sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Tabu

A apenas três palmos

Direção: Alan Ball
Título Original: Towelhead (ou Nothing is private)
Duração: 124 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Set/08

Reunindo alguns nomes de relativo peso como Aaron Eckhart e Toni Collete e algumas figurinhas conhecidas de séries de Alan Ball para a HBO como Peter Macdissi e Chris Messina, coadjuvantes de A sete palmos, e Carrie Preston, a Arlene de True Blood, o estreante (no cinema) diretor monta um filme com características muito similares às da fantástica série sobre a família Fischer, mas que não chega a ter a sutileza dessa ou o humor, negro mas correto, de Beleza Americana (cujo roteiro é de Ball).

Tabu conta a história de uma adolescente americana de origem libanesa por parte de pai que é vítima de preconceito, abusos morais e sexuais, violência, descaso e outras barbaridades que, no filme, muitas vezes são apenas pano de fundo para piadas cujo mal gosto você demora um pouco a perceber. Inclusive, em um raro momento, a tradução para o português do título é muito mais pertinente do que o original Towelhead. Há certos temas que são tabus que impedem que sejam tratados de outra maneira que não com a seriedade e a importância que lhes é devida. Towelhead/Tabu tenta, mas acaba banalizando alguns temas a ponto de se tornar incômodo ou um pouco ofensivo.

Alan Ball consegue entrar nesse pântano de tabus muito bem em A sete palmos, porque, na maior parte do tempo, as características e atitudes dos personagens permitem que o assunto seja desenvolvido com naturalidade. Já em Tabu, os personagens agem de maneira desconexa, exagerada e caricatural, afundando qualquer possibilidade de você acreditar na história e levá-la a sério. 

A tentativa de dar profundidade para a menina Jazira, enchendo-a de nuances - ora Lolita dos novos tempos, ora vítima, ora inocente, ora maliciosa - não funciona tão bem, porque a personagem parece viver em um mundo particular em que preconceitos ou simples regras sociais não a moldaram de nenhuma maneira. Em contraponto, a esquizofrenia masoquista de Brenda ou o desconforto existencial de Claire em A sete palmos (guardadas as proporções de um filme de duas horas e uma série de mais de cinquenta episódios) parecem ser produtos naturais de seu meio e, portanto, muito mais críveis.

Enfim, Tabu não é obviamente a sua comédia romântica básica ou o filme-catástrofe da semana, mas também não consegue ser muito mais que uma dramédia indie competente.