sexta-feira, 4 de maio de 2012

Anjos da lei

Expectativas, o outro lado da moeda

Direção: Phil Lord e Chris Miller
Título original: 21 Jump Street
Duração: 109 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Mai/2012

Lembro-me vagamente do seriado Anjos da Lei que passava na Globo no final dos anos 80 e começo dos 90 e basicamente a única coisa que me recordo é que tinha o Johnny Depp antes de ser Johnny Depp. Apesar de não ter noção dos detalhes, de episódios específicos ou mesmo dos personagens, apenas com poucas reminiscências já foi possível entender e me divertir com as melhores referências da "nova" versão, agora no cinema.

O contexto é o mesmo do seriado - policiais com aspecto jovem o suficiente para se passar por adolescentes combatem delinquentes juvenis nas high schools. Mesma premissa, resultados completamente diversos. Longe do dramalhão aborrescente com figurino bizarro (ou somente brega... eram os anos 80), o Anjos da Lei do século 21 foca em uma dupla de improváveis camaradas policiais e no quão idiota o próprio conceito do programa pode ser em uma segunda análise, homenageando o original da melhor maneira possível: sem tentar imitá-lo.

A principal sacada é mostrar uma inversão de papéis para os protagonistas em um período de menos de dez anos. Se em 2005, Jenko, interpretado por Channing Tatum, o típico jogador de futebol americano grande e acéfalo vive o seu auge, em 2012, é a vez de Schmidt, papel de Jonah Hill, entrar para turma dos populares com seu jeito nerd-sensível defensor das minorias.

Tatum, o Magic Mike, dessa vez não tem muitas oportunidades para mostrar as "qualidades artísticas" que fazem com que ele participe de um filme  atrás do outro (geralmente ruim, geralmente comédia romântica): está sempre vestido em todas as cenas. Livre desse pré-conceito ele tem a oportunidade para arrancar inesperadas risadas da platéia e mostrar uma boa veia cômica que quase consegue compensar sua usual canastrice. Por sua vez, Jonah Hill, que já havia provado seu valor, tanto cômico, quanto dramático, em alguns bons filmes como Superbad, Django Livre e Cyrus e até levou uma indicação ao Oscar como coadjuvante de Brad Pitt em Moneyball, consegue mais uma vez garantir seu espaço com um timing afinado e boa parte das melhores tiradas do filme.

Nenhuma comédia consegue ser totalmente imune a piadas sem-graça que morrem na praia nada deserta onde vão parar as boas intenções, e Anjos da Lei não é exceção - algumas das piadas nesse filme certamente entram pro hall de honra da vergonha alheia. No geral, no entanto, a química entre a dupla protagonista funciona muito bem e o filme, que não se leva a sério por um segundo sequer e ainda reserva umas surpresas sensacionais escondidas na manga, acaba sendo bem mais divertido do que eu poderia por um segundo sequer imaginar. As maldosas expectativas como sempre, dessa vez funcionaram em benefício da obra.