. Abrams</a> e <a href="http://www.imdb.com/name/nm0511541/?ref_=nv_sr_1" target="_blank">Damon Lindelof</a>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Wayward Pines</i> é amaldiçoado por diversos problemas, mas a escalação de <a href="http://www.imdb.com/name/nm0000369/?ref_=nv_sr_1" target="_blank">Matt Dillon</a> como protagonista, um ator que </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">consegue declamar a frase "Você quase matou meu filho!" com a mesma entonação que ele diria "</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Adoro sorvete de pistache", talvez seja o mais evidente. Seu discurso é monotônico e carregado de uma empostação ridícula e seu rosto alcança no máximo umas duas ou três variações de expressões, sendo que o ator sempre escolhe a menos adequada para cada momento. Outros programas conseguiram se safar tendo canastrões como protagonistas (<i><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Prison_Break" target="_blank">Prison Break</a> </i>vem logo à mente), mas só conseguiam faze-lo por conta de um roteiro bem estruturado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A trama de <i>Wayward Pines</i> nasce de uma premissa interessante e com algum potencial, mas que é mal utilizada, focando nos ângulos incorretos e apressada por uma necessidade inexplicável de construir "viradas" a cada quadro (Shame! Shame! Shyamalan...). A construção dos principais dramas pessoais é rasteira e clichê, as resoluções dos conflitos são desencontradas e anti-climáticas, os acontecimentos mais expressivos não tem consequências à altura, pois o enredo quer partir imediata e rapidamente para a próximo momento "A-há!".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O programa, que visivelmente estrutura-se para ser um mistério, consegue abusar constantemente do pior inimigo do gênero: a exposição. Tudo é explicado da maneira mais literal possível. Não há espaço para ambiguidade e para que os expectadores confabulem acerca de suas próprias teorias. Uma decisão de direção tão errada que, a maior revelação chega na primeira metade de episódios, sem deixar qualquer espaço para dúvidas e simplesmente torna irrelevante tudo o que vem depois dela.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A enfermeira Pam, interpretada pela veterana, <a href="http://www.imdb.com/name/nm0502425/" target="_blank">Melissa Leo</a>, é a personificação dessa bola de neve expositiva que desce das montanhas geladas de Wayward Pines para atropelar o espectador desavisado. Assim que conhecemos Pam, ela mostra-se um mix de sadismo e reticente loucura que rouba todas as cenas (ainda que, dividindo a tela com Dillon, isso seja o equivalente ao proverbial roubar doce de crianças). A partir da revelação principal, ela vai veloz e inexplicavelmente tornando-se uma personagem amorfa e insossa até que (pobre Melissa) termina espremida dentro de um ridículo colante prateado tentando dar dramaticidade a uma cena que já está longe de qualquer salvação. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ao invés de trabalhar as questões existenciais e sociológicas que o seu cenário engendraria, <a href="http://www.imdb.com/name/nm1209925/?ref_=fn_al_nm_1" target="_blank">Chad Hodge</a>, o <i>showrunner</i>, prefere focar seus esforços na ação, em dramalhões rasos e mal construído, em proto-romances desnecessários e numa discussão sobre o autoritarismo conduzida sem qualquer sutileza. Nas mãos de bons diretores e roteiristas, a premissa de <i>Wayward Pines</i> poderia render muito mais mistério, tensão e arrebatamento.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Inclusive não é preciso forçar a imaginação para constatar o que a série poderia ter sido, pois os primeiros episódios apresentavam alguns bons indícios da direção correta. Neles, </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">você tinha a participação de ótimos atores e atrizes que realmente captaram o espírito - <a href="http://www.imdb.com/name/nm0005024/" target="_blank">Terrence Howard</a> (<a href="http://www.imdb.com/title/tt0371746/?ref_=nm_knf_t1" target="_blank">Homem de Ferro</a>, <a href="http://www.imdb.com/title/tt0375679/?ref_=nv_sr_2" target="_blank">Crash</a>) que fez um xerife maníaco e simpaticamente aterrorizante e <a href="http://www.imdb.com/name/nm0000496/?ref_=nv_sr_1" target="_blank">Juliette Lewis</a> (<a href="http://www.imdb.com/title/tt0110632/?ref_=nm_knf_t1" target="_blank">Assassinos por Natureza</a>) que fez, bem, mais uma versão de Juliette Lewis, ou seja, alguém de quem você nunca sabe onde acaba a dissimulação e começa a loucura, são ótimos, porém não os únicos exemplos. Nos poucos episódios em que eles aparecem, o enredo foca em construir narrativas possíveis, expandir cenários, criar atmosfera e não muito depois que eles deixam o elenco, a história entra numa espiral auto-destrutiva sem muitas explicações.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como M. Night Shyamalan ainda consegue financiamento para os seus projetos depois de anos de fracassos é o mistério mais intrigante que você vai encontrar em <i>Wayward Pines</i>. Diferente de todos os outros que são explicados em detalhes não solicitados, esse ainda vai ficar em aberto. Suspeito que não seja a última vez que ouvimos o nome que ninguém sabe pronunciar, mas espero que nenhum executivo da Fox aprove uma segunda temporada para essa série (Shyamalan já deu entrevistas falando que têm "boas ideias" para uma continuação). Eu já cumpri mais do que meu dever ao me arrastar até o final dessa primeira empreitada e não contem comigo para fazer o mesmo num possível retorno dessa bagunça. Vai ter quem goste, com certeza, mas como dizem por aí, opinião é como... bicicleta e cada um tem a sua.</span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-64846176108151017932015-07-24T00:00:00.001-03:002015-07-24T11:56:52.460-03:00O oceano no fim do caminho - Neil Gaiman<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOCaAsslm4HgWcONR2L84x7YpQPjurrDE4LCmNLS8Pi0aH3z_W1guV58NnijtdIMdAPumDc5i5-bfnQKSKO08df0HQmP4WtP8eaHP4WTrBRFsq1YBfKlycpuDRlkEOAoBaHYL3_HZ2mdI/s1600/nota5.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOCaAsslm4HgWcONR2L84x7YpQPjurrDE4LCmNLS8Pi0aH3z_W1guV58NnijtdIMdAPumDc5i5-bfnQKSKO08df0HQmP4WtP8eaHP4WTrBRFsq1YBfKlycpuDRlkEOAoBaHYL3_HZ2mdI/s1600/nota5.JPG" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Em busca de um tempo nada perdido</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3jtuP-yR8kvmQPlU_tCvzUKe9B2jaDBXnGMSTLdqoOxfz_sZfm4TdYgX3ooLage-PIUQnRt1B285ieWXSJs9daEKC9wM8nn7eRX123AalRoKlEAPybYbMNXokudd29ALUwf-GCZ1IQoQ/s1600/Capa+O+oceano+no+fim+do+caminho.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3jtuP-yR8kvmQPlU_tCvzUKe9B2jaDBXnGMSTLdqoOxfz_sZfm4TdYgX3ooLage-PIUQnRt1B285ieWXSJs9daEKC9wM8nn7eRX123AalRoKlEAPybYbMNXokudd29ALUwf-GCZ1IQoQ/s200/Capa+O+oceano+no+fim+do+caminho.jpg" width="133" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Por conta de resenhas e críticas que havia lido há tempos, comecei a ler o novo livro de Neil Gaiman, <i>O oceano no fim do caminho,</i> esperando algo mais calcado na realidade (não sei onde estava com a cabeça) e autobiográfico. Enfim, um livro que fugisse um pouco dos padrões de literatura fantástica do autor. Enganei-me fantasticamente. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Gaiman não só está no seu universo, mas confortável e apaixonadamente entregue ao que ele faz de melhor. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Recentemente, meu romance com os produtos da mente desse britânico andava um tanto quanto fatigado porque resolvi acompanhar o cara nas redes sociais e descobri que o ser humano Gaiman é muito menos interessante (e consideravelmente mais babaca) do que a sua obra. Além disso, <a href="http://criticaemserie.blogspot.com.br/2013/04/coisas-frageis-neil-gaiman.html" target="_blank">Coisas Frágeis</a>, o último livro que tinha lido dele é, quando muito, curioso e, na maior parte do tempo, apenas mais do mesmo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>O oceano no fim do caminho, </i>no entanto<i>,</i> reacendeu a fagulha desse amor literário. O livro é inegavelmente um produto da marca Gaiman, porém um exemplar do que ele consegue produzir de mais refinado. Uma história em que se consegue ouvir sua voz claramente e perceber a paixão que foi colocada naquelas linhas. Além de ser um </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">trabalho de edição fenomenal, pois a trama foi visivelmente burilada até deixar somente o essencial para contar a hi</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">stória e cativar o leitor a maior parte do tempo.</span></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Acompanhamos as peripécias de um garoto de sete anos sendo narradas por um homem de meia idade que, pelo contexto, parece ser um alter-ego de Gaiman relembrando a infância. O suicídio de um personagem dá início à trama principal, aparentemente libertando um mal desconhecido. Desconhecido para o protagonista, mas não para as místicas e poderosas mulheres do clã Hempstock, que já sabem de sua existência desde tempos imemoriais. De forma peculiar, o protagonista acaba servindo mais como uma âncora para o expectador maravilhar-se com essas intrigantes personagens femininas, a quem pertence efetivamente o foco da narrativa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A linha entre a imaginação e o factual é muito tênue e é ultrapassada o tempo todo. Em um dos momentos mais tensos do livro, você tem certeza de que a ação é "real", mas a motivação pode vir tanto de algo fantasioso, como de algo muito mais bruto e cruel. Como em </span><a href="http://criticaemserie.blogspot.com.br/2013/03/as-aventuras-de-pi.html" style="font-family: Verdana, sans-serif;" target="_blank">As aventuras de Pi</a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">, talvez a fantasia seja algo muito mais palatável do que a realidade, ou talvez a fantasia seja a realidade se assim lhe parece. Depende também de nós leitores e daquilo em que escolhemos acreditar, sendo que o enredo faz uso constante não só dessa ambiguidade, mas de muita simbologia.</span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os símbolos parecem ao mesmo tempo serem óbvios e impossíveis de serem captados: seriam as Hempstock uma alusão a Santíssima Trindade? O oceano é uma imagem para o berço da vida ou simplesmente uma metáfora para o conhecimento e para o amadurecimento? A linguagem ancestral seria a palavra de Deus ou simplesmente uma alegoria para reforçar o poder do mito e das histórias? Em alguns momentos, as referências deixam de ser metáforas para quase simples e cruas comparações, e ainda assim é muito difícil agarrá-las com firmeza e certificar-se de seus significados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mantendo um de seus principais tiques narrativos, os personagens de Gaiman estão sempre envolvidos nas situações mais irreais possíveis e ainda assim eles se mantém reais. Você vê que eles não estão sendo levados pela história, mas que realmente a estão vivendo. Mesmo a naturalidade com que o protagonista de </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Oceano</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> enfrenta determinadas situações fantásticas, parece mais verdadeira do que uma reação "apropriada" permitiria. É muito bem estabelecido que estamos falando não só de uma criança de sete anos, mas de uma com uma imaginação muito fértil, irrigada por leitura ininterrupta e por uma absoluta paixão por mitos e lendas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>O oceano no fim do caminho</i> é um livro curto e rápido de ler, mas que remexe no nosso baú da infância e nos faz lembrar que a criança que fomos vai estar sempre dentro de nós e que aquilo que nos dava força há anos, estará sempre lá para nos mover mesmo em nossos momentos mais difíceis e desafiadores. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O livro não puxa você para o mundo dele, mas sim te empurra para dentro de si mesmo. Mais próximo do final, a vontade de chorar era quase irrepreensível e tenho consciência de as lágrimas vieram não pelos eventos que se desenrolavam no mundo de </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">O</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">oceano</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">, mas pelas memórias e experiências que elas evocavam em mim mesmo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Contudo, nem tudo funciona no livro e uma análise fria e técnica o colocaria na categoria "ótimo", para alguns leitores apenas "bom", e não "excelente/obra-prima" como escolhi classifica-lo. Ele, no entanto, conseguiu, especificamente comigo, transcender a relação de entretenimento puro e simples, para algo muito mais íntimo e seria uma injustiça avaliá-lo apenas pelos critérios técnicos. Aqueles leitores que se permitem enxergar o mundo não só com os olhos, mas também com a imaginação, provavelmente concordarão comigo. </span></div>
<div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E você pode até esperar o filme (que segundo o IMDB já está em desenvolvimento e provavelmente será uma coleção de cenas oníricas fantásticas), mas para alimentar a criança que se escondeu dentro de você, bata a poeira que assentou-se sobre sua fantasia e deixe ela correr livre por alguma horas com as Hempstock. Você em algum momento vai se lembrar que já mergulhou no oceano no fim do caminho e que ele continua lá esperando sempre que dele precisar.</span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-71086302601318061472015-07-23T00:00:00.000-03:002015-07-23T12:06:35.152-03:00Limbo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0GeTwkKvuGlbQkbT9KkXWaHzbwL_aJohNwWQmZvuDlPDHAthGmIbQmKyKkn9ynNFdVHNd_dWmZ0iT7ZJWMofMv14GEGwgW1FStYzHApM6gT0tVojBiT4OlWtxjOm8id4e0Z7p92iuWEo/s1600/Nota4.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0GeTwkKvuGlbQkbT9KkXWaHzbwL_aJohNwWQmZvuDlPDHAthGmIbQmKyKkn9ynNFdVHNd_dWmZ0iT7ZJWMofMv14GEGwgW1FStYzHApM6gT0tVojBiT4OlWtxjOm8id4e0Z7p92iuWEo/s1600/Nota4.JPG" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Tétrico, lúgubre e sublime</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWjkTdyVgdAogtxIwE9yzs0V1atDAL6ukmMzTQPdWYhyNKDqFI3OUbPjkDsASpAJN5f_n48tY3rxkuVhquEiMfHiaf_NZYqALT9XcLqvthCEWf5saEMkK5UwfF53nIjACY8B5XpYXMHDo/s1600/Poster+Limbo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWjkTdyVgdAogtxIwE9yzs0V1atDAL6ukmMzTQPdWYhyNKDqFI3OUbPjkDsASpAJN5f_n48tY3rxkuVhquEiMfHiaf_NZYqALT9XcLqvthCEWf5saEMkK5UwfF53nIjACY8B5XpYXMHDo/s200/Poster+Limbo.jpg" width="141" /></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Desenvolvedor</b>: Playdead</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Plataforma</b>: PC, Mac, Linux, PS3, PS4, PS Vita, Xbox One e 360, Android e iOS</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Itens de série</b>: Atmosfera. Atmosfera. Atmosfera.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Defeitos de fábrica</b>: Andamento desigual, início muito mais forte que o final</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Essa é uma daquelas críticas em que por mais que se esforce, talvez não haja muito de novo a trazer pra discussão. <i>Limbo</i> faz parte de um grupo de jogos que caracteriza o início da era de ouro para os desenvolvedores independentes, junto com <i><a href="http://criticaemserie.blogspot.com.br/2012/12/braid.html" target="_blank">Braid</a></i>, <i>Fez</i>, <i>Super Meat Boy</i>, <i>Journey</i> etc. Jogos que tiraram a indústria das páginas especializadas e apresentaram ao público geral algo que não fosse <i>Mario</i>, <i>Street Fighter</i>, <i>GTA</i>, <i>Call of Duty</i> e congêneres. Muito já se falou e se analisou sobre ele, mas sinto-me na obrigação de tentar acrescentar algo e garantir que ele tenha um merecido espaço no acervo do <i>Crítica em Série</i>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em <i>Limbo</i>, você controla um garotinho preso em um mundo preto e branco em que a morte está à espreita a cada tela. Não há muitas informações sobre o porque de você estar nesse lugar (além do sugestivo título do jogo), tampouco qual seria seu objetivo. Apesar dessa confusão inicial, o ambiente, o som, o layout e a arte se unem para criar uma sensação de urgência: ficar parado não é certamente a solução. Você n</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">ão está em um lugar agradável e sair dele já é objetivo suficiente para qualquer pessoa. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nesse mundo de silhuetas, sua imaginação é a ferramenta para entender o que há por trás delas, e cada pessoa traz seus próprios medos para mesa, tornando </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Limbo</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> uma experiência aterrorizantemente única para cada um. Quem é esse garoto? O que são essas criaturas? Porque há corpos de outras crianças ao longo do caminho? Quem são esses outros fedelhos que parecem ter saído direto das páginas de </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Senhor_das_Moscas" target="_blank">O Senhor das Moscas</a></i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A história aqui, como preferencialmente deveria acontecer nessa mídia, é contada através da atmosfera e da própria mecânica do jogo: as maneiras como você morre, as atitudes de outros humanos em relação a você, a forma ameaçadora como o ambiente te persegue, tudo subjetivamente abre espaço para que uma narrativa se forme em sua mente. Os quebra-cabeças não estão lá simplesmente para ser resolvidos, boa parte deles também acrescentam à sensação de como esse mundo foi pensado para fazer com que você e outros sofressem e alimenta ainda mais de detalhes seu universo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como em alguns dos meus jogos preferidos, os da série </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Souls</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> (</span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Demon's</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> e </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Dark</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">), há pouquíssima música, o que paradoxalmente cria uma abundância atmosférica. O silêncio amplifica os sons do ambiente, muitos deles necessários para a resolução de quebra-cabeças. Um clique pode ser a deixa para que você se esquive de uma armadilha. Sons de animais se aproximando indicam que talvez seja a hora de procurar um lugar seguro para se esconder.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não há texto, não há diálogo, não há tutorial, não há nem ao menos qualquer tipo de interface com o usuário (<a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/HUD_(jogo_eletr%C3%B4nico)" target="_blank">HUD</a>), apenas o visual tétrico da floresta, das cavernas e de outros ambientes que você irá encontrar. Um jogo para iniciados que entendam minimamente a mecânica de um <i>adventure</i>. O repertório de possibilidades inclui as tradicionais alavancas, empurrar objetos para usa-los como plataforma para alcançar lugares mais altos, balançar em cordas e cipós, esse tipo de coisa. Há apenas dois botões disponíveis: Pulo e Ação, sendo que esse segundo age de diferentes maneiras dependendo do contexto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A melhor forma de aprender as soluções para os quebra-cabeças é morrer. Ainda que seja horrível ver a sombra de um garotinho ser decapitada, alvejada, empalada ou esmagada, a penalidade por deixa-lo sofrer é mínima. O jogo reinicia segundos antes do momento da morte para que você tente uma nova tática. A maioria dos desafios exige apenas um pouco de atenção ao cenário e rapidamente são elucidados. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">São poucas as circunstâncias em que exige-se mais da coordenação olhos-mãos do que da dedução e do raciocínio. O importante é entender a mecânica das armadilhas e dos mecanismos e não tanto acertar exatamente o momento em que um botão deve ser apertado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Acredito que o terço final do jogo seja um pouco menos interessante do que o restante. Os quebra-cabeças começam a exigir mais precisão que inteligência e o ambiente é menos ameaçador do que no início. <i>Limbo</i> pode inclusive ser bastante frustrante nesses momentos finais, nos quais a solução para determinados problemas é cristalinamente óbvia, mas sua execução depende de uma sequência de acertos numa cadeia de ações que precisam ser executadas com perfeição. É um jogo relativamente curto de duas a três horas que só se estende quando um dos momentos descritos anteriormente faz com que você fique mais tempo do que gostaria neles.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Apesar de algumas poucas escolhas equivocadas de design, <i>Limbo</i> é daquelas experiências que ficam marcada na sua memória. Ele consegue facilmente distinguir-se de outros jogos que você já tenha jogado, especialmente pelo estilo artístico e pelo som (ou pela falta dele). Enquanto os milhões de <i>Call of Dutys</i> e suas cópias são esquecidos assim que você desliga o console ou o computador, <i>Limbo</i> permanece como um parasita em sua mente, um lembrete do pesadelo de uma outra pessoa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Limbo custa R$20,99 na Playstation Store e R$16,50 no Steam (quase sempre está em promoção). </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mais informações técnicas sobre o jogo na sua página na </span><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Limbo_(jogo_eletr%C3%B4nico)" style="font-family: Verdana, sans-serif;" target="_blank">Wikipedia </a><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">ou na </span><a href="http://playdead.com/limbo/" style="font-family: Verdana, sans-serif;" target="_blank">página oficial</a> <span style="font-family: Verdana, sans-serif;">no site da </span><a href="http://playdead.com/" style="font-family: Verdana, sans-serif;" target="_blank">PlayDead</a></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-13207422792137456052015-07-21T00:00:00.001-03:002017-12-20T00:56:47.315-02:00Corrente do Mal<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiXcCkcblLP-wwrsRk0uk6cHn9f78C2p-StUVFDtXZdgPjfrGMMZylwkSpUZz4lM4jBObjUCNto07V1NjBraGXxv8uu8VHopvsqUUrNJD5HYQyF0GHYqX458CxKLJBuiOZ-3eiSfn572M/s1600/Nota4.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiXcCkcblLP-wwrsRk0uk6cHn9f78C2p-StUVFDtXZdgPjfrGMMZylwkSpUZz4lM4jBObjUCNto07V1NjBraGXxv8uu8VHopvsqUUrNJD5HYQyF0GHYqX458CxKLJBuiOZ-3eiSfn572M/s1600/Nota4.JPG" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Perseguidos pela inevitabilidade</span></b></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJG2zpCqSMlQje2SFOsxusBBEwtMh8uAaM2oj17uSpHrk2J4PzgZLSPviD0d0eGxvuM1rYlfyNOcOQkjymnrEg_NBBt92GE8iLvn1yZFg_4Xw_nppiASbDVAWZNk2EE8fEc2Zh-LbGFDo/s1600/Poster+Corrente+do+Mal.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJG2zpCqSMlQje2SFOsxusBBEwtMh8uAaM2oj17uSpHrk2J4PzgZLSPviD0d0eGxvuM1rYlfyNOcOQkjymnrEg_NBBt92GE8iLvn1yZFg_4Xw_nppiASbDVAWZNk2EE8fEc2Zh-LbGFDo/s200/Poster+Corrente+do+Mal.jpg" width="140" /></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>Direção</b>: David Robert Mitchell</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>Título Original</b>: It Follows</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>Duração</b>: 100 min</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>Idioma</b>: Inglês</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><b>Lançamento</b>: Jul/2015</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">As expectativas eram altas para <i>Corrente do Mal:</i> recomendações positivas de amigos sabidos, aquele <i>hype</i> suspeito da crítica, material promocional intrigante e tudo o mais. E expectativas são a ruína de qualquer cinéfilo: elas raramente contribuem para o aperfeiçoamento da experiência. Por causa delas, ao final da sessão, frustrei-me. Não porque não fosse um bom filme, mas porque estava longe de ser a obra-prima que vendiam. No entanto, ao longo do dia seguinte e enquanto escrevia essa resenha, algo me seguia, cada vez mais próximo, mais ameaçador, e com os mais diferentes aspectos. Percebi que, enfim, me tornara mais um elo naquela corrente...</span></div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma das razões para a frustração inicial é que tudo relacionado a <i>Corrente do Mal</i> apontava para uma história de terror, gênero ao qual ele inegavelmente pertence, mas não o que o mais caracteriza. <i>Corrente do Mal</i> é antes um filme de formação que um <i>slasher</i> adolescente. E o mesmo vale para outro <i>hypado</i> com tantas similaridades que sujeita <i>Corrente</i> a inevitáveis comparações: o sueco <a href="http://criticaemserie.blogspot.com.br/2010/06/deixa-ela-entrar.html"><i>Deixe ela entrar</i></a>. Ambos iluminam a crise existencial daquele período insano entre a inocência da infância e as responsabilidades da vida adulta; ambos rastejam por pretensiosas, lentas e entediantes cenas, e ambos são geniais. Chatos... mas geniais...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Corrente do Mal</i> conta de uma garota que transa com um aleatório e passa a ser perseguida pela "entidade". Para que se livre do assédio sobrenatural, ela precisa transar a "entidade" para frente. Uma espécie de "comigo-não-tá" erótico. Simples assim. Estúpido assim. Insuspeitadamente inteligente assim. É preciso deixar os símbolos e alegorias aos poucos sedimentarem em interpretações. E algumas delas podem até dar sentido ao festival de ambiguidades do diretor <a href="http://www.imdb.com/name/nm1379002/" target="_blank">David Robert Mitchell</a>. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mitchell é um quase-estreante esforçado que já assimilou truques de cineastas muito mais experientes que ele. Aprendeu, por exemplo, que uma câmera teimosamente parada tensiona e inquieta; ou que os elementos em segundo plano podem contar mais da história do que a ação no primeiro; que cada ruído, objeto, ângulo de câmera precisa adicionar ao contexto e subtexto do filme.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Subtexto esse que deixa eventualmente de ser sub para ser apenas texto de tão reforçado que é em todos os instantes: crianças brincam de pega-pega, os adolescentes jogam burro e o casal na fila do cinema brinca de "quem você seria" em alusões a mecânica da corrente; a água abunda em piscinas, em lagos ou na chuva remetendo ao desejo sexual; as decadentes e onipresentes casas e fábricas abandonadas de Detroit denunciam a natureza da "entidade"; a ausência de adultos na tela remete ao distanciamento e isolamento dos adolescentes que acompanham o amadurecimento sexual. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Essas analogias e símbolos alimentam variadas interpretações para <i>Corrente do Mal</i><i>. </i>Pode-se argumentar que o filme seria uma alegoria para a maturidade e o abandono de noções infantis de imortalidade. A entidade representaria a lenta aproximação da morte. Certamente não sem propósito, ela manifesta-se como pessoas mais velhas, decadentes, nuas, vulneráveis ou simplesmente já falecidas. Lembretes insistentes da nossa inescapável senescência. O sexo ao mesmo tempo traria essa percepção da brevidade e seria o meio para afastá-la. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em outra perspectiva, a entidade representaria a perda das certezas da infância e a necessidade de buscar constantemente por respostas para perguntas que você mal sabe quais são. O sexo alivia a angústia temporariamente (e afasta a entidade), mas é só questão de tempo até voltarem a assombrar. A corrente poderia ser também o remorso do pós-transa, a culpa católica pelo sexo pré-casamento e um punhado de outros significados.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O filme, enfim, dá um caráter ancestral aos questionamentos sexuais típicos da adolescência. Da "corrente", não se sabe como começou ou a razão de sua existência, e podemos assumir que é tão antiga quanto a humanidade e todos em algum momento nos tornamos parte dela. A aflição e o desespero das personagens reverbera em emoções e sentimentos facilmente reconhecíveis pela maioria das pessoas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Esse efeito de familiaridade e universalidade é amplificado com competência na concepção visual da direção de arte. Máquinas de escrever, carros antiquados e jaquetas jeans dividem a tela com celulares avançados numa esquizofrenia anacrônica que tornam impossível definir exatamente em que década o filme se passa e conferem a ele atemporalidade. As locações nos subúrbios estéreis, vazios e amorfos de Detroit com ruas de horizontes a perder de vista também deixam mais densa a atmosfera de imprecisão e indistinção. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O filme, contudo, não é isento de problemas e tem até uma cota considerável deles. Entre esses, por exemplo, cenas irrelevantes com adolescentes apáticos engajados em diálogos despropositadamente truncados e banais que não avançam o enredo. Ou uma personagem cuja única função é citar Dostoiévski (cita-lo uma vez já é indicativo perigoso de pretensão e várias vezes é um atestado de desespero para ser visto como "arte") e tais citações só servem para pontuar analogias que você poderia ter inferido pelo contexto. Por fim, a exígua trilha sonora é composta de ruídos irritantes arrancados de um teclado oitentista e por mais que remeta à tal "atemporalidade", simplesmente não funciona. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não espere sustos e não espere horror, ainda que haja bons momentos do gênero. <i>Corrente do Mal</i> é muito mais arte e introspecção, ainda que, por vezes, pretensiosa e óbvia. Uma pérola sem polimento ou polida demais a depender do ponto de vista, mas ainda assim uma pérola em um gênero que não produz muitas. A intenção de <i>Corrente do Mal</i> não é te assustar, e sim te perseguir até que você passe-o à frente. Está com você agora.</div>
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-6399787096616376522015-07-14T00:00:00.003-03:002015-07-14T19:06:39.741-03:00Coerência<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhn3RtPfmbRf2i6cELQ3fPQmH0TVLdzpWrjkDQgFx3hX46NgCvmI7H2RRYfOHjNumpWA5Y8-LEQDwEtT8HkcehcF0rmtdh9jozgPoBa0LvBF5Qz0fmx8vdgsvJly1E3_mTpoBSvsMeTF4/s1600/Nota4.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhn3RtPfmbRf2i6cELQ3fPQmH0TVLdzpWrjkDQgFx3hX46NgCvmI7H2RRYfOHjNumpWA5Y8-LEQDwEtT8HkcehcF0rmtdh9jozgPoBa0LvBF5Qz0fmx8vdgsvJly1E3_mTpoBSvsMeTF4/s1600/Nota4.JPG" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>A coerência e a subjetividade </b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLoG6zogS4xrbPLjLjY89bEDihEWqDLw-hwJsBfcyzL7EMliY2faJKBVM6wt74iOamNUDgsn4b-1L2W-rFO7WsAWHl40HcfPztcc7nOJkwEyLvHTsFeIUkonIkb_EFUw4YxlUN85-A3i0/s1600/Poster+Coherence.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLoG6zogS4xrbPLjLjY89bEDihEWqDLw-hwJsBfcyzL7EMliY2faJKBVM6wt74iOamNUDgsn4b-1L2W-rFO7WsAWHl40HcfPztcc7nOJkwEyLvHTsFeIUkonIkb_EFUw4YxlUN85-A3i0/s200/Poster+Coherence.jpg" width="135" /></span></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Direção</b>: James Ward Byrkit</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Título Original</b>: Coherence</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Duração</b>: 89 min</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Idioma</b>: Inglês</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Lançamento</b>: Ago/2014</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Há pouquíssimo tempo comentei sobre os filmes estilo <i><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Mindfuck" target="_blank">Mindfucker</a></i> ao escrever sobre a série <i><a href="http://www.criticaemserie.blogspot.com.br/2015/06/black-mirror.html" target="_blank">Black Mirror</a>, </i>o que resultou numa indicação amiga de um ótimo exemplar do gênero. E ontem, enfim, fui intrigado e entretido pelo recente e pouco conhecido <i>Coerência</i> (<i>Coherence</i> no original - sem título em português, tradução livre e absolutamente literal de minha parte).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Vou me abster de falar sobre quaisquer detalhes do roteiro para não diminuir em nada o prazer de quem vier a assistir o filme. Em relação a outros quesitos técnicos, basta dizer que são bastante adequados: atuações sem destaque, mas efetivas; trilha sonora por vezes equivocada, mas inofensiva; edição truncada em um ponto ou outro, mas em linha com a proposta; cinematografia escura e opção pela câmera tremida para esconder limitações, mas que, mais uma vez, não impedem em nada a apreciação da história.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Coerência</i> é essencialmente diálogo e enredo, ambos absolutamente "coerentes" e bem trabalhados. O filme cai no didatismo em pouquíssimas instâncias, ainda que em algumas delas de maneira artificiosa e afetada, mas não chega nem perto de ser reiteradamente ofensivo como, por exemplo, <a href="http://criticaemserie.blogspot.com.br/2012/11/triangulo-do-medo.html" target="_blank">Triângulo do Medo</a>. Expõe seus mecanismos básicos sem muita sutileza, mas deixa que a trama guie o filme e não que seus artifícios ou princípios o façam.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como quanto menos se falar desse filme tanto melhor e como há ainda muitas linhas a preencher nesse espaço, dar-me-ei a liberdade de divagar sobre o processo da crítica em si. H</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">á filmes aos quais assisto que entram na fila para ser resenhados e lá ficam por um período não determinado. Alguns estão na espera há pelo menos uns cinco anos e provavelmente nunca chegarão ao blog. Outros, como esse, não esquentam o banco sequer um dia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Alguns filmes exigem bastante pesquisa, leitura de várias outras resenhas e estudo do assunto sobre os quais eles tratam, sendo que o texto final acaba ficando longe de ser uma opinião pessoal, ainda que reflita perfeitamente a minha avaliação do filme. Outros, como esse, sequer chegam a ser analisados e as críticas sobre eles não passam de uma recomendação positiva ou negativa. Ou são devidamente avaliados exatamente pelo que acredito que sejam, independente do entendimento de outras pessoas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A verdade é que alguns filmes simplesmente não geram uma reação emocional tão forte quanto outros, não importa o quão excelente sejam (os ordinários e sofríveis, no entanto, nunca passam incólumes). Por mais que durante a análise ou a crítica a subjetividade seja suprimida, ela sub-repticiamente marca presença ao ser a força motriz da seleção não só de sobre o que escrever, mas muitas vezes do que você vai ou não assistir, ler ou jogar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Coerência</i> é um bom exemplo da subjetividade em ação. É daqueles filmes que, longe de serem obras-primas, conseguem fazer aflorar a curiosidade e o interesse. Exigiu minha atenção e conseguiu mante-la, e impediu até certo ponto que eu ficasse me perguntando o tempo todo se estava gostando ou não do que estava vendo, se os diálogos estavam sendo bem aproveitados, se as atuações estavam prejudicando a credibilidade da história etc. Mal entrou na fila de espera para ser assistido e rapidamente está sendo resenhado (recomendado talvez seja a melhor palavra).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Terminada a sessão aqui em casa, o filme continuou marcando presença, primeiramente na forma de uma discussão sobre seus pontos mais obscuros, validação dos entendimentos diferentes de cada um dos expectadores e uma avaliação crítica conjunta sobre o desfecho. Posteriormente</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">, a mecânica central inspirou outros debates não relacionados diretamente ao enredo. Um bate-papo conceitual que deu origem a outras teorias e possíveis histórias. No meu caso particular, é difícil não gostar de um filme que enseje essas reações e acredito que para uma grande parte dos meus amigos também o seja, então que fique a dica!<br /><br />PS: Não consegui me lembrar de quem foi que me indicou o filme. Então deixo aqui meu agradecimento genérico a todos meus tradicionais companheiros cinéfilos até que haja alguma reivindicação de autoria da sugestão. :-)</span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-8154918507409873782015-06-24T06:00:00.000-03:002015-06-24T06:00:05.529-03:00Don't Starve<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiChczFepLbiQBrLxY3_dTxNvkbIuHWfCYjGBHLwHRpyKXtj5SbjndiyuKsT3M4pv4sKH9PY4oquTzdjCJ9vbFzv7tYjugU2-rpUSatt9AEYluADLn7hVKsTTrEmA5Tq0UGDVJ09USJO3g/s1600/Nota3.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiChczFepLbiQBrLxY3_dTxNvkbIuHWfCYjGBHLwHRpyKXtj5SbjndiyuKsT3M4pv4sKH9PY4oquTzdjCJ9vbFzv7tYjugU2-rpUSatt9AEYluADLn7hVKsTTrEmA5Tq0UGDVJ09USJO3g/s1600/Nota3.JPG" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Viciante Frustração</b></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjugD7htUWFWQeWeEC6ePWjaCi-z2M-RAn1sjI3Md65E1HO4GTpwETxSOGojLtpAPQxDWuKIxguK6HsjW5nIVnojyNLhTjZ0jz0tyXlbSQ3umL83SyX-XuGwVKIxR1_eTT5yeVGbahpRHk/s1600/Poster+Dont+Starve.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjugD7htUWFWQeWeEC6ePWjaCi-z2M-RAn1sjI3Md65E1HO4GTpwETxSOGojLtpAPQxDWuKIxguK6HsjW5nIVnojyNLhTjZ0jz0tyXlbSQ3umL83SyX-XuGwVKIxR1_eTT5yeVGbahpRHk/s200/Poster+Dont+Starve.png" width="128" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Desenvolvedor</b>: Klei Entertainment</span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Plataforma</b>: PS4, PS Vita, Wii U, Windows, OS, Linux</span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Gênero</b>: Roguelike, Sobrevivência, Tower Defense</span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Itens de série</b>: atmosfera e clima, sistema de criação de itens, tensão e desafio. </span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Defeitos de fábrica</b>: falta de progresso entre partidas, confuso para iniciantes</span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Você acorda em um lugar inóspito, nada além das roupas do corpo e uma mente brilhante para te proteger. A noite se aproxima e você deixa de lado a confusão e começa a coletar tudo o que pode ser útil para sua sobrevivência. Com gravetos e pedregulhos você fabrica um machado primitivo, derruba uma árvore mirrada e já tem a lenha para a fogueira que vai mante-lo aquecido e afugentar ameaças na escuridão que já começa a se insinuar. Você encontra o que parecem ser tocas de algum animal no chão e reza para que as armadilhas improvisadas permitam que você tenha algo mais substancial que frutas silvestres e cogumelos para comer no dia seguinte. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Chega a noite e por mais que atice a fogueira, as trevas o cercam cheias de sons assustadores. Você pensa ter visto algo se aproximando. Olhos aterrorizantemente volumosos parecem fulgurar momentaneamente no breu. O desespero e o medo comprometem sua sanidade. Você junta o que está a mão e fabrica um arremedo de lança para se defender do que quer que esteja na escuridão. E finalmente vem o amanhecer... e depois dele muitos outros. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os dias passam e seu único objetivo é que mais deles passem. E você constrói uma tenda, você improvisa uma panela, você aprende como secar e salgar carnes, você explora mais e mais território.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E então chega o inverno... Encurtam-se os dias, a solidão aumenta, seu olhar cada vez mais distante e desesperançoso, a escuridão quase perene esmorece sua sanidade com maior velocidade. O</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">s malditos lobos continuam a aterrorizar aleatoriamente os seus dias e noites. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O vento gelado impede que você se afaste de seu acampamento, as plantas já não crescem mais, algumas de suas presas mais comuns hibernam e o alimento escasseia. Ao menos você tem sua magnífica barba para lhe proteger do frio. Sobreviver fica cada vez mais difícil, e você continua tentando impedir que aquele seja seu primeiro e último inverno. Mas ele é. E ele vai ser novamente. E de novo. E mais uma vez...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Don't Starve</i> (<i>Não Morra de Fome</i>) é um jogo frustrantemente viciante. E t</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">enha em mente que sou fã inabalável de jogos como </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Dark Souls </i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">e</span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Bloodborne</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> e adoro um <i>roguelike</i> do tipo </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Spelunky </i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">ou</span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Rogue Legacy, </i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">então nível de dificuldade, repetição dos mesmos desafios, mortes permanentes e tudo mais que os caracteriza nem de longe me perturba. Ainda assim, </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">o jogo</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> de sobrevivência à la <i>Minecraft</i> da Klei Entertainment (</span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mark of the Ninja</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">, </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Invisible Inc.</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">), que alia tudo que há de mais potencialmente excitante daqueles citados anteriormente, conseguiu me deixar genuinamente possesso, pensando em destruir em um acesso de raiva o meu computador.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E<i> Don't Starve</i> tem quase tudo a seu favor: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Fascinante </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">estilo artístico que casado com música e sons apropriados criam uma atmosfera desoladora, mas que ainda deixa espaço para leveza e para um certo humor negro como animações do Tim Burton (inclusive existe até um ótimo <a href="https://www.youtube.com/watch?v=8CtJHMFcluE" target="_blank">trailer</a> (fake) do filme que seria dirigido por ele); </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Sistema de criação de itens balanceado e complexo o suficiente para que você sinta que sempre há algo novo para testar; </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- S</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">istema de criação de mundos aleatórios para cada partida, mas que sempre mantém um mínimo de similaridade com as versões anteriores o suficiente para que ele pareça familiar; </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Modo história/aventura desafiador e com um enredo simples, mas sinistramente intrigante;</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- A capacidade de fazer você esquecer do tempo porque todo minuto parece essencial à sobrevivência do seu personagem do jogo. </span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Contudo... <i>Don't Starve</i> tem uma única coisa que funciona contra ele, mas é uma única coisa que infelizmente faz com que você muito rápido perca o interesse nele: a falta de um senso de progressão. Você pode passar horas e mais horas em uma partida, construir um acampamento robusto, estar totalmente abastecido de comida, ter plantações crescendo, animais disponíveis para o abate e... uma matilha de lobos raivosos ataca-lo e o jogo acabar. Quando isso acontece, só lhe resta sentar e chorar, porque você vai ter que começar tudo de novo, passar pelas primeiras horas "extrativistas", construir tudo do zero e não levará nada da rodada antiga além da sua experiência pessoal. Frustração nível infinito!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O jogo se beneficiaria enormemente de um sistema de progressão. Uma segunda jogada traria algum benefício da primeira, nem que fosse uma parte dos itens que o "sobrevivente" anterior tivesse deixado. Poderia ser uma opção do jogador utilizá-la ou não: como o jogador pode escolher mais de um personagem com diferentes habilidades, porque não permitir que o novo personagem "encontre" um acampamento abandonado, ainda que depredado, para continuar a jogada. A penalidade por deixar o personagem anterior morrer seria não poder mais utilizá-lo naquele mesmo arquivo de salvamento. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Independente disso<i>, Don't Starve</i>, mesmo com seu visual cartunesco, consegue ser apavorante e tenso, e possui mecânicas que garantem o engajamento constante, o que faz dele um jogo obsessivamente divertido. Contudo, a insatisfação e o desencanto ao final de uma partida e o tédio dos primeiros momentos de reconstrução em uma nova rodada são tão impactantes que vão fazer com que o jogador menos compulsivo desista de continuar relativamente rápido (e nem sou dos "menos compulsivos"). Ainda que com essa genuína e nada irrelevante ressalva, vale a pena esperar uma promoção da Steam para comprar o jogo e entreter-se em pelo menos algumas partidas com ele.</span></div>
</div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-87061544290503437792015-06-22T06:00:00.000-03:002015-06-23T17:11:57.107-03:00Black Mirror<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhupTtbxrHYnLOcmGK5Pvsa5xtStWziz_j1Vs3tJ0kxKNPDb5S8R1GwD5QNHUqpdW3uJ95jjpGIICf5Hl4NtVvdhNJxEvtF55wOwSSuWVueT5Uz6am02pdxnks4niWaoI0NoalFqtJGqvY/s1600/Nota4.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhupTtbxrHYnLOcmGK5Pvsa5xtStWziz_j1Vs3tJ0kxKNPDb5S8R1GwD5QNHUqpdW3uJ95jjpGIICf5Hl4NtVvdhNJxEvtF55wOwSSuWVueT5Uz6am02pdxnks4niWaoI0NoalFqtJGqvY/s1600/Nota4.JPG" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<b style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mal do século</b></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7YoitAJkgpqci9dp5NqPmq3Y5KaQc-2XmG6FMQw1UoGeXycFKOzgnzuhV6i_JJqpQj6AgRwP3XyqIwoa7W8-fXctMTqo_cnkDCiWJq9T3T1IoPpreE0DKU4MKIZcj-hKV6-z3Sv7xj9Y/s1600/Poster+Black+Mirror.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7YoitAJkgpqci9dp5NqPmq3Y5KaQc-2XmG6FMQw1UoGeXycFKOzgnzuhV6i_JJqpQj6AgRwP3XyqIwoa7W8-fXctMTqo_cnkDCiWJq9T3T1IoPpreE0DKU4MKIZcj-hKV6-z3Sv7xj9Y/s200/Poster+Black+Mirror.jpg" width="143" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Temporadas</b>: 2</div>
</span><br />
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Episódios</b>: 7</span></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu era, e sou, fã de <i>Além da Imaginação</i> (<i>Twilight Zone</i>). Talvez fosse muito novo para me lembrar claramente dos episódios da versão mais recente que foi reproduzida na Globo nos anos oitenta, mas pude assistir alguns episódios da série original recentemente e mesmo mais de meio século depois eles continuam fantásticos (<i>Nick of Time</i> e <i>Five characters in search of an exit</i> são ótimos). Também sou fã de uma subcategoria cinematográfica chamada <i>Mindbender</i>, também conhecido pela alcunha menos elegante de <i>Mindfucker</i>, que enquadra filmes de diferentes gêneros, mas que distorcem de alguma maneira a realidade e confundem o expectador (<i>Donnie Darko</i>, <i>Primer</i>, <i>Amnésia</i> e <i>Adaptação</i> são alguns exemplos).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Esse parágrafo introdutório é apenas para dizer que, se você também se identifica com esses quebra-cabeças audiovisuais, existe uma grande chance de que <i>Black Mirror</i> vá ser um programa excelente para você. Nas palavras de seu criador Charlie Brooker (do bizarro e ácido <i>Dead Set</i>), "se a tecnologia é uma droga, <i>Black Mirror</i> é um tratado sobre seus efeitos colaterais". <i>Black Mirror</i> é uma espécie de herdeiro de <i>Além da Imaginação</i> com a mesma estrutura de episódios auto-contidos, porém abordando especificamente os efeitos de nossa obsessão com tecnologia. As tramas partem de situações reconhecíveis e relacionáveis para fazer questionamentos morais e éticos com os quais já convivemos e, mais ainda, com aqueles que ainda não percebemos e sobre os quais talvez devêssemos estar nos questionando.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A evolução da inteligência artificial e suas implicações, a vigilância constante e autorizada a que nos submetemos, o obscurecimento entre o que é humano e o que é máquina, a <i>gamificação</i> da vida, os limites da arte, a ditadura política das redes sociais e da mídia como um todo, a ubiquidade de telas e informações, o revanchismo, escravidão e tortura que estamos ansiosos em apoiar... São muitos os temas nos quais <i>Black Mirror</i> quer tocar com sua visão particularmente cínica, sombria e, por vezes, niilista. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Cada uma das duas temporadas conta com uma história mais intimista, uma sátira política e um futuro distópico. Uma temporada espelha a outra: a sátira abre a primeira temporada e fecha a segunda e a intimista fecha a primeira e abre a segunda, sendo que essas últimas são justamente as duas melhores histórias do conjunto. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ainda que o todo seja fantástico, os episódios "distópicos" acabam sendo um pouco mais fracos. Porém, mesmo com tramas mais pueris, os dois conseguem manter a atenção ao ir revelando seu estranho universo pouco a pouco e nos mantendo curiosos. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Há ainda um brilhante episódio especial de Natal que foi ao ar em 2014 protagonizado por Jon Hamm (o Don Draper de </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mad Men</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">). Com uma duração um pouco maior (cerca 80 a 90 min), o episódio é estruturado de forma a alinhavar três histórias diferentes, mas interligadas, e acaba valendo por mais uma micro-temporada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Apesar do quão inventivas e aparentemente absurdas sejam as premissas dos episódios, paira o sentimento aterrorizante do quão plausíveis esses cenários acabam se mostrando. Talvez não agora, talvez não em dez anos, mas a grande maioria hipóteses poderia efetivamente concretizar-se, se não de forma idêntica, ao menos muito similar. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Black Mirror </i>e</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">ntretém e ao mesmo tempo causa desconforto e chama à ação, principalmente no sentido de buscarmos mais conexão sem intermediários. Para Charlie Brooker estamos cada vez mais focados nas "sombras na caverna" e suas histórias estão aí para tentar nos forçar a olhar um pouco mais para o mundo como ele realmente é e principalmente como ele é para fora de nós mesmos. Parece-me uma mensagem que vale a pena ser ouvida, mas independente disso, <i>Black Mirror</i> é um programa satisfatório mesmo que seja só para se divertir.</span></div>
</div>
</div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-38214801888922703322015-06-20T06:00:00.000-03:002015-06-21T12:16:17.786-03:00O Abrigo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB-4Swcqz4mwnTeOoQedCtPHsGvNvGkbUk7r51PXmAR1osmZbybhbYPI7KxMp9CoY_BmapY5ui5k1h75JUJT7hnOwH2QDnj8RvDcM6Xf0tNwR88tVK6zHbfdP_RZ8_sZu_GVKEY0IuQGo/s1600/Nota3.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB-4Swcqz4mwnTeOoQedCtPHsGvNvGkbUk7r51PXmAR1osmZbybhbYPI7KxMp9CoY_BmapY5ui5k1h75JUJT7hnOwH2QDnj8RvDcM6Xf0tNwR88tVK6zHbfdP_RZ8_sZu_GVKEY0IuQGo/s1600/Nota3.JPG" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Lenta tempestade de símbolos e metáforas</b></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIUlAmcp1D9UWtkJPuFizj1AV_ev6YHeuWNLqz1j3zo1ybDJWBfpZia5vHH_WAAA4OoL_KfNUyvi6IvKlmOcE21BzBCECBiBgBvw00_Fb2IenRKrifi5FJ8dyh6vzD7u9_HLxZAUUCmZE/s1600/Poster+Take+Shelter.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIUlAmcp1D9UWtkJPuFizj1AV_ev6YHeuWNLqz1j3zo1ybDJWBfpZia5vHH_WAAA4OoL_KfNUyvi6IvKlmOcE21BzBCECBiBgBvw00_Fb2IenRKrifi5FJ8dyh6vzD7u9_HLxZAUUCmZE/s200/Poster+Take+Shelter.jpg" width="133" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Direção</b>: Jeff Nichols</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Título Original</b>: Take Shelter</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Duração</b>: 120 min</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Idioma</b>: Inglês</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Lançamento</b>: Jan/2011</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>O Abrigo</i> precisa ser analisado por duas óticas diferentes, a de documentação do desenvolvimento de uma enfermidade mental e de como ela afeta o indivíduo e seus relacionamentos e a outra é como mero entretenimento dramático. O filme obtém muito sucesso na primeira vertente e um pouco menos na segunda.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O protagonista Curtis (<a href="http://www.imdb.com/name/nm0788335/?ref_=fn_al_nm_1" target="_blank">Michael Shannon</a> de <i>O Homem de Aço</i>, <i>Possuídos</i>, <i>Boardwalk Empire</i>) é um pacato operário e pai de família em uma cidadezinha no interior de Ohio. Ele começa a ter pesadelos com uma tempestade que se aproxima e com ataques violentos de entes queridos a ele. Pouco a pouco tais visões que Curtis acredita serem premonitórias passam a assolá-lo também quando desperto. A dificuldade em reconhecer onde termina a realidade de todos e começa a sua particular cresce junto com a angústia e o desespero, não só dele, mas de seus amigos, familiares e também de nós expectadores. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Apoiado nas interpretações magistrais não só de Shannon, um ator que mereceria muito mais reconhecimento e exposição do que recebe, mas também da sempre competente <a href="http://www.imdb.com/name/nm1567113/?ref_=nv_sr_1" target="_blank">Jessica Chastain</a> (<i>A hora mais escura</i>, <i>Histórias Cruzadas</i>, <i>A árvore da vida</i>), <i>O Abrigo</i> é daqueles filmes em que não se fala muito, contemplação supera a ação em quase que toda a totalidade, e os conflitos acontecem em pequenos gestos e trocas de olhares. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O ritmo arrastadíssimo é quebrado em algumas cenas fantásticas como a de um jantar beneficente comunitário em que Shannon tem a oportunidade de dar um daqueles inesquecíveis shows de interpretação.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><a href="http://www.imdb.com/name/nm2158772/?ref_=nv_sr_1" target="_blank">Jeff Nichols</a>, em seu primeiro longa como diretor, consegue manter enevoada até o último segundo de projeção a linha entre o que é real e é o que alucinação, permitindo que o expectador sinta o drama vivenciado pelo personagem. Nichols também escreve o roteiro e abusa de simbolismo e metáforas visualmente lindas e imageticamente profundas. A tempestade que se aproxima casa com as gradativas mudanças psico-fisiológicas do personagem e a deterioração de seus relacionamentos, relâmpagos rasgam o céu como impulsos elétricos passeiam desgovernados pelas sinapses de Curtis, pássaros voam em formação estranha como desbalanceamentos químicos, a chuva de óleo simboliza o corpo como máquina deteriorada, os ataques de entes queridos, a paranoia que leva esquizofrênicos ao isolamento e por aí segue.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O filme (in)felizmente conclui com uma "chuva de rãs" à la <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0175880/?ref_=nv_sr_1" target="_blank">Magnolia</a></i>, um evento que não se explica perfeitamente e parece ferir a lógica interna do filme, mas que também abre precedentes para discussões filosóficas sobre seu significado. Uma cena que chega não muito depois de um clímax minimalista de altíssimo nível que se passa no abrigo que dá título ao filme. Mais um momento para ver bons atores trabalhando e um roteirista fechando com maestria uma história bem amarrada. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um filme competentíssimo em todos os sentidos que como obra de arte mereceria a classificação máxima ou próximo disso, porém um filme lento, arrastado, silencioso, contido e todos os outros adjetivos que costumam ser eufemismos para o que qualquer expectador comum de cinema simplesmente chamaria de "chato". Recomendado para aqueles momentos em que você está com o sono em dia, paciência de sobra e vontade de se sentir um pouco mais inteligente.</span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-13309054490295326772015-06-18T06:00:00.000-03:002015-06-18T11:07:08.601-03:00O Babadook<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUTGgx47S2vFXOsK0FHLdvrzemWQN_nbWRmp2CmFjXL39CTc-UPk8ycjSxEVAaH8EnRkCWytcdgeBR2KHaYWE_lUngugUQFEyBmxF2h2Kszd1A49ZZA3SBcPPzyDqIP3g2mibHaPhsZPc/s1600/Nota4.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUTGgx47S2vFXOsK0FHLdvrzemWQN_nbWRmp2CmFjXL39CTc-UPk8ycjSxEVAaH8EnRkCWytcdgeBR2KHaYWE_lUngugUQFEyBmxF2h2Kszd1A49ZZA3SBcPPzyDqIP3g2mibHaPhsZPc/s1600/Nota4.JPG" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Precisamos falar sobre o Babadook</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXhwdJc9Ri6XTYQHVMVEaklIBSNet9IVW9gRkV4nitU_n6aaE0JU_w9-sj1_KmFwgVVQFMHXV9e007jkPdBhYcIUoT2v9HZC44WtubwS-cC9cpblYJ1K71zyplSlwgYCs4kH60jhGAKqI/s1600/Poster+Babadook.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXhwdJc9Ri6XTYQHVMVEaklIBSNet9IVW9gRkV4nitU_n6aaE0JU_w9-sj1_KmFwgVVQFMHXV9e007jkPdBhYcIUoT2v9HZC44WtubwS-cC9cpblYJ1K71zyplSlwgYCs4kH60jhGAKqI/s200/Poster+Babadook.png" width="133" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Direção</b>: Jennifer Kent</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Título Original</b>: The Babadook</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Duração</b>: 93 min</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Idioma</b>: Inglês</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Lançamento</b>: Nov/2014</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Diferente do Drama, um gênero que depende principalmente da sua identificação com o personagem e de seus conflitos internos para que consiga alcançar seu efeito,</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> o</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Terror, assim como a Comédia são gêneros ingratos que dependem do inesperado e da novidade para serem efetivos. Você pode até se assustar com o gato que pula de fora da tela de repente ou com a sombra que aparece no espelho, mas serão apenas sustos, e o terror não se instalará através de artifícios tão manjados.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Para que o filme alcance seu objetivo, é preciso instaurar o horror em si, algo que não pode ser criado a partir da soma de sustos, mas com a construção de uma situação, muito próxima do que acontece no drama, em que a empatia natural do ser humano nos coloque na posição da vítima. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Todo esse preâmbulo é apenas para defender o porque de eu ter gostado tanto de <i>O Babadook</i>, produção australiana de terror que apesar de também ser uma soma de sustos, consegue criar algo maior do que o entretenimento do fim de semana.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A trama do filme é protagonizada por uma jovem mãe viúva que sofre para criar um filho problemático após a morte inesperada do marido e atravessa seus dias em um estado de entorpecimento e desapego. O terror se instala quando o garoto vai se tornando cada vez mais intratável após se impressionar com a leitura de um livro infantil que fala sobre o "Babadook":</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">"If it's in a word. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Or it's in a look.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">You can't get rid of... the Babadook".</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">"Seja em uma palavra. Ou em um olhar.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Você não consegue do Babadook se livrar".</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Desvirtuar elementos do cotidiano, por mais inocentes que pareçam, com um olhar sinistro, distorcido e pervertido não só não é novidade, como forma a base para praticamente todos os bons filmes de terror já feitos. O que torna <i>O Babadook</i> tão interessante é fazer isso para contar um drama tenso e trágico disfarçado de filme de gênero.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O filme está claramente dividido em três partes, sendo que na primeira, o foco é desenvolver a nada fácil relação entre a mãe Amelia, vivida por <a href="http://www.imdb.com/name/nm0204583/" target="_blank">Essie Davie</a> e seu filho Samuel, interpretado perturbadoramente bem pelo jovem e estreante <a href="http://thebabadook.com/noah-wiseman/" target="_blank">Noah Wiseman</a>. Amelia visivelmente não superou a trágica morte do marido e passeia pelos dias sem emoção. Antes uma pessoa solar, uma escritora de sucesso, hoje ela trabalha em um asilo, e por mais que cumpra seu papel de mãe, há sempre uma incômoda sensação de que ela rejeita o filho em algum nível ou outro.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Há muito de <a href="http://www.criticaemserie.blogspot.com.br/2014/11/precisamos-falar-sobre-o-kevin.html" target="_blank">Precisamos falar sobre Kevin</a> na primeira metade do filme, e como naquele, há momentos de muita angústia para o espectador ao se colocar no papel de Amelia e imaginar o quão difícil seria estar na mesma situação. É quase compreensível a rejeição ao filho e mais ainda a dor de ter consciência dessa rejeição, mesmo amando a criança. Amelia é vítima de Samuel, mas Samuel também é vítima de Amelia, um amor baseado na destruição mútua não-intencional. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Porém, é na segunda parte, quando o garoto fica obcecado com a possível presença do Babadook em sua vida, que muitos dos momentos mais desesperadores acontecem. E é aqui que temos homenagens a clássicos como <i>O Exorcista</i>, <i>A Profecia</i> e <i>O iluminado</i>, entre outros. Versões elegantes de cenas famosas desses filmes compõe algumas dezenas de minutos enervantes e recompensadores e o próprio Babadook parece ser uma mistura de Nosferatu com Dr. Caligari. É difícil errar ao referenciar materiais tão bons.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Uma pena que a terceira parte do filme siga por um caminho mais próximo das produções de terror mais recentes, colocando seus protagonistas para enfrentar o monstro diretamente, como em <a href="http://www.criticaemserie.blogspot.com.br/2011/07/sobrenatural.html" target="_blank">Sobrenatural</a>. Ao fazer isso (e também em algumas outras instâncias), o enredo</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> peca ao colocar elementos que traem o que supostamente seria seu propósito ou sua estrutura, faz com que não pareça ser tão amarrado e diminui a potência e a ambiguidade da revelação final.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><a href="http://www.imdb.com/name/nm0448768/?ref_=nv_sr_1">Jennifer Kent</a>, uma atriz veterana mas diretora estreante, mostra conhecer bem o gênero e consegue tecnicamente dar um sopro de originalidade na sua coletânea de truques clássicos com uma montagem rápida, cenas que não seguem a tradicional lentidão silenciosa do suspense/terror e uma camada narrativa extra que, ainda que não muito sutil, funciona perfeitamente em conjunto com a história do Babadook. Mesmo que alguns cortes pareçam inadequados e amadores, pode-se facilmente justifica-los como uma opção consciente para esconder problemas orçamentários limitadores, pois o filme foi rodado com o baixíssimo orçamento de US$2,5 milhões somados a US$30 mil conseguidos em uma campanha do Kickstarter (obviamente antes que o financiamento de maior porte acontecesse).</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No balanço geral, para os fãs do gênero, </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">O Babadook</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> é quase um item indispensável atualmente. Menos por ser uma maravilha cinematográfica, e mais por entender o que faz um suspense ou terror funcionar e com pouquíssimo orçamento montar um filme que fica muito acima da média do seu nicho. Fico na esperança de que essa seja apenas a primeira incursão no gênero de Kent e que tenhamos sustos ainda mais refinados sendo produzidos por ela futuramente.</span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-49576366069470279022015-06-17T06:00:00.000-03:002015-07-01T08:49:29.816-03:00Thirty Flights of Loving<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaSDfPBlmwTq7PcL2hht7qHPGCXplmwWTRyOBh391ExPqPDy7q5KWCtND_uLyf4JKcnOxueEoPP-ma_60RqeaNnAh7vXxJGGquoh3s9P1IsjmOvKyafVSoAslA9yFeELXt5JKkmmLHEac/s1600/Nota2.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaSDfPBlmwTq7PcL2hht7qHPGCXplmwWTRyOBh391ExPqPDy7q5KWCtND_uLyf4JKcnOxueEoPP-ma_60RqeaNnAh7vXxJGGquoh3s9P1IsjmOvKyafVSoAslA9yFeELXt5JKkmmLHEac/s1600/Nota2.JPG" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<b style="font-family: Verdana, sans-serif;">Metacriminosos</b></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2Sx_b6RIJCo2hHYhz2O1Texqq_8te6BFS4J0t7V4Ch7wUtZfs47kkp8InalS9jeo7wRkg-CpA85q9nZ23Au8rQrIuuBSpXu1X_QZ9fH0Hv8pBayAizyL707GHeVLJgCWwscSkmNNsy9E/s1600/Thirty+Flights+of+Loving.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2Sx_b6RIJCo2hHYhz2O1Texqq_8te6BFS4J0t7V4Ch7wUtZfs47kkp8InalS9jeo7wRkg-CpA85q9nZ23Au8rQrIuuBSpXu1X_QZ9fH0Hv8pBayAizyL707GHeVLJgCWwscSkmNNsy9E/s200/Thirty+Flights+of+Loving.png" width="165" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Desenvolvedor</b>: Blendo Games</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Plataforma</b>: Windows, OS X</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Gênero</b>: Adventure</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Itens de série</b>: narrativa não-linear e totalmente visual</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Defeitos de fábrica</b>: jogabilidade nula, custo x benefício negativo, enredo desinteressante.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Às vezes parece que há uma conspiração da crítica em direção a um determinado ponto de vista que é absolutamente intrigante. <i>Thirty Flights of Loving</i> é um exemplo dramático desses casos. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com uma pontuação no Metacritic de 88 da crítica especializada contra 49 dos usuários, é difícil não se posicionar contra os "especialistas" depois de "jogar" os 15 minutos de duração desse "jogo".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>TFoL</i> não poderia ser nem ao menos considerado um jogo pois não há regras ou objetivos claros e não há muita agência do jogador a não ser movimentar o protagonista de um lado para o outro. Como narrativa interativa também não emociona muito, pois é uma história sobre três amigos criminosos, que termina como várias outras que você já acompanhou em outras mídias.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Há algumas boas ideias espalhadas em termos de construção de narrativa como eliminar completamente a HUD (a interface com o jogador) e os diálogos e ainda assim conseguir contar a sua história. Além disso, as passagens de cenas rápidas e cortadas surpreendem e dão agilidade à narração. No entanto, muito se elogiou sobre o estilo da arte e fora as cabeças quadradas das personagens, não percebi nada de realmente revolucionário ou minimamente diferenciado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Creio ter demorado mais para escrever os parágrafos acima do que para jogar <i>Thirty Flights of Loving</i> e</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">, apesar de não ser meu principal problema com o título, ele custa na <i>Steam</i> impressionantes R$10,49 (comprei em alguma das milhares de promoções que eles fazem por 75% do preço, mas ainda assim é um absurdo). <i>TFoL</i> deveria, no máximo, estar no portfólio do estúdio como exemplo de suas habilidades narrativas. Cobrar por essa "experiência" parece-me quase tão desonesto e criminoso quanto os golpes que o trio protagonista de <i>TFoL</i> cometem.</span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-4183525808380930742015-06-10T00:00:00.000-03:002015-07-01T08:49:00.470-03:00The Cave<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgd_oOGJ4vO88o_Ct2qGQ5ZwAR7ewlKFj5LyK4PHciKg9wn577K0YtNnOJqsPKStZI3yi9imt-gzhvJ17p2WDPGMkMC7ZqroMCokQRTExhet2yoL2gtTicCHmQ_v_VQDQ050B-Lczoc7_M/s1600/Nota3.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgd_oOGJ4vO88o_Ct2qGQ5ZwAR7ewlKFj5LyK4PHciKg9wn577K0YtNnOJqsPKStZI3yi9imt-gzhvJ17p2WDPGMkMC7ZqroMCokQRTExhet2yoL2gtTicCHmQ_v_VQDQ050B-Lczoc7_M/s1600/Nota3.JPG" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<b style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nem tudo que queremos é o que devemos ter</b></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbam23DyrI2N3e0Uat8vNyMWmVuuLR2w15Lsn9o_wn_DzaKkpFpbNCedBflSwTKrbuJXCVONbjs5y5Z9uT0P2wj1DuZYozdKKMTywJ-kU2d-YfvZoptjSMnAQ1_5-eEi_rUCTktIws0QA/s1600/The+Cave.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="146" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbam23DyrI2N3e0Uat8vNyMWmVuuLR2w15Lsn9o_wn_DzaKkpFpbNCedBflSwTKrbuJXCVONbjs5y5Z9uT0P2wj1DuZYozdKKMTywJ-kU2d-YfvZoptjSMnAQ1_5-eEi_rUCTktIws0QA/s200/The+Cave.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Georgia, serif; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Desenvolvedor: </b>Double Fine Productions </span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Georgia, serif; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Plataforma: </b>PS3, Xbox, Wii, Mac, Unix</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Georgia, serif; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Gênero: </b>quebra-cabeças, plataforma, aventura</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Georgia, serif; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<b style="font-family: Verdana, sans-serif;">Itens de série:</b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> bom humor, personagens carismáticos e alguns quebra-cabeças divertidos</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Georgia, serif; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Defeitos de fábrica: </b>curtíssima duração, repetitivo, jogabilidade comprometida em alguns pontos, quebra-cabeças pouco desafiadores para o gamer mais experiente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Georgia, serif; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Georgia, serif; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>The Cave</i> é novo jogo de Ron Gilbert responsável por horas de diversão da adolescência de <i>gamers</i> da minha geração com o divertido <i>Monkey Island</i>. A nova criatura mantém o bom humor e o visual cartunesco da antiga, mas só alcança o mesmo nível de excelência em esparsos momentos mais inspirados.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Georgia, serif; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Georgia, serif; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Conceitualmente, <i>The Cave</i> seria um <i>hit</i> sem qualquer risco: sete aventureiros caricatos, mas muito bem desenhados (o monge, o caipira, a cientista etc.) entram em uma caverna para conseguir aquilo que mais desejam e pouco a pouco o insuspeitado passado sombrio de cada um é desvendado em meio a quebra-cabeças divertidos e comentários cínicos ou sarcásticos da Caverna (sim, a Caverna fala).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Georgia, serif; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Georgia, serif; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na prática, contudo, diversos erros de produção e desenvolvimento diminuem e muito a diversão que o jogo deveria proporcionar. E o mais frustrante é que a maioria deles poderia ter sido resolvidos sem maiores dificuldades. Vamos em partes:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Georgia, serif; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Georgia, serif; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em todas as incursões à caverna, três personagens são escolhidos e o jogo permite que cada um deles seja controlado por um jogador diferente. Contudo, quando os personagens se separam (e estar separados é uma situação frequente e obrigatória durante o desenvolvimento da história) apenas um deles fica na tela e os outros dois precisam ficar esperando. Fica a questão: dividir a tela implicaria em muito mais esforço de programação? <i>Toe Jam and Earl</i> nos primórdios do Mega Drive já fazia isso, qual a desculpa para não faze-lo hoje em dia onde as TVs são megalomaniacamente maiores?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Georgia, serif; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Georgia, serif; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Além disso, a maior parte da exploração consiste em</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> descer escadas ou cordas numa velocidade excruciante ou ficar repetindo um caminho apenas para fazer com que um segundo personagem repita exatamente os mesmos passos de um primeiro. Essas ações depois de muito pouco tempo tornam-se um exercício bastante irritante. Só com muita paciência você efetivamente jogará mais do que as três vezes necessária para conseguir abrir a fase específica de todos os sete personagens (você só entra na caverna com três deles por jogada, o último provavelmente irá com dois personagens que já foram, o que fará essa rodada ser muito, mas muito, repetitiva).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A jogabilidade e a resposta do controle também não é das melhores. Ao tentar descer para uma plataforma inferior seu personagem pode se agarrar numa outra plataforma que nem ao menos estava tão próxima ou ao tentar pular de uma plataforma para outra ele pode demorar um pouco mais de um segundo depois que você já apertou o botão para executar a ação e parar no fundo de um abismo. Isso quando ele não estiver preso em um <i>loop</i> eterno dentro de algum elemento aleatório do cenário. Novamente fica a questão: com a tecnologia de hoje em dia, há desculpa para esses tipos de <i>bugs </i>ou falhas de jogabilidade?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um outro problema que não é estrutural mas certamente uma decepção é o fato de apesar de ter personagens tão variados e com poderes tão específicos, todos são intercambiáveis fora de suas áreas particulares (e mesmo nelas, às vezes, eles apenas são necessário para "entrar" na fase). Não faz a menor diferença qual deles você escolhe em termos de conclusão dos quebra-cabeças ou mesmo da exploração em si (com exceção, na minha opinião, do cavaleiro, cuja invencibilidade permite que ele se jogue de penhascos e transforma algumas entediantes descidas em algo suportável). Um pouco mais de esforço no desenvolvimento tornaria as áreas comuns muito menos repetitivas e o retorno à caverna muito mais satisfatório.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nem tudo são problemas é claro, a</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">lgumas ideias sensacionais estão espalhadas pelo jogo, como o museu do futuro em que objetos do nosso cotidiano são interpretados com a mesma acurácia com que nós interpretamos a vida de nossos antepassados ou um comentário que a Caverna faz sobre um dos visitantes anteriores (um palhaço). </span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Alguns ambientes são extremamente divertidos e bem bolados como o Circo (fase especial do caipira) ou a instalação nuclear (fase da cientista). E m</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">atar um dinossauro no passado para ter petróleo no futuro é uma solução criativa, mas esse e a maioria dos outros quebra-cabeças representam pouco desafio para quem é mais experiente nesse tipo de jogo, já que as ferramentas para a solução necessariamente estão entre os poucos elementos destacados do ambiente e quando se tem apenas um gravador sem bateria, uma bateria sem carga e um tanque cheio de enguias, não é muito difícil decidir o que fazer, não é mesmo?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Alguns troféus específicos representam um desafio maior ou pelo menos extra, já que a partir de uma pequena frase, como, por exemplo, "Bem passado - sacrificou-se por um sabor incomparável", não é tão simples prever o que fazer ao longo do jogo para recebê-lo. Ainda assim, a grande maioria é tão óbvia quanto "Chegar ao final com todos os personagens". </span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mesmo com todos os problemas e considerando o relativamente baixo valor de aquisição (R$30 na Playstation Store), pelo menos nas primeiras quatro ou cinco horas que devem consumir a sua primeira e segunda passagem pela caverna, <i>The Cave</i> deve valer o investimento de tempo e dinheiro.</span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-50267641209665112762015-06-03T00:00:00.000-03:002015-07-01T08:48:31.124-03:00Braid<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-uCu8DKBjTSThSUYMMLcl2Ne6O839MwDNuKqA5uqURvYhTDNnOoiZzh8fTm1PTdMuowLXpPRqwIFSYcdPZ5rQKcesQSV-lWi4FwvPl3v62bKYhgTj8inMjSvyO5ydpGVXsdTflJW1OnU/s1600/nota5.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-uCu8DKBjTSThSUYMMLcl2Ne6O839MwDNuKqA5uqURvYhTDNnOoiZzh8fTm1PTdMuowLXpPRqwIFSYcdPZ5rQKcesQSV-lWi4FwvPl3v62bKYhgTj8inMjSvyO5ydpGVXsdTflJW1OnU/s1600/nota5.JPG" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Arte e filosofia em sua melhor forma</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUlfJsNb6jApZJ4iYZ-4PnY05n_dr_xdhyphenhyphenJfwXV9-dfNRdp-m4xLP71BBCPJJ7ZVPoWc729XZUVGCAO2S_dqUhPxBr0sgkLgr7_JJykATXxnr6QJhgBGquJ4uS3DiUCfoZEfwhidX2aWI/s1600/Braid.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUlfJsNb6jApZJ4iYZ-4PnY05n_dr_xdhyphenhyphenJfwXV9-dfNRdp-m4xLP71BBCPJJ7ZVPoWc729XZUVGCAO2S_dqUhPxBr0sgkLgr7_JJykATXxnr6QJhgBGquJ4uS3DiUCfoZEfwhidX2aWI/s200/Braid.jpg" width="167" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Desenvolvedor: </b>Hothead Games e Number None </span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Plataforma: </b>PS3, Xbox, PC</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Gênero: </b>quebra-cabeças, plataforma, conceitual</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;">
<b style="font-family: Verdana, sans-serif;">Itens de série:</b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> roteiro fabuloso e enigmático, mecanismo inovador, design encantador, vício extremo </span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: left;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Defeitos de fábrica: </b>curta duração, frustrações potenciais</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como não gostar dos jogos independentes?<u></u><u></u></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O baixo orçamento obriga os criadores a explorar territórios menos convencionais para garantir um lugar ao sol no meio de uma indústria bilionária. E dessa necessidade surge inovação de verdade que permite aos jogadores experimentar algo diferente das tradicionais franquias que reciclam fórmulas <i>ad eternum</i>. <u></u></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Para os advogados de que “vídeo games emburrecem” o independente <i>Braid</i> é um tapa na cara. Mesmo para jogadores experientes e calejados, Braid fornece desafios inesperados ao exigir não só agilidade e precisão nos controles mas também um raciocínio incomum - raciocínio esse que parece ativar áreas inexploradas do seu cérebro que quebra-cabeças usuais não conseguem acessar.<u></u><u></u></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O criador Jonathan Blow desenvolveu um mecanismo de “avanço” e “retrocesso” de imagens similar ao da Ubisoft no inovador <i>Prince of Persia: Sands of Time</i> e o evoluiu de forma a permitir que apenas parte dos elementos da tela sejam afetados ou que as movimentações no tempo estivessem ligados à movimentação do personagem na tela. Dessa maneira ele acabou criando um universo de possibilidades que <i>Braid</i> assimila de forma especialmente criativa. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Para avançar em um determinado nível, é necessário seguir até um determinado momento no tempo em que você conseguiu abrir uma porta e então retroceder para um momento da jogada em que você estivesse em um local que te permita acessar aquela porta. Essa é uma das mecânicas mais simples que o jogo oferece - nível <i>Easiest</i>.<u></u></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Entender os efeitos que você causa no ambiente e encontrar soluções para quebra-cabeças aparentemente impossíveis são de um prazer inebriante e a curva de aprendizado do jogo, muito bem desenhada, permite que os desafios já suplantados sejam base para resolução dos novos, mas ao mesmo tempo impede que soluções já consagradas sejam reutilizadas sem a adição de algum novo elemento.<u></u><u></u></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O roteiro é um espetáculo à parte, etéreo e nebuloso, abrindo espaço para algumas interpretações alegóricas de um drama real ou outras mais diretas de uma fantasia. O desenho de fases com telas de fundo cobertas por pinturas impressionistas e elementos de jogo levemente retrô e datado, longe de ser um detrimento, são sim um complemento à trágica história do protagonista.<u></u><u></u></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A curta duração inesperadamente também joga a favor de </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Braid</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> pois impede que a mecânica do jogo fique repetitiva e sem inspiração e também garante que você não vá passar dias sem cuidar dos seus deveres mundanos definhando na frente da TV, frustrado com sua incapacidade de entender como tempo e espaço podem convergir e permitir seu avanço.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i><br /></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Braid</i> ganhou diversos prêmios e do Xbox alcançou todas as outras plataformas, atingindo um público maior e ganhando o merecido reconhecimento. Custa cerca de R$30 na PSN e garante pelo menos umas cinco a seis horas de muito entretenimento.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com um Metascore de 93 no Metacritic, o que garante o rótulo de "Universal Acclaim" pelo site, <i>Braid</i> é uma experiência obrigatória que não só vai preencher sua necessidade de ser desafiado como jogador, mas também, como toda boa obra de arte, expandir suas percepções do mundo e da vida.</span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-5934626546665304382015-05-22T06:00:00.000-03:002015-05-28T17:17:01.509-03:00O vendedor de passados<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaXQDFZWl9ptbEWG8wEcpTaF04eGw27Y7_S4r0ECnvc87fEci_dFxWjhw-lNaeVFoqeN5jN9SmXhfpKzWHUkJmt9La0H5V_HBWzZo1ER2XDt_dB6RSaAKNrSYvgkqSHcv8LRtjHyEUoLE/s1600/Nota3.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaXQDFZWl9ptbEWG8wEcpTaF04eGw27Y7_S4r0ECnvc87fEci_dFxWjhw-lNaeVFoqeN5jN9SmXhfpKzWHUkJmt9La0H5V_HBWzZo1ER2XDt_dB6RSaAKNrSYvgkqSHcv8LRtjHyEUoLE/s1600/Nota3.JPG" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Passado Malpassado</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPCgL4dmHC1GNf5rfsWHcR-eoR9BJ2fHU3Q3fgcFqD0_OnYqcIteFb9SwlfazzInZVzXKbjcpsVrPblYCgTFpItBWdTde_deA6S4mbS1YGxecjt2BiHvLnZGoUZ1_lCmFghKe8JhRORTs/s1600/Poster+O+vendedor+de+passados.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPCgL4dmHC1GNf5rfsWHcR-eoR9BJ2fHU3Q3fgcFqD0_OnYqcIteFb9SwlfazzInZVzXKbjcpsVrPblYCgTFpItBWdTde_deA6S4mbS1YGxecjt2BiHvLnZGoUZ1_lCmFghKe8JhRORTs/s200/Poster+O+vendedor+de+passados.jpg" width="136" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<b>Direção</b>: Lula Buarque de Hollanda</div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Título Original</b>: O vendedor de passados</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Duração</b>: 82 min</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Idioma</b>: Português</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Lançamento</b>: mai/2015</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não há desperdício nos enxutos 82 minutos de projeção de O vendedor de passados. A abordagem econômica age tanto em detrimento quanto a favor do filme: salva o expectador de diálogos redundantes e cenas que não avançam o enredo, mas também não permite que a trama aproveite satisfatoriamente sua ótima premissa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">É gratificante que não haja qualquer troca de frases entre os personagens que não estejam lá para gerar conflito ou para fornecer uma nova informação efetivamente necessária para a trama. Ainda que algumas falas, mesmo saindo da boca de excelentes atores, às vezes pareçam desprovidas de naturalidade e fluidez, o conteúdo das discussões, na sua maioria, mantém nossa atenção na tela.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Contudo, por melhor que sejam, os diálogos servem para compor um enredo que não alcança seu potencial. A história que nos é servida é protagonizada por Vicente (Lázaro Ramos), um carioca que vive de montar álbuns, filmes e outros materiais que ajudem a reescrever o passado de seus clientes com eventos que nunca aconteceram, mas que eles desejam, por motivos diversos, que tivessem acontecido. A (primeira de muitas) virada da história vem quando uma misteriosa cliente, interpretada por Alinne Moraes, contrata Vicente para criar um passado sem qualquer referência e com uma única condição: que nele ela tivesse cometido um crime.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A partir desse encontro, o roteiro vai nos servindo pequenas porções de informações, sempre em pratos com ótima apresentação, mas de sabor inconstante. Longe de se ater a um gênero e tema, a refeição passeia pela comédia, pelo romance e pelo thriller, sempre temperada com o mistério e a estranheza típicos da ficção científica. Quando chega a conta, que vem cedo demais e sem ser solicitada, somos cobrados por algo muito diferente do que achávamos que estávamos saboreando. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Discussões sobre identidade, solidão, ética, verdade acabam sendo tocadas de modo rasteiro e servem apenas para distrair-nos da verdadeira intenção do filme. Um artifício que normalmente seria louvável se o conjunto final não fosse tão insosso. "Porque um carioca de 30 anos, bonito, vai se apaixonar e querer se envolver com alguma pessoa?". Essa é uma das perguntas que o diretor Lula Buarque de Hollanda se propôs a responder com seu filme (palavras dele mesmo retiradas de uma entrevista). Considerando todas as possibilidades que a premissa permitia, parece-me uma escolha equivocada (subjetivo, tenho consciência disso).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O ponto é que se assumíssemos que a intenção do filme fosse desconstruir um gênero e subverter as expectativas, como acontece, por exemplo, no esperto Gone Home, ele até poderia ter sido um exercício interessante. Não pareceu-me, no entanto, ser esse o caso em O Vendedor de Passados. Ao invés da impressão final ter sido "Uau, fui enganado direitinho", ela foi "Jura, era sobre isso então?". </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">De qualquer maneira, o longa adapta com competência o romance do angolano José Eduardo Agualusa para a realidade brasileira ao buscar em ex-gordos, transexuais e mulheres de passado duvidoso os clientes para o serviço ímpar oferecido por Vicente (no original, os principais clientes são emergentes com dinheiro e sem um passado "digno" à altura). Também acerta ao usar a ditadura argentina e não a brasileira como pano de fundo para o passado de um dos personagens, além de apresentar personagens pitorescos e interessantes como a colecionadora de álbuns de fotografias antigos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Lázaro Ramos já levou um prêmio de melhor ator no Cine PE por esse filme. Ele dá vida a um Vicente contido, desconfiado, distante e visivelmente incomodado com o mundo. Um ótimo trabalho de interpretação, mas longe de ser o seu melhor. Alinne Moraes, por sua vez, consegue criar perfeitamente a incógnita que sua personagem pede para ser. Ela é propositalmente uma casca, seus olhos parecem desprovidos de emoção. Emoção essa que só aflora premeditada, racional e conscientemente. Não é ela a protagonista, mas é a personagem que acrescenta aquele quê de picância que todo prato precisa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No fim, fica a sensação de que o próprio filme deveria contratar Vicente para construir um passado mais relevante para si mesmo. O Vendedor poderia render um thriller muito mais intenso e que infelizmente termina tendo tocado apenas parte do extenso universo que o tema poderia render. Ainda assim, é mais uma vez agradável ver que nosso cinema está investindo em algo que não sejam comédias e filmes regionais com as mesmas histórias de sempre. Que venham mais obras como essa e cada vez melhores. </span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-32059214238573662272015-05-15T06:00:00.000-03:002015-06-05T16:44:28.313-03:00Mad Max - Estrada da Fúria<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzoURetyMdLNwDs_wqLdT0E_sQcv7c2Wkb3IMJCLn_iuvJxqeX1DJGixQtH7nFpUVQSzCVaa71zzH54jpxc-Ko-1G_D2OiTLOXCHAzsfUhDZfLoSyZlIU2JJTSYON9chdmrQyPymYKJMg/s1600/nota5.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzoURetyMdLNwDs_wqLdT0E_sQcv7c2Wkb3IMJCLn_iuvJxqeX1DJGixQtH7nFpUVQSzCVaa71zzH54jpxc-Ko-1G_D2OiTLOXCHAzsfUhDZfLoSyZlIU2JJTSYON9chdmrQyPymYKJMg/s1600/nota5.JPG" /></a></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Luz, câmera, AÇÃO!</b></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXD3AzWkOwlPVZpJ2KLUUcstlCJpBn71LXRM_7GH_QRWLCTd6jfkx-h4zZya4JxuMEW9mHLEk42OS_8bFP9s2l_8SPEDUMmf6MzrkMbb00sXQStzMZbpVij4m7kaBvTUGlTm0SgwkdS3A/s1600/Poster+Mad+Max+03.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXD3AzWkOwlPVZpJ2KLUUcstlCJpBn71LXRM_7GH_QRWLCTd6jfkx-h4zZya4JxuMEW9mHLEk42OS_8bFP9s2l_8SPEDUMmf6MzrkMbb00sXQStzMZbpVij4m7kaBvTUGlTm0SgwkdS3A/s200/Poster+Mad+Max+03.gif" width="132" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Direção:</b> George Miller</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Título Original</b>: Mad Max: Fury Road</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Idioma:</b> Inglês</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Duração</b>: 120 min</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Lançamento:</b> Mai/2015</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quer conhecer a definição máxima do que seria um filme de ação contemporâneo? Então pare de ler essa resenha e corra pro cinema para assistir a <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt1392190/" target="_blank">Mad Max: Estrada da Fúria</a> </i>antes que saia de cartaz<i>.</i> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Do início da projeção a seus minutos finais, </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">o quarto filme da série protagonizada pelo insano e solitário <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Rockatansky" target="_blank">Max Rockatansky</a></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> vai suspender temporariamente não só sua descrença mas seu direito a respirar. Mal as luzes do cinema se apagam, os motores começam a roncar, guitarras a guinchar e Max a grunhir</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">.</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> E quando você menos estiver esperando, a trama já vai ter chegado a sua resolução, os créditos terão subido, suas energias vão ter se esgotado com tanta tensão e você sairá atordoado, mas com a estranha satisfação de quem concluiu uma missão ou sobreviveu a uma provação (um daqueles filmes do tipo ame-</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">ou-odeie).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sem tempo para as piadinhas infames ou as dezenas de cenas de "propaganda" dos filmes da Marvel, sem tempo para as tramas rocambolescas de Bournes e Missões Imposíveis, sem tempo para ficar fazendo poses em câmera lenta e lambendo o próprio rabo dos zero-zero-Bonds, <i>Mad Max</i> é uma injeção de adrenalina misturada com muita testosterona e, agradavelmente, doses cavalares de estrogênio (Furiosa!). Uma mistura intoxicante que proporciona um barato de duas horas e deixa uma leve zonzeira reverberando por algum tempo depois da saída do cinema.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Mas se o filme é pura ação, deve ser estéril como o deserto onde é filmado, não? Em absoluto! Basta acompanhar o mimimi sobre a "conspiração castradora feminista" por trás do filme (não coloco o link do artigo que gerou a centelha para não alimentar o fogo dessa discussão). Ainda que a louvável crítica à opressão machista faça parte do enredo, em foco estão realmente a redenção e a esperança e todos os protagonistas e personagens secundárias sublinham esses dois temas. Porém, é na construção da ação que o roteiro efetivamente mostra seu brilhantismo. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em cada <i>beat</i>, cada virada, as apostas são altíssimas. Se os personagens encaram um problema, e não há escassez deles, estão sempre em jogo a liberdade e a sobrevivência de cada um. Pessoas com os quais você se importa e o perigo de perdê-los a cada minuto de projeção: o que mais um filme precisa para manter sua atenção?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Diminuir o ritmo para desenvolver melhor as personagens? Nem pensar. As personagens reagem a cada um dos problemas que aparecem de cinco em cinco segundos e pelas respostas e atitudes você entende perfeitamente quem eles são, o que precisam, o que sentem e o que buscam. Praticamente um filme mudo, de pouquíssimos diálogos, <i>Mad Max</i> tem mais desenvolvimento de personagens do que muitos outros que gastam horas levando os seus para uma cabana na floresta e colocando-os em terapias de grupo com a intenção de debaterem aquilo que não se conseguiu mostrar diretamente na ação.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O Mad Max de <a href="http://www.imdb.com/name/nm0362766/?ref_=fn_al_nm_1" target="_blank">Tom Hardy</a> é magnético, vigoroso e intenso. Um sobrevivente assolado pela insanidade e assombrado por traumas, ele passa a maior parte do filme grunhindo e emitindo monossílabos, mas faz isso com tanto charme, naturalidade e uma estranhamente adequada afabilidade que se torna impossível não simpatizar com ele. Esse Max é uma daquelas figuras que ultrapassa sua função como personagem para se tornar uma força motriz e acaba sendo não o protagonista, mas o elemento que une e move as tramas daqueles que representam verdadeiramente a alma da história: a Imperatriz Furiosa e o mal-direcionado, mas bem-intencionado Nux. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><a href="http://www.imdb.com/name/nm0000234/?ref_=nv_sr_1" target="_blank">Charlize Theron</a>, como Furiosa, sequestra todas as cenas e não importa o quão suja, arrebentada e aleijada ela esteja, continua soberbamente exuberante e bela. Não consigo imaginar alguém que seja tão Imperatriz e tão Furiosa ao mesmo tempo, pelo menos não enquanto a imagem de Theron estiver tão fresca na minha mente. Furiosa é humana, extremamente humana. Brutal e gentil simultaneamente, seu olhar transmite uma dor ancestral, um peso sendo carregado por anos e anos ininterruptos, mas ainda assim ela age movida pela esperança e por uma chance de redenção. Se houver um futuro para essa franquia, espero sinceramente que Furiosa esteja nele.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Demorei para reconhecer pelo visual, mas os trejeitos de atuação de <a href="http://www.imdb.com/name/nm0396558/?ref_=nv_sr_1" target="_blank">Nicholas Hoult</a> (<i>Skins</i>, <i>X-men: Primeira Classe</i>, <i>Um grande garoto</i>) são tão característicos que mesmo debaixo das toneladas de maquiagem necessárias para dar vida a Nux, você consegue enxergar o ator. Nux, ainda que coadjuvante, é quem encarna o arco tradicional do herói no filme. Inicialmente um entre muitos dos <i>War Boys</i> do vilão <i>Immortan Joe </i>(<a href="http://www.imdb.com/name/nm0117412/?ref_=tt_cl_t4" target="_blank">Hugh Keays-Byrne</a>)<i>, </i>vítima da própria fragilidade e ignorância e transformado em algoz pelos desígnios do tirano, ele cresce para ocupar o papel clássico do fantoche disposto a cortar suas cordas, em nome do amor ou em nome de um propósito que seja seu e não de outros. Hoult amadurece a cada filme que faz, arrisca-se em diferentes gêneros, e sua carreira ganha corpo e evidência. Ele é um dos poucos atores mirins que entregou-se efetivamente ao ofício e sempre é um prazer vê-lo atuando.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Personagens redondos, enredo simples e efetivo, ação ininterrupta... Mas e os efeitos? As explosões? As perseguições? <a href="http://www.imdb.com/name/nm0004306/" target="_blank">George Miller</a> é um diretor veterano e <a href="http://www.imdb.com/name/nm0005868/?ref_=ttfc_fc_cr13" target="_blank">John Seale</a>, o cinematografista, coleciona também algumas décadas de carreira, sendo que ambos já levaram um Oscar pra casa. Enfim, são profissionais que sabem o que estão fazendo e isso é percebido facilmente na tela. Os efeitos digitais são utilizados não como prato principal e sim para amplificar o que foi construído "analogicamente" com dezenas de carros e dublês à disposição. E por isso, diferente da maioria dos <i>blockbusters</i> atuais, é fácil identificar o que está acontecendo na cena, mesmo nos momentos mais intensos. M</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">uita atenção a detalhes e imaginação de sobra permitem povoar o pesadelo surrealista de <i>Mad Max</i> com as mais bizarras e grotescas criaturas e emoldurá-lo com uma paisagem árida e incrivelmente bela. Cores saturadas, cenas noturnas acachapantes, uma tempestade de areia para entrar pra história: o espetáculo visual está garantido e por si só já valeria o ingresso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Enquanto escrevia essa crítica, fiquei tentando procurar pelos mais banais problemas que fizessem com que <i>Mad Max</i> não merecesse a nota máxima. Poderia dizer que a ação do clímax acaba sendo um pouco menos espetaculosa do que o que veio antes dela, mas sinceramente isso foi praticamente um alívio. Poderia dizer que a maior parte dos nomes e dos poucos diálogos são ridículos (<i>Rictus Erectus</i>? <i>People Eater</i>? <i>Bullet Farmer</i>?), mas isso é parte do charme da série. Poderia dizer que o <i>plot</i> em si é praticamente inexistente e absolutamente previsível, mas ele funciona perfeitamente para emoldurar o que realmente interessa que é a ação. Enfim, deixo <a href="http://www.sfgate.com/movies/article/Clever-touches-enliven-two-hour-Mad-Max-6263383.php" target="_blank">aqui</a> a única crítica negativa que encontrei para tentar balancear um possível miopia da minha parte e oficializo que, para mim, o </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">sarrafo subiu a nível estratosféricos para os filmes de ação com <i>Mad Max: Estrada da Fúria</i>, e boa sorte para quem for tentar se igualar a essa façanha daqui para frente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">P.S.: Claro que não poderia deixar de ser mencionado: o carro com os tambores e o guitarrista... Soooooooo awesome! </span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-83269976060644878402015-04-12T10:04:00.000-03:002015-05-20T11:45:55.421-03:00Demolidor<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw787RvGR3vgK5gy45SI2ymhYFiUbu2nrRLKtOHSFNFpzq6OSTlR0-4s1GofypqKWOyQBQaf_bfMvBScvnXsxwaafDGNK7EO1nIQvJL41A191P3PNDdDNC-rut5b2ZSzuFlk19vzTq514/s1600/Nota3.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw787RvGR3vgK5gy45SI2ymhYFiUbu2nrRLKtOHSFNFpzq6OSTlR0-4s1GofypqKWOyQBQaf_bfMvBScvnXsxwaafDGNK7EO1nIQvJL41A191P3PNDdDNC-rut5b2ZSzuFlk19vzTq514/s1600/Nota3.JPG" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Os tentáculos se expandem </b></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj-rFI4nVsQRL7rMtOvvQHpBnwmPAYT3qZ3Py-xuVedcU4pVBaS9SEVhtutB49LebSp6rf6WRRlc-3TX0aUsKyQh7qugm45ryDEoMA1xbVRW8BMYgdCRbrEyZCo9yZpgP6ajV2wOW1TW4/s1600/Poster_Daredevil.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj-rFI4nVsQRL7rMtOvvQHpBnwmPAYT3qZ3Py-xuVedcU4pVBaS9SEVhtutB49LebSp6rf6WRRlc-3TX0aUsKyQh7qugm45ryDEoMA1xbVRW8BMYgdCRbrEyZCo9yZpgP6ajV2wOW1TW4/s200/Poster_Daredevil.jpg" width="130" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Temporadas</b>: 1</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Episódios</b>: 13</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Demolidor</i> é uma franquia da Marvel considerada por muitos anos como de segundo ou até de terceiro escalão. Ganhou notoriedade e juntou-se aos figurões da editora quando Frank "O Cavaleiro das Trevas" Miller abordou o personagem com uma pegada mais sombria e realista. O escritor introduziu personagens importantes como Elektra, Stick e o Tentáculo e posicionou o Rei do Crime como o grande arqui-inimigo do herói. Miller é também responsável pela "origem definitiva" do Demolidor com a mini-série <i>O Homem sem Medo</i> e por uma das melhores histórias dos quadrinhos de super-heróis em geral: <i>A Queda de Murdock.</i> A saga mostra a vida de Matt Murdock sendo meticulosamente destruída pelo Rei do Crime quando o vilão descobre a identidade secreta do herói (pouco provável que não seja o tema de alguma temporada da série).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Acertadamente, são o clima e os conceitos criados por Miller e refinados posteriomente por grandes escritores como Kevin Smith (<i>Guardian Devil</i>), Brian Michael Bendis (<i>Underboss</i>, <i>Decalogue</i>, <i>Out</i>) e Ed Brubaker (<i>The Devil Inside and Out</i>) que fazem de Demolidor, a série da <i>Netflix</i>, um dos melhores produtos da <i>Marvel Studios</i> até o momento. O conflito entre o advogado e o justiceiro, a corrupção e a decadência da Cozinha do Inferno, a potência das filosofias orientais contra a angústia católica do herói, são temas que saem do papel para fielmente serem traduzidos para a tela.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A mais agradável surpresa e um dos aspectos mais positivos da série foi a decisão dos roteiristas de não utilizar a preguiçosa solução de "caso da semana" que seria óbvia considerando a profissão de Murdock. Mesmo ótimas séries como <i>Hannibal</i> e <i>Justified</i> não conseguiram fugir, ao menos no ínicio, desse modelo. A revolução causada pelo <i>Netflix</i> com a entrega de todos os episódios de uma única vez obriga um distanciamento do tradicional modelo procedural e nós só temos a ganhar com isso. Até mesmo a TV aberta já foi forçada a começar a se adaptar e séries como <i>How to get away with murder</i> já trabalham com menos episódios e um híbrido entre o procedural e o serializado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em seus treze episódios, <i>Demolidor</i> conta uma única história do começo ao fim e o enredo avança em cada um deles, ainda que todos tenham cenas expositivas e redundantes. Há um arco fechado tanto para seu protagonista quanto para os principais personagens secundários e tecnicamente, em termos de narrativa, é difícil apontar problemas. A trama em si envolve o desmantelamento de uma complexa operação criminosa (drogas, corrupção, especulação imobiliária etc.) no bairro Cozinha do Inferno e é bastante tradicional, previsível, quase entediante. Felizmente, ela serve apenas como pano de fundo para que outros elementos mais interessantes sejam desenvolvidos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O principal desses elementos é certamente a construção dos personagens. Charlie Cox (<i>Stardust</i>, <i>Boardwalk Empire</i>) encarna Matthew Murdock com o desespero de quem reconhece o ponto de virada de uma carreira. Ele injeta charme e carisma no advogado cego, mas também uma camada de melancolia subjacente. Mesmo quando seu personagem sorri, fica sempre a sensação de que há algo mais sombrio e atormentado por trás das palavras. O ator consegue ser o centro de todas as cenas em que aparece, com exceção das em que contracena com Vincent D'Onofrio.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os primeiros episódios abordam principalmente os dilemas de Matt, mas cada personagem secundário ganha protagonismo por um ou dois episódios. Esse esquema é brilhantemente trabalhado para que o arco dos personagens secundários se interconecte com o enredo principal em momentos diferentes, garantindo que a trama principal não pare para dar espaço a desenvolvimento de personagens. Revezam-se nessa posição Karen Page (o interesse romântico), Foggy Nelson (o melhor amigo), Stick (o mestre) a enfermeira Claire (o <i>sidekick</i>) e obviamente o vilão da temporada, Wilson Fisk.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Wilson Fisk, o Rei do Crime (denominação que não é utilizada na série em nenhum momento), é o antagonista ideal para Matt Murdock e o personagem beneficia-se da atuação comprometida de Vincent D'Onofrio (<i>Law and Order</i>). Tanto Murdock quanto Fisk acreditam estar lutando pelo mais nobre dos objetivos e enxergam em seu nêmesis o principal obstáculo para atingi-los. Ambos agem de maneira moralmente questionável e o expectador pode ficar com a impressão que a única coisa que os separa é onde eles traçam a linha do que é aceitável ou não. Fisk termina sendo quase tão protagonista quanto o próprio Murdock e é construído com a mesma complexidade e densidade psicológica de seu opositor. Suas cenas com Vanessa, interpretada pela ótima atriz israelense Ayelet Zurer, são algumas das melhores do show.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Outro personagem importante é Karen Page, interpretada por Deborah Ann Woll (<i>True Blood</i>), que passa a trabalhar como secretária na firma de advogados já no começo da história. Ao contrário da personagem dos quadrinhos que inspirou sua criação, a Karen de Woll não é apenas um objeto de cena. Longe de ser somente a ponta de um triângulo amoroso ou potencial vítima do enredo, Karen protagoniza um arco completo que segue paralelamente à história de Matthew durante toda a temporada. Ainda que a investigação conduzida por ela torne-se redundante rapidamente já que a trama principal chega no mesmo resultado muito antes, é um movimento correto da Marvel no que refere-se ao tratamento de suas personagens femininas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os aspectos mais técnicos também são dignos de nota. A fotografia adequa-se perfeitamente ao clima, abusando de tons amarelo-acinzentados que dão uma vibe <i>noir</i> pra história - uma das principais <i>graphic novels</i> do herói é justamente <i>Demolidor: Amarelo, </i>que usa do mesmo expediente. As cenas de ação, com ótimas coreografias para as lutas e perseguições no estilo <i>parkour,</i> ficam no limite do realismo: o Demolidor não possui super-força e nem gadgets e tem que se virar apenas com agilidade e técnica. E também não há mortes assépticas como as dos "raios vaporizadores" de <i>Capitão América</i>, violência é o que não falta no programa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Contudo, apesar de todos os aspectos positivos, Demolidor ainda sofre da previsibilidade e do exagero de cenas expositórias típicas dos produtos <i>Marvel Studios</i>. Sempre divertido, sempre competente, mas ao mesmo tempo burocrático e limitado pelos problemas do gênero. Por mais interessante que algumas cenas sejam, a suspensão da descrença tem que ser muito alta para que elas funcionem. A conexão entre as subtramas é tão coreografada quanto as cenas de luta. A fórmula é tão óbvia quanto a de um desenho da Disney. Mesmo algumas das surpresas deixadas para o final da temporada só têm algum impacto porque fogem da realidade dos quadrinhos e em segunda análise são menos relevantes do que parecem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E, por mais fiel que seja ao material original, as piadinhas, as frases de efeito que são mais do que características da "Casa de Ideias", soam cansativas e um pouco ridículas em alguns momentos. Foggy Nelson, por exemplo, é um personagem que não fez uma boa passagem do papel para a tela. Já que a intenção era mudar o tom, dar mais seriedade, porque não fazer a mudança completa? Porque não deixar de lado a muleta e construir Foggy como uma pessoa de verdade e não só um alívio? E se não bastassem as tiradas tentativamente cômicas, ainda temos que suportar rasas lições de vidas que todos os personagens parecem ter para passar para quem quiser (ou não) escutar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com <i>Demolidor</i>, a Marvel estende seus tentáculos gananciosos em mais um gênero e aumenta a sua base de fãs. Não é preciso gostar de super-heróis para gostar da série, apenas de histórias policiais e ação. Se você é um fã de <i>Dexter</i> ou mesmo de programas mais densos como <i>Hannibal</i> ou <i>The Wire</i>, <i>Demolidor</i> pode até não agradar, mas não deve ofender. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">o show </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">ainda faz parte de um universo em expansão, com mais três séries saindo nesse e no próximo ano com personagens similares (</span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Jessica Jones</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">, </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Punho de Ferro</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> e</span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Luke Cage</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">), culminando com a junção de todos na mini-série </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os Defensores</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">. Longe de ser, no entanto, a obra-prima que a mente coletiva da internet tem tentado construir, </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Demolidor</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> é um agradável entretenimento feito com competência e que talvez mereça a sua atenção.</span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-80824477629851497002015-03-25T06:00:00.000-03:002015-03-26T18:31:41.385-03:00Whiplash - Em busca da perfeição<div style="text-align: center;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPjbuiK_f0Hf_-3_OJNWGAHgHFaRGnU6_6fAXjpuzfjz02NijYC1O05wDsrTZRpjoRHKez08NgaJv1QK0HYtUegnY5SMW3lygh-okB-S8_ev2FTyoA-8mml0sQh9j6Cpb8IhIed91KyDw/s1600/Nota4.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPjbuiK_f0Hf_-3_OJNWGAHgHFaRGnU6_6fAXjpuzfjz02NijYC1O05wDsrTZRpjoRHKez08NgaJv1QK0HYtUegnY5SMW3lygh-okB-S8_ev2FTyoA-8mml0sQh9j6Cpb8IhIed91KyDw/s1600/Nota4.JPG" /></a></div>
<b style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um Jazz de uma (ótima) nota só</b></div>
<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5Hg8FDBL1DJDbbb_ml54tqVm_kU21jjmE4Q7IVaLE_9zpNTM-3nSpWR5mYqXazkaFcwlA4PhvImkUm81tbuANakCAQKkO4pGlcWXs10X17dr21LlpzFyhQsNZmiD5OX6nZ3uL-zpfcW8/s1600/Poster+Whiplash.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5Hg8FDBL1DJDbbb_ml54tqVm_kU21jjmE4Q7IVaLE_9zpNTM-3nSpWR5mYqXazkaFcwlA4PhvImkUm81tbuANakCAQKkO4pGlcWXs10X17dr21LlpzFyhQsNZmiD5OX6nZ3uL-zpfcW8/s1600/Poster+Whiplash.jpg" height="200" width="136" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Direção</b>: Damien Chazelle</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Título Original</b>: Whiplash</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Duração</b>: 107 min</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Idioma</b>: Inglês</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Lançamento</b>: Jan/2015</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Whiplash ganhou os prêmios de melhor som, melhor edição e melhor ator coadjuvante esse ano na cerimônia do Oscar. A resenha poderia parar nessa frase, pois ela praticamente delineia exatamente o que esperar do filme: uma edição visceral e pungente, adornada pelas batidas frenéticas e o extasiante efeito do jazz, garante a plataforma perfeita para que um excelente ator encontre o seu momento de glória. E isso é tudo por hoje, pessoal.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não exatamente.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Seria simplista demais reduzir Whiplash a esses três fatores e desconsiderar outros bons aspectos do filme, porém seu calcanhar de Aquiles é justamente na categoria que mais interessa a mim e ao Crítica em Série: a história, o roteiro, a narrativa. Contudo, antes de falarmos dela, sigamos com os pontos positivos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nunca a expressão "sangue, suor e lágrimas" foi tão literalmente trabalhada quanto nesse filme. A edição alterna entre enquadramentos fechados desses fluidos em todas as suas variações possíveis. Tudo é atmosfera e contexto. Cada detalhe precisa intensificar o tema central, a obsessão e toda a transpiração e sacrífico associados. Afinal, o embate de um baterista e seu mentor "em busca da perfeição", como deixa claro o subtítulo do filme no Brasil, não é exatamente o material mais óbvio para um thriller. Para transformar essa premissa em algo emocionante, vai ser necessária muita técnica.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E técnica é o que não falta a um ator veterano como J.K. Simmons, que em Whiplash parece ter alcançado sua apoteose. Simmons definitivamente é um daqueles atores que se destacam em qualquer produção mesmo em papéis menores (vide Oz ou a trilogia original do Homem-Aranha), porém é, ao mesmo tempo, um ator de um único papel (vide Robert Downey Jr.). Fletcher, o regente a quem o ator dá vida, parece ter sido criado especialmente para ele. Fletcher é pura voz e entonação e é só checar a página de <a href="http://www.imdb.com/name/nm0799777/">Simmons </a>no IMDB para ver que boa parte do seu histórico é composta de trabalhos como dublador em desenhos animados e até jogos (ele é um dos melhores elementos do mais que excelente Portal 2, por exemplo).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Simmons é virtuosidade pura em cena, praticamente impecável, mas não teria tido tanto sucesso se não encontrasse em Miles Teller um oponente à altura. O jovem ator, e também músico diga-se de passagem, consegue misturar em medidas corretas arrogância e prepotência com confusão e insegurança, o que permite a seu Andrew ser simultaneamente vítima e contumaz adversário.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O diretor e também roteirista <a href="http://www.imdb.com/name/nm3227090/">Damien Chazelle</a>, que ainda não conta com praticamente nada no currículo, conseguiu se afastar absurdamente do festival de bobagens que foi seu roteiro em <a href="http://www.imdb.com/title/tt2039345/?ref_=fn_al_tt_1">Toque de Mestre</a> e calcar sua história em elementos dramaticamente mais coerentes. Contudo, a narrativa de Whiplash é um jazz de uma nota só, uma sequência de cenas tematicamente monotônicas, que repetem à exaustão uma única batida.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Andrew e Fletcher são personagens unidimensionais, arquétipos que representam uma ideia e não seres humanos completos. E ainda que isso sirva perfeitamente ao propósito do filme e que a única dimensão que eles possuam seja de uma potência brilhante, eu particularmente gostaria de tê-los visto tocarem mais de uma melodia. Quem é Andrew ou quem é Fletcher além da força motriz que os impulsiona? </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">As poucas cenas que tentam ampliar o espectro psicológico dos dois protagonistas, como o romance de Andrew ou a desolação com a morte de um estudante de Fletcher, provam-se apenas subterfúgios para reforçar ainda mais a mensagem principal. Alguém uma vez disse que Dave Matthews não era um vocalista, mas que sua voz era só mais um instrumento da banda. Andrew e Fletcher não são personagens, são apenas engrenagens de um roteiro milimetricamente ajustado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Minha primeira impressão, ao terminar o filme, foi de ter visto um Cisne Negro sem a profundidade de caracterização e sem os truques narrativos. Uma párabola sobre a obsessão contada em uma única camada. Foram necessárias algumas conversas com amigos e a leitura de um tanto de outras resenhas para começar a avaliar o filme com lentes diferentes. Alguns expectadores vão enxergar perfeição cinematográfica em um roteiro que não foge do seu objetivo nem por um segundo, enquanto que outros, como eu, vão sentir o vazio de uma produção focada em personagens que terminam sua jornada no mesmo ponto em que a iniciaram. O que importa é que independente de que lado você esteja, dificilmente estará indiferente.</span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-40256837186164637862015-03-24T06:00:00.000-03:002015-03-24T06:00:03.838-03:00Garota Exemplar (Livro)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo7BlzIus0kUOPyaUCmprDiptCce6Av1tOjdgjIRIPCb1UUFOthuqxyLu2Q_AcuZNXCXYFFhyphenhyphenzPWFwgdRz-ePe5Rpd74PZkjCv_zRx_g0q5buZETgFlv-rYyPHXZp9iXsV6IKxsUke9l4/s1600/Nota4.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo7BlzIus0kUOPyaUCmprDiptCce6Av1tOjdgjIRIPCb1UUFOthuqxyLu2Q_AcuZNXCXYFFhyphenhyphenzPWFwgdRz-ePe5Rpd74PZkjCv_zRx_g0q5buZETgFlv-rYyPHXZp9iXsV6IKxsUke9l4/s1600/Nota4.JPG" /></a></div>
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<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A faceta mais aterrorizante do casamento</span></b></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh77fQ0QkZt6i5TN43idIkJuvgHW9CS8ZbJ73fjmP7J-AhsXWiWYaGXk7yw-XkGZQWjKIFa3LSqeIcdquYrlw2-0S9kOeogF48tyzYk_HihNnJsN1DvoQA9T4W4Xpvvr4XnpjmhTaMhBnk/s1600/Poster+Garota+Exemplar+Livro.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh77fQ0QkZt6i5TN43idIkJuvgHW9CS8ZbJ73fjmP7J-AhsXWiWYaGXk7yw-XkGZQWjKIFa3LSqeIcdquYrlw2-0S9kOeogF48tyzYk_HihNnJsN1DvoQA9T4W4Xpvvr4XnpjmhTaMhBnk/s1600/Poster+Garota+Exemplar+Livro.jpg" height="200" width="138" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Considero quase impossível fazer uma análise desse livro sem revelar detalhes da trama. Por esse motivo, segue no primeiro parágrafo, o arremate que estaria reservado ao último: um ótimo livro de suspense que vai fundo em analisar os perigos que rondam um casamento e a difícil dinâmica entre um homem e uma mulher. É diversão garantida com um bom tanto de reflexão e recomendo sem maiores ressalvas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Vamos agora à análise que pode conter <i>spoilers</i>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Só para começar: ainda que a tradução do título para o português seja bastante própria para o livro, ela altera consideravelmente a relação do leitor com o mesmo. No original, em inglês, <i>Gone Girl</i>, você pode entender "Garota que se foi" em seu sentido mais literal e que é totalmente apropriado para uma história cujo tema principal é o desaparecimento de uma mulher, mas você pode também aceitar o seu sentido metafórico como a garota já não está mais lá ou já se tornou outra pessoa. Nos dois casos estaríamos falando de uma garota genérica, como se representasse toda e qualquer mulher.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Garota Exemplar</i>, o título em português, remete a uma temática muito específica, de uma garota que não comete erros, que faz tudo o que se espera dela. Algo extremamente em linha com um dos pontos mais relevantes do livro, mas que não representa o que me parece ser a intenção original da autora. Cito esse assunto apenas como uma ponderação, porque admito que seria difícil uma tradução que capturasse a essência do título original.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Garota Exemplar</i> é um exemplo do que os americanos sabem fazer de melhor: replicar modelos de sucesso. Parece um livro escrito com uma fórmula ou roteiro com regras e métricas sobre o que inserir ou revelar em cada momento. Ele apresenta os personagens e inicia a ação rapidamente e vai distribuindo pequenos ganchos a cada, no máximo, 15 ou 20 páginas, fazendo com que o interesse se perpetue (estilo Dan Brown). </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Só que mesmo que a técnica seja perfeita, seria muito difícil alcançar o sucesso sem um tema que falasse diretamente à alma do leitor: no caso de <i>Garota Exemplar</i>, a incomunicabilidade entre o homem e a mulher e a difícil missão a que eles se propõe de manter um casamento. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Boas histórias de terror e suspense são aquelas que intensificam o lado perverso de algo que culturalmente consideramos positivo. Quando você transforma a gestação e o nascimento de uma criança em algo perverso, por exemplo, você atinge mais profundamente sua audiência. Em <i>Garota Exemplar</i>, o protagonista monstruoso é a relação de Amy e Nick e principalmente o seu casamento. Pequenas frustrações ou dificuldades de comunicação que permeiam o casamento de qualquer pessoa são amplificadas até atingirem níveis surreais. Contudo, como são calcadas na realidade, sempre fica a sensação de que "poderia acontecer comigo".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Amy e Nick, os polos dessa relação tão doentia quanto usual, são personagens construídas para parecerem reais, mas ao mesmo tempo funcionarem como arquétipos do masculino e do feminino, tanto das características boas, quanto das menos desejáveis. Amy é </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">é uma sociopata, mas é tão fácil me identificar com ela que chego até a ter medo. Nick também é um sociopata, mas como homem não é difícil empatizar com suas angústias e seu desespero. As duas personagens são incríveis, mas <i>Amazing Amy</i> é de longe a que merece um lugar na minha memória eternamente. Se não por mais nada, pelo seu monólogo no início do segundo ato do livro e suas reflexões sobre a "garota legal (<i>cool</i>)".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Falando em segundo ato, vale mencionar que a estrutura narrativa e o formato da história são outros atrativos do livro. Alterna entre a narração em primeira pessoa por parte de Nick, conforme os eventos se desenrolam após o desaparecimento, e a exposição do diário de Amy que desvenda a vida anterior do casal na forma de <i>flashbacks</i>. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Amy em seu diário desenvolve o relacionamento dos dois desde o momento em que se conheceram e sua visão é contraposta às lembranças e reminiscências de Nick nos dias atuais, formando um painel de expectativas e desilusões antagônicas e tristemente familiares.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Infelizmente, para leitores e expectadores de mistérios e <i>thrillers</i>, uma das revelações principais acaba não causando o espanto que deveria, mas os pequenos ganchos de cada um dos curtos capítulos mantêm um ritmo fluido e o interesse não diminui (terminei o livro em praticamente uma sentada). É necessário também que se suspenda a descrença em algumas passagens que forçam a mão, mas no ponto em que elas acontecem você já está tão interessado no destino de Nick e de Amy que vai deixar passar muita coisa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como normalmente acontece, muita gente vai deixar de ler esse livro e conhecer a história apenas pelo ótimo filme do diretor David Fincher. Infelizmente o papel tem muito mais a oferecer do que o que é mostrado nas mais de duas horas de tela. Amy e Nick são muito complexos e há muito mais a se absorver deles do que simplesmente ouvir e ver a sua história.</span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-18236884537264328162015-03-19T06:00:00.000-03:002015-03-19T16:49:59.929-03:00Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgV7AZor6-9R81VNNRYb0SwFWaM4Vp2Hg41bq3-BqADl9OsOlhVyUlPRGieKm1LMnjs_bCpu-3INtiTTTsSAGxhFFYNW5Re5hmsth2T5pGIstewR2VfTtd0lSSEc2EF8F-H-SgQGHGjf0A/s1600/Nota4.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgV7AZor6-9R81VNNRYb0SwFWaM4Vp2Hg41bq3-BqADl9OsOlhVyUlPRGieKm1LMnjs_bCpu-3INtiTTTsSAGxhFFYNW5Re5hmsth2T5pGIstewR2VfTtd0lSSEc2EF8F-H-SgQGHGjf0A/s1600/Nota4.JPG" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Tecnicamente irrepreensível, mas...</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvOuavXtm-g4pHExNCou8bMHTV3lxvVNtTnVCxHNtSeAgxI2pgTx1Z6xm24uQo_DcklqE2mFpvyt8ESWLgJIE_wydO0_pizaqo0SEbKEC7iNPBRzq8vDsshLF597eD-lQhU3ammzAZMVA/s1600/Poster+Birdman.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvOuavXtm-g4pHExNCou8bMHTV3lxvVNtTnVCxHNtSeAgxI2pgTx1Z6xm24uQo_DcklqE2mFpvyt8ESWLgJIE_wydO0_pizaqo0SEbKEC7iNPBRzq8vDsshLF597eD-lQhU3ammzAZMVA/s1600/Poster+Birdman.jpg" height="200" width="135" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Direção</b>: Alejandro Gonzáles Iñárritu</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Título Original</b>: Birdman or (The unexpected virtue of ignorance)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Duração</b>: 119 min</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Idioma</b>: Inglês</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Lançamento</b>: Jan/2015</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Birdman ou (A inesperada virtude da ignorância)</i> ganhou o último e mais importante prêmio da cerimônia do Oscar, o de melhor filme. Levou também os prêmios de melhor diretor, fotografia e roteiro original. Foi justo? Como acontece com quase todas as perguntas para as quais damos pelo menos uma certa importância na vida, a resposta é simplesmente "depende". Depende muito do que você espera de um vencedor do Oscar, depende dos seus valores, depende da sua conexão emocional com o filme, dentre outros parâmetros.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pessoalmente, se tivesse que escolher o melhor filme desse ano, teria dado a estatueta para <i>O Grande Hotel Budapeste</i>. Acredito que um Wes Anderson merece ganhar pelo menos uma vez e vai ser difícil você conseguir ser mais Wes Anderson do que em <i>O Grande Hotel Budapeste</i>. Assisti a apenas mais três dos filmes que concorreram, mas por trailers e cenas que já rodaram na internet e na própria cerimônia do Oscar, entendo que <i>Birdman</i> tenha levado o prêmio porque ousou tecnicamente, acertou no roteiro e foi muito feliz na escolha de seu elenco. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A ousadia de Birdman evidencia-se principalmente no formato que é puro experimentalismo e descarada vontade de mostrar que "sim, é possível" fazer um filme inteiro como um grande plano-sequência. O prêmio de fotografia (ou atualmente cinematografia) era uma barbada, já que boa parte da diversão do filme é tentar entender onde foram feitos as quebras entre as cenas ou como certas tomadas que atravessam grades, paredes etc, foram realizadas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Talvez seja um pouco de exagero adjetivar o roteiro como inovador, mas fato é que ele ao menos não é tradicional e fala de temas que tocam a sensibilidade dos tais "membros da Academia", aquelas figuras míticas que são citadas a todo minuto na cerimônia do Oscar, mas que ninguém parece saber exatamente quem são. <i>Birdman</i> narra os dias que antecedem a estreia na Broadway de um ator mundialmente conhecido por ser um pioneiro da onda de filmes de super-heróis que tomou conta de Hollywood nas duas últimas décadas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Riggan Thomson, interpretado por Michael Keaton, quer provar para o mundo e para si mesmo que é mais que um corpo em uma roupa de látex fingindo voar pela cidade. Para isso ele escreve, produz e protagoniza uma peça baseada em um antigo material de Raymond Carver. Somando ao estudo de personagem que já surgiria dessa premissa estão elementos fantásticos e metafóricos associados à psique de Riggan: ele acredita que tem (ou realmente tem) poderes super-humanos como seu antigo alter-ego, o super-herói Birdman (alter-ego esse que está constantemente discutindo com Riggan).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Se alguém associou a escolha de Michael Keaton ou Birdman com a série de filmes do Batman, tome aqui uma sardinha. Não só ele, mas também alguns de seus companheiros de elenco são profissionais conceituados que também já colocaram seu talento em prol da quadrinização do cinema. Emma Stone e Edward Norton, no entanto, levaram suas indicações aos prêmios de melhor ator e atriz coadjuvante sem muito esforço, tendo acertado em cheio uma ou duas cenas (Norton mais que Stone), mas Keaton permanece a maior parte do tempo em tela e muitas vezes está irreconhecível. Não levou o Oscar, mas arrebatou vários outros prêmios nas semanas que antecederam a cerimônia. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A performance de Keaton não é pro meu gosto pessoal, pois ele parece uma versão melhorada (e muito) da escola cocainômana de atuação Fábio Assunção, sempre se movendo, sempre de olhos arregalados e tensos, mesmo quando a cena pede uma postura mais relaxada (que são poucas no caso de Birdman). Porém é impossível não admitir que foi um trabalho de atuação digno de aplausos e que nos deixa, no mínimo, uma cena antológica em que ele anda de cuecas pela Times Square, enquanto é assediado por fãs.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A superposição do fantasioso com o real, a loucura metafraseando a realidade, os paralelos das carreiras dos atores envolvidos no filme com o que os personagens estão vivendo: todas essas camadas tornam a experiência de Birdman muito mais interessante do que a de seus concorrentes. Além da experiência estética, das boas atuações, soma-se esse roteiro que brinca em seus diálogos e situações com símbolos e metáforas de uma maneira orgânica e inteligente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E se a cinematografia, o roteiro e as atuações beiram o impecável, por outro lado, há aspectos que podem criar uma sensação de desconexão ou afastamento do expectador com o filme. Birdman é, por exemplo, bastante exaustivo e cansativo. Todos os personagens são intensos, todas as emoções estão constantemente a extravasar pela tela. Não há alívio, não há mudança de tempo, são duas horas em uma batida forte e mesmo quando o ritmo dá uma trégua (nas cenas de Riggan com sua ex-esposa, por exemplo), há um mal-estar ou uma tensão oculta no ar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Além disso, fora do meio artístico e principalmente do cinema/teatro, é difícil se conectar com o dilema vivido pelo protagonista (ainda que seja relativamente fácil de compreende-lo). É como se eu conseguisse perfeitamente entender o que o filme está querendo entregar, mas não valorizar a mensagem. Essa falta de empatia não me permite apreciar o filme tanto quanto o meu lado racional acredita que deveria. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No discurso no Oscar, o diretor Alejandro Iñarritu mencionou, para meu espanto, ter ficado feliz de finalmente fazer uma comédia. Uma declaração que só faz sentido se acreditarmos que seja uma tremenda ironia ou se buscarmos um nível muito mais conceitual do que seria uma comédia. Ainda que haja momentos, e muitos, tragicômicos, a tragédia é quem dá o tom e faz-se muito mais imponente nessa tour-de-force teatral. Contudo, quando fica dificíl encaixar uma obra de arte em uma caixinha específica já é um bom sinal de que algo de interessante está acontecendo ali.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Mais Oscar 2015 no Crítica em Série</b>:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-12786599165531205822014-11-11T06:00:00.000-02:002014-11-11T14:41:50.616-02:00Precisamos falar sobre o Kevin<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGEYtFZjAMTnqmSZOvkNWl0u-ciB-QYdbFZDCYYEPgf6jLYHofHOk2t6F9cLFArUEyxOC46wULBea3lqaLY3HPNeGrjwZYiMhX7gncvQjptFg6cQbBaZCcLH_lWj-E4ditjRm6m7mx3-0/s1600/Nota4.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGEYtFZjAMTnqmSZOvkNWl0u-ciB-QYdbFZDCYYEPgf6jLYHofHOk2t6F9cLFArUEyxOC46wULBea3lqaLY3HPNeGrjwZYiMhX7gncvQjptFg6cQbBaZCcLH_lWj-E4ditjRm6m7mx3-0/s1600/Nota4.JPG" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Tema Dificíl, Inúmeras Interpretações</b></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4idJU7N4v4EeDzNXjCQ5lClQyUIbvPtuEc2ndrsun-svXDl-EbssGNUP5eKcpRzOseTxy6y4fqEQSufqFgFZvIjOPLtV2PCQCKDADrpPm1Vw54CkWCqA_yJrdxp0tSPzVsYQ5DUXecgo/s1600/We+need+to+talk+about+Kevin.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4idJU7N4v4EeDzNXjCQ5lClQyUIbvPtuEc2ndrsun-svXDl-EbssGNUP5eKcpRzOseTxy6y4fqEQSufqFgFZvIjOPLtV2PCQCKDADrpPm1Vw54CkWCqA_yJrdxp0tSPzVsYQ5DUXecgo/s1600/We+need+to+talk+about+Kevin.jpg" height="200" width="141" /></a></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Direção</b>: Lynne Ramsay</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Título Original</b>: We need to talk about Kelvin</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Duração</b>: 112 min</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Idioma</b>: Inglês</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Lançamento</b>: Jan/2012</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Há algum tempo não tenho tanta dificuldade para escrever sobre um filme. <i>Precisamos falar sobre Kevin </i>é um espécime bastante peculiar. Explico-me. Assim que os créditos subiram, meu sentimento era de que o filme tinha passeado por diversos pontos e não chegado a lugar algum. O filme termina em um ponto que parece incoerente com tudo que o precedeu e ao mesmo tempo há elementos que o tornam possível. Não me pareceu um filme bom. Contudo, quanto mais penso nele, mais vejo que há conteúdo de sobra e há diversas discussões interessantes esperando para serem iniciadas escondidas entre cores, expressões faciais, pedaços de história.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em primeiro lugar, é necessário dizer que fotografia e direção de arte são tocadores de bumbo dessa película. E isso é, novamente de maneira interessante, sua maior força e sua principal fraqueza. A força vem da carga simbólica que é pensada para cada cena. O filme abre com a personagem principal, Eva Khatchadourian, sendo carregada por uma multidão no que parece ser a Tomatina, a festa espanhola do tomate. Lembra uma orgia banhada a sangue. Eva está em êxtase. Eva é uma escritora-viajante, conhece o mundo e vive a vida do ultraurbano feliz e descolado, mas o banho de "sangue" prenuncia o que será a sua realidade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">São mostrados quatro períodos distintos da vida de Eva que parecem todos ser um único. Os tempos se mesclam para tentar criar uma relação de causa-efeito ou, no mínimo, uma correlação. Cenas são encadeadas com elementos em comum para que o telespectador crie as conexões que não foram mostradas. Tudo é simbólico. Respostas não são dadas, mas induzidas. Eva toma pílulas e bebe, Eva está em choque, Eva está extasiada. Em quase todos os momentos Eva parece estar em um estado que permite interpretarmos que tudo que vemos é visto com os olhos de Eva, tudo se confunde, presente e passado são a mesma coisa. As atitudes das pessoas parece estranha: o filho é excessivamente maligno, o marido estupidamente iludido, a filha absurdamente meiga. Vemos a realidade ou vemos o mundo com as lentes de Eva? </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tudo isso eleva o filme a patamares superiores, criando camadas de interpretação para cada uma das cenas. No entanto, a estrutura é uma fraqueza ao descreditar a, por assim dizer, camada principal, ou seja, a história "real". Descredita a ponto de, no final, você simplesmente não comprar o desfecho e o filme cair na clássica avaliação "não fez sentido" reservada a exemplares ruins. Mesmo entendendo a dinâmica entre os personagens, é difícil aceitar a conclusão. É uma daquelas situações em que a atitude da personagem parece servir ao roteiro e não ser coerente com ela mesma. Contudo, são pouquíssimas as pessoas na audiência que poderiam efetivamente alegar entender a persoangem, já que pouquíssimas estiveram nessa situação extrema.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não havia lido ainda o livro no qual o filme se baseou, mas o final foi tão desconcertante, que comecei a ler as primeiras páginas minutos depois do Netflix começar a sugerir filmes similares para continuar assistindo. A estrutura narrativa é completamente diferente e torna o "<i>Precisamos falar sobre Kevin</i>" do título ao mesmo tempo muito mais literal e ainda mais irônico: o livro é escrito na forma de cartas de Eva para o marido Franklin cerca de um ano e pouco depois do fatídico crime de Kevin. Já no início dá para ver que vários pontos que ficam completamente subentendidos no filme, são tratados, ainda que de forma sutil e indireta, com muito mais densidade e aprofundamento. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Lynne Ramsay, a diretora, quer mostrar em imagens o que no livro é discutido com palavras, muitas palavras. A já centenária expressão "uma imagem vale mais que mil palavras" parece ser o <i>modus operandi</i> de Ramsay. As cores dão o tom e você precisa decifrar expressões faciais, entender o contexto, ligar o ângulo da câmera com o sentimento da personagem e decifrar muitos outros símbolos para poder absorver o que ela está querendo passar. Se no livro você terá várias oportunidades para aprofundar-se na alma de Eva através de suas divagações, auto-enganos e ilusões, no filme você terá que inferir as mesmas coisas a partir de olhares, esgares, trejeitos e expressões corporais. Não há narração, nenhum Morgan Freeman explicando didaticamente o que está acontecendo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Considerando isso, é essencial ter como protagonista uma atriz do porte de Tilda Swinton. Ela já tinha feito uma espetacular mãe em um filme de 2001 chamado <i>Até o fim</i> que poucas pessoas viram. Naquele, a mãe faz de tudo para garantir que o filho não seja acusado de assassinato, uma mãe clássica, entregue, muito diferente de Eva. A Eva de Swinton é uma mulher alquebrada, disforme, pálida e destroçada pela culpa. Em uma narrativa clássica, você se identificaria com a "vítima", mas Ramsay e principalmente Swinton não permitem que isso aconteça de forma fácil. Eva não é uma personagem simpática e de fácil identificação, porque Eva, a primeira mãe, a mulher primordial, rejeita e ao mesmo tempo sucumbe a seu papel "natural" e torna-se um alvo fácil para o julgamento não só das outras personagens da história, mas também da audiência.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ezra Miller, assim como os pequenos Jasper Newell e Rock Duer constroem um Kevin estranho, difícil, diabólico e manipulador, porém, apesar de tais interpretações serem dignas de elogios, o resultado delas cria uma personagem que é um dos principais motivos para a difícil aceitação do desfecho da história. Sobra muito pouco ou quase nenhum espaço para qualquer análise de Kevin que não seja a do sociopata que vai gradualmente aumentando seu nível de maldade. Com um pouco mais de ambiguidade e zonas cinzentas, o filme teria também gradualmente saído no nível muito bom para excelente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Há algumas tintas feministas de tonalidade forte no vermelho-sangue que rege o filme. Eva, dona de si, viajante, culta, independente passa a ser marionete das personagens masculinas e será apedrejada por não ter aceitado plenamente seu inevitável papel biológico e "natural". Eva submete-se inicialmente ao marido e posteriormente a Kevin, vítima de uma culpa que parece extrínseca a ela. Como conciliar a Eva pré-Kevin com a Eva pós-Kevin? Do pouco que li do livro, a discussão é mais complexa e envolve toda a cultura norte-americana ou mesmo ocidental, o vazio existencialista de nossa geração, passa por consumo e imagem e não necessariamente debruça-se sobre a opressão masculina. Porém, essa é uma interpretação válida como várias outras e daí nasce a força do filme (e mais ainda do livro).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Uma outra linha de interpretação possível </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">é a possibilidade da fatalidade ter sido evitada se o contexto cultural fosse diferente. </span><i style="font-family: Verdana, sans-serif;">Precisamos falar sobre Kevin</i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> coloca o dedo em uma ferida exposta porque levanta a possibilidade de que talvez a tragédia não houvesse ocorrido se a sociedade não cobrisse de uma aura mítica a maternidade e não ditasse o que é moralmente correto relacionado a relação de uma mãe com um filho. Se Eva encontrasse em Franklin ou em qualquer outra pessoa empatia para seus sentimentos em relação a Kevin, é possível que a vida de ambos, mãe e filho, tivesse se desdobrada de outra maneira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Apesar de se chamar "Precisamos falar sobre Kevin", o que menos os pais fazem durante o filme é falar sobre o filho. Essa incomunicabilidade, que também ocorre entre Eva e Kevin ou Kevin e Franklin (o pai), é talvez uma das principais chaves para a compreensão dos eventos. A ironia do título é ainda maior porque a mãe é não só escritora, mas uma escritora sobre viagens, que fala sobre outras culturas, tenta entender pessoas muito diferentes dela. Ela consegue entender rituais sagrados de uma tribo de Bangladesh, mas não o próprio filho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">As discussões podem passar também pela alegoria pois, para somar insulto à injúria, Kevin é geneticamente muito similar à sua mãe. Ezra Miller, que interpreta Kevin adolescente, veste-se de maneira andrógina e tem um rosto muito parecido com o da "estranha" e pálida Tilda Swinton. Essa semelhança permite-nos ver Kevin como um alter-ego de Eva, ou como se ela tivesse expurgado de si um mal inexplicável sobre o qual ela permanecerá sempre responsável por acreditar ser versão monocromática de si mesma. Diferentemente dos horrores de um <i>Alien</i> ou de <i>O bebê de Rosemary</i> em que a mãe carrega o mal em seu ventre, Eva não deu a luz a um mal extrínseco a ela, mas apenas libertou o seu próprio lado sombrio. Como sua homônima bíblica, Eva deu a luz a Caim, mas também a Abel (Celia, a filha, é absurdamente boa) e tornou-se uma casca vazia, cuja moral e ética dependem dos seres a quem ela deu a vida e já não pode controlar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Precisamos falar sobre Kevin</i> é um ótimo filme que ultrapassa a barreira das suas quase duas horas de duração, abrindo margem para questionamentos posteriores. Acredito que ele fique ainda mais interessante se acompanhado à leitura do livro e estou eu mesmo entregando-me a essa tarefa atualmente (resenha do livro em breve). Vale a pena ver em um dia em que a pedida for por algo mais contemplativo e instigante e não pelo mero entretenimento. Aos amigos que já o viram: precisamos falar sobre esse filme.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Outras críticas de bons dramas no Crítica em Série:</b></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><span style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><a href="http://www.criticaemserie.blogspot.com.br/2011/07/duvida.html" target="_blank"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvPDLgnkAPwrmWbSI3hYiKxSua_4CYeSGqOrYhPwvBaJNJTLBAWSSHPF59KitFw1UfsPHowDcB0-eK1RmK7-qeXv66ABtgzzbJFP8AgPj9PfkkKAiyaJwJGE5ldOP4BjQeBHUDGyhnTf4/s1600/Doubt.jpg" height="200" width="136" /></a></span></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><a href="http://www.criticaemserie.blogspot.com.br/2011/07/duvida.html" target="_blank">Dúvida</a></td></tr>
</tbody></table>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><span style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><a href="http://www.criticaemserie.blogspot.com.br/2013/04/melancholia.html" target="_blank"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-GOLyCunlDZuH8PiOl04IeMQY8Fy28lhBGWOPbll5ojn_4onN4vIgirWitzsBvmagopfdaxzB24NW6R_aiPtrGX5kJ6g7vxej0abQM8abPxhFe4U6wuPW-cfRlmL2kRpxJ-y4YkR83qo/s1600/Melancholia.jpg" height="200" width="134" /></a></span></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><a href="http://www.criticaemserie.blogspot.com.br/2013/04/melancholia.html" target="_blank">Melancolia</a></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-71967256174094357132014-06-22T06:00:00.000-03:002015-05-18T15:34:55.220-03:00Orphan Black<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-zmOSmNhtZ79E7dfZ2l9WiF8qwpy3XRGlhQ330YSqWQjZHz_3PbcKQb_C6aBuka6QyAInVxZoAGxeoCap8WoGLIQR424Lo2v8jIf2uiMTKqhANSIYZ2-Y_T8gJqZOkOlYVVv-at8PBzU/s1600/Nota3.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-zmOSmNhtZ79E7dfZ2l9WiF8qwpy3XRGlhQ330YSqWQjZHz_3PbcKQb_C6aBuka6QyAInVxZoAGxeoCap8WoGLIQR424Lo2v8jIf2uiMTKqhANSIYZ2-Y_T8gJqZOkOlYVVv-at8PBzU/s1600/Nota3.JPG" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Clonicamente Viável</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhScPlubdl2qGE5x7S8AOJeZxOJ10f_KcKrtX0sAntTYLUGG7RudhOn8zaWB9FMSTQinYzSLmrZHQPX-_X_prBZcOtzm1XxqPX2a-y1Se0f2EU71MwsOvWh4isJ0UAxBBRF_ZdEBuMPv0w/s1600/Poster+Orphan+Black.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhScPlubdl2qGE5x7S8AOJeZxOJ10f_KcKrtX0sAntTYLUGG7RudhOn8zaWB9FMSTQinYzSLmrZHQPX-_X_prBZcOtzm1XxqPX2a-y1Se0f2EU71MwsOvWh4isJ0UAxBBRF_ZdEBuMPv0w/s1600/Poster+Orphan+Black.jpg" width="131" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Temporadas</b>: 2</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Episódios</b>: 20</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ontem assisti ao último episódio da segunda temporada de <i>Orphan Black</i>, uma série canadense que vai ao ar pela BBC. Confesso que foi com um pouco de tédio e desinteresse que passei por um bom tanto dos episódios anteriores, quase sempre em dúvida se o tempo dispendido com essa ficção científica realmente era válido. Todos os episódios traziam um ou outro elemento que se destacava e pedia para que eu checasse pelo menos mais uma sessão antes de tomar a decisão. E nessa balada, já chegamos ao final de duas temporadas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não me entendam mal, <i>Orphan Black</i> é um bom programa, realmente bom, só que escorrega em pontos importantes e passeia muito frequentemente pelo tosco. Sabe aquelas situações quando você percebe qual a intenção dos roteiristas, vê claramente que não está sendo atingida e bate uma certa vergonha alheia? <i>Orphan Black</i> tem muitas dessas. Porém, também há muitas outras vezes em que mesmo eles usando subterfúgios manjados, fazem de tal maneira que é impossível não sorrir e pensar "Mandou bem demais!".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Orphan Black</i> dá início a sua saga com Sarah, um tipo não muito honesto que aparentemente vive de pequenos golpes. Em um dia qualquer, ela presencia o suicídio de uma mulher praticamente idêntica a ela no metrô de Toronto. Sarah, malandra como só, resolve assumir a identidade da falecida com o intuito detirar alguma vantagem da situação (além da natural curiosidade de saber mais sobre sua recém-descoberta "irmã gêmea"). Isso obviamente não acaba bem e ela se vê envolvida em uma trama conspiratória daquelas que qualquer pessoa com juízo gostaria de passar longe.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Segue um <i>spoiler</i> à frente, mas que na verdade, é tão <i>spoiler</i> quanto falar que <i>Os Sopranos</i> é uma série sobre a máfia: <i>Orphan Black</i> é sobre clonagem, ou se preferir, é sobre uma atriz usando diversos tipos de perucas diferentes, falando em diferentes sotaques, criando personagens as mais diversas possível com extrema competência e virtuosidade (e mesmo assim acaba esnobada pelo Emmy por dois anos seguintes). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tatiana Maslany, que interpreta a(s) protagonista(s), faz horas extras para levar a equipe nas costas. As melhores personagens sem dúvida são as diferentes versões dela mesma. E não só porque é sempre um prazer vê-la se esforçar para dar maneirismos, sotaques, expressões diferentes para cada um deles, mas sim porque elas são as personagens que possuem algum tipo de personalidade bem definida e funções proeminentes na história.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Há outras boas surpresas em termos de caracterizações, mas algumas delas só se desenvolvem depois de um tempo. Até é um prazer ver os roteiristas tentando tornar alguns dos personagens mais interessantes ao longo dos episódios, mas infelizmente a maioria das tentativas não é bem sucedida. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um dos personagens mais importantes da primeira temporada passa a segunda sem ter o que fazer e faz participações que chegam a ser constrangedoras de tão forçadas. Outro, no entanto, cresce a cada nova revelação e é interpretado por um dos poucos atores da série que conseguem evocar mais do que dois sentimentos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">De maneira geral, as personagens femininas (quase todas intepretads por Maslany) têm bastante profundidade, enquanto as masculinas, são rasas e ainda prejudicadas por interpretações que beiram o ridículo. Talvez seja proposital, já que a série parece ter um subtexto de objetificação da mulher, da invasão da privacidade e muitas vezes do corpo e do DNA feminino. Os homens da série parecem estar lá apenas para ser o interesse romântico da(s) protagonista(s) ou ser a representação unidimensional de um aspecto masculino não desejável (invasivo, distante, ameaçador etc.). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Orphan Black</i> não consegue evitar os clichês mais básicos do gênero <i>sci-fi</i> como corporações maligna, conspirações, cultos etc. O grande esquema ou o contexto maior às vezes parece não trazer nada de novo para mesa, mas consegue surpreender de vez em quando. Contudo, são nos</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> elementos humanos que o programa se sobressai. Muitas vezes as cenas aparentemente banais da mãe suburbana Alison são muito mais interessantes do que as investigações, perseguições e similares vividas pela "protagonista" Sarah.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">As duas temporadas que já foram ao ar são carregadas de tensão e ação. A primeira trabalha com antagonistas individuais e a segunda toma proporções maiores e começa a envolver grupos e abstrações. A série sabe trabalhar muito bem no primeiro caso, mais contida, mas começa a se perder quando o enredo exige o tratamento de conceitos maiores. O último episódio da segunda temporada abriu espaço para <i>Orphan</i> explorar um território ainda mais amplo, o que, se não vier acompanhado de um orçamento maior, pode fazer com que a série se desgaste contando histórias que ela não tem capacidade de contar com qualidade.</span></div>
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<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Orphan Black</i> volta para sua terceira temporada já agora em abril, com todo um novo universo para explorar. Pode ser que ela consiga sair do mediano e tornar-se uma das melhores séries da TV, ou pode ser que finalmente perca completamente a direção. <i>Orphan</i> é do time de <i>Bates Motel</i>: nunca chega a ser espetacular, mas tem personagens interessantes o suficiente para que você queira continuar acompanhando sua jornada e potencial de se tornar a série que você acredita que ela merece ser.</span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-60147512303253718302014-06-06T06:00:00.000-03:002015-05-18T16:31:40.888-03:00O lobo atrás da porta<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo7BlzIus0kUOPyaUCmprDiptCce6Av1tOjdgjIRIPCb1UUFOthuqxyLu2Q_AcuZNXCXYFFhyphenhyphenzPWFwgdRz-ePe5Rpd74PZkjCv_zRx_g0q5buZETgFlv-rYyPHXZp9iXsV6IKxsUke9l4/s1600/Nota4.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo7BlzIus0kUOPyaUCmprDiptCce6Av1tOjdgjIRIPCb1UUFOthuqxyLu2Q_AcuZNXCXYFFhyphenhyphenzPWFwgdRz-ePe5Rpd74PZkjCv_zRx_g0q5buZETgFlv-rYyPHXZp9iXsV6IKxsUke9l4/s1600/Nota4.JPG" /></a></div>
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<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Cinema de gênero com qualidade e Made in Brazil</span></b></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEQx17i1GbzoZDQwNIZ6epV79EWmeP_g-3dCF69YqMJlgu6BRpLHtzCwo00cHhyDZIMjaVlRBA1cMPZ9vFL8r4zngeg-kRPZ-FCrwxONFAwLqphPR70uVQYR1Oi8LwIH-4KmMB_bVvVqE/s1600/Poster+O+lobo+atras+da+porta.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEQx17i1GbzoZDQwNIZ6epV79EWmeP_g-3dCF69YqMJlgu6BRpLHtzCwo00cHhyDZIMjaVlRBA1cMPZ9vFL8r4zngeg-kRPZ-FCrwxONFAwLqphPR70uVQYR1Oi8LwIH-4KmMB_bVvVqE/s1600/Poster+O+lobo+atras+da+porta.jpg" width="135" /></a></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Direção</b>: Fernando Coimbra</span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Título Original</b>: O lobo atrás da porta</span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Duração</b>: 100 min</span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Idioma</b>: Português BR</span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Lançamento</b>: Jun/2014</span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tudo começa com o sequestro de uma criança no subúrbio do Rio de Janeiro. Acompanhamos, junto com o delegado interpretado por Juliano Cazarré, os depoimentos de cada um dos envolvidos. Tentamos reconhecer nos detalhes quem está realmente falando a verdade. Pouco a pouco uma história de desilusões, obsessões, violência e horror vai se configurando a partir de uma premissa aparentemente banal e tristemente comum.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A competência do diretor/roteirista Fernando Coimbra aparece principalmente na maneira sutil como ele consegue colocar para segundo plano o que seria o enredo principal, deixando-nos incertos se estamos vendo um policial, um suspense ou um romance. E sem qualquer artifício barato ou enganação, o clímax é do tipo que todo roteirista gostaria de escrever: imprevisível, mas ao mesmo tempo inevitável. </span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sua inevitabilidade é ainda mais forte se você conhecer de antemão a história real na qual o roteiro se baseia, porém elimina qualquer possibilidade de imprevisibilidade. Acredito que simplesmente formular a frase anterior já seja um <i>spoiler</i> e agradeço a mim mesmo por não ter lido resenhas antes de ver o filme, o que permitiu uma apreciação muito maior do enredo, que é revelado pouco a pouco em uma economia de informações que funciona positivamente para a construção dos personagens e da trama. </span><br />
<br />
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A direção e a fotografia complementam muito bem o roteiro, mantendo desfocados os elementos que estão mais distantes do centro, lembrando-nos que o que estamos vendo são memórias ou simplesmente versões de uma história que está sendo contada por alguém. Enquadramentos estáticos e cenas mais longas e sem cortes permitem que os diálogos e o trabalho dos atores ganhem destaque e tenham muito mais peso (mas também fazem com que o filme pareça ter um ritmo mais lento).</span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pode não parecer digno de nota, mas impressionou-me bastante: as cenas de sexo são bem coreografadas e realmente tem uma história pra contar. Longe de serem gratuitas, elas dizem mais dos personagens do que a maior parte dos diálogos. Difícil me recordar de um filme em que uma cena de sexo tenha sido tão bem aproveitada para o desenvolvimento de uma relação ou de uma personagem. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Percebe-se que é um roteiro estudado, que foi editado à exaustão para conter apenas aquilo que fosse necessário. Não há uma mensagem clara a ser passada, mas sim o incômodo de quem quer enxergar o mundo em preto e branco e que não consegue aceitar os seus mais de cinquenta tons de cinza. </span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E para coroar um trabalho tecnicamente bem realizado, o estreante (em longas) diretor/roteirista ainda conseguiu três atores para protagonizar a história que se entregam completamente a seu trabalho. Leandra Leal, Milhem Cortaz e Fabiula Nascimento estão todos soberbos, mas Leandra merece uma menção especial pela quantidade de camadas que ela adiciona a sua personagem. Frágil e perigosa ao mesmo tempo, vítima e algoz mescladas de forma inseparável: mesmo sem conhecermos o seu passado ou sua vida fora da história sendo contada, você consegue perceber que há um mundo interior vasto, ainda que doentio, naquela mulher.</span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O filme, no entanto, só não alcança a nota máxima, porque acho que o humor, que geralmente brota na figura do delegado, parece um pouco deslocado do restante do clima estabelecido para história (além de não ter achado o trabalho de Cazarré no mesmo nível dos outros atores). Esse fator diminui um pouco a minha admiração pelo filme, mas certamente é uma avaliação bem particular e subjetiva e acredito que não seja um problema para maioria dos expectadores.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Independente disso, e sem partir para o ufanismo, é ótimo ver filmes brasileiros que não sejam comédias escrachadas, biografias ou exposições regionalistas. Porque não temos mais filmes de suspense, de terror, de ficção científica ou de fantasia? Orçamento pode até ser uma desculpa para os dois últimos (pode, mas não deveria), mas no caso dos dois primeiros, pode-ser fazer suspense e terror com praticamente nada. <i>O lobo atrás da porta</i> está aí para mostrar que "sim, nós podemos". Parabéns a Fernando Coimbra e todos os envolvidos. Espero poder ver mais do trabalho de vocês.</span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1351422896929773500.post-87125342726972536182013-01-04T00:00:00.000-02:002013-06-29T13:14:54.603-03:00Detona Ralph<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh88J5FDUVIb5RSxU8mhaxH7dj7uDzy58cp2pr5jD2yS6o5eZq8CA35dQLDfz2Bhn3VhAaJ5MpP-qcjkf9fvUFXTQcOifWx0qmuolZgDrhSCFY2b_GzHu7exd8Wpa1hX7wel6MX8yFbhHQ/s1600/Nota3.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh88J5FDUVIb5RSxU8mhaxH7dj7uDzy58cp2pr5jD2yS6o5eZq8CA35dQLDfz2Bhn3VhAaJ5MpP-qcjkf9fvUFXTQcOifWx0qmuolZgDrhSCFY2b_GzHu7exd8Wpa1hX7wel6MX8yFbhHQ/s1600/Nota3.JPG" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Parece novidade, mas não é</span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></b></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZU3o8dKhKadfagh6bBpkE1Q0YdibXnldcCskDCgYXG7vFJMiX63R3iyXYHm-Qp4Orh-WNyRGHHJfqNNRJdB5WvYaW2bYo0lUJN3vIWRxvSPUE_FAHJ9nxeZv33WyWaN8TI-Az1Yl-XgA/s1600/Detona+Ralph.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZU3o8dKhKadfagh6bBpkE1Q0YdibXnldcCskDCgYXG7vFJMiX63R3iyXYHm-Qp4Orh-WNyRGHHJfqNNRJdB5WvYaW2bYo0lUJN3vIWRxvSPUE_FAHJ9nxeZv33WyWaN8TI-Az1Yl-XgA/s200/Detona+Ralph.jpeg" width="136" /></span></a></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Direção</b>: Rich Moore</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px;"></span></span><br />
<div style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Título original</b>: Wreck-it Ralph</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px;"></span><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px;"></span><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px;"></span></span><br />
<div style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>Duração</b>: 108 min</span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px;"></span><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px;"></span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px;"><b>Idioma</b>: Inglês</span></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px;">
</span><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px;"></span></span>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px;"><b>Lançamento</b>: Jan/2013</span></span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 20.796875px;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><i>Detona Ralph</i> é uma animação segura que segue um (bom) manual e não se arrisca em praticamente nenhum aspecto. Ela é produzida por John Lasseter, ex-Pixar, e é um produto com a marca Disney. Essas duas informações são o fundamento de tudo o que há de bom e de ruim no filme e base para a maioria dos comentários abaixo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">De maneira geral, o fato de Lasseter ser o produtor faz com que o filme pareça ser requentado, mesmo tratando-se de um universo ainda não utilizado em outras animações "<i>mainstream</i>". O roteiro segue em boa parte a estrutura de <i>Toy Story,</i> <i>Monstros S.A. </i>e outras animações da Pixar. Ralph é visivelmente uma versão "humana" de Sulley de <i>Monstros</i>, assim como Vanellope é uma Boo com mais idade. A reunião do "Vilões Anônimos" remete à terapia grupal dos brinquedos descartados de <i>Toy Story e</i> é muito difícil não comparar o vilão com o de <i>Os Incríveis</i>. Enfim, parece que é novo, mas foi só pintado e reformado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O fato de ser Disney, por sua vez, faz com que o roteiro não fuja muito do tradicional, as lições de moral sejam dialogadas ao invés de simplesmente mostradas e no geral o filme seja muito mais formulaico do que poderia ser. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ao invés de focar na estória de Ralph e aproveitar para passar por diversos tipos de ambientes clássicos dos mais diferentes tipos de jogos, mais da metade do filme se passa no game "Sugar Rush", um jogo de corrida tipo Mario Kart com Princesas e outras personagens "fofinhos" que atendem melhor ao público que a Disney quer atingir (ou pelo menos é o que os executivos da empresa parecem acreditar).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Não ajuda muito também a menininha-em-perigo do filme ser propositadamente azucrinante e ainda ser dublada pela voz <i>über</i>-irritante de Sarah Silverman. Na prática o drama principal do filme é o dessa personagem e não o de Ralpha e ao mesmo tempo é muito difícil você se relacionar com ela e efetivamente se importar com o seu destino. Na primeira vez em que o "tilt" aconteceu e a personagem desapareceu por um segundo, torci sinceramente para que aquele fosse o fim daquela parte da estória e o roteiro seguisse para outra direção.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Apesar dessas escolhas que devem agradar as crianças e aborrecer os adultos, a primeira metade do filme ajuda bastante a levantar a avaliação. Há várias referências legais a jogos clássicos como Pac-Man e Street Fighter. O visual retrô do game "Fix-it Felix" onde Ralph vive e seus personagens pixelados com movimentos discretos e não contínuos é muito bacana, assim como o estilo ultra-moderno do ambiente do jogo "Hero's Duty" que Ralph invade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Certamente se o filme tivesse continuado seguido a busca de Ralph pela medalha de ouro que o faria deixar de ser um vilão, <i>Detona Ralph</i> teria se tornado uma das melhores animações dos últimos anos. </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Imaginar o que poderia ter sido na mão de outra empresa é muito frustrante, mas</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> ainda que não cumpra com as expectativas de um jogador de video-game e fã de animações de longa data, ele certamente é um produto de qualidade com a "segurança" da marca Disney. </span></div>
Rodrigo Zagohttp://www.blogger.com/profile/05122375859063180904noreply@blogger.com0