sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Queime depois de ler

Marca não é garantia de qualidade 


Direção: Ethan and Joel Coen 
Título original: Burn after reading 
Duração: 96 min 
Idioma: Inglês 
Lançamento: Set/08 

John Malkovich, George Clooney, Tilda Swinton, Frances McDormand, Brad Pitt e Richard Jenkins: uma lista, no mínimo, de respeito. Associada à "grife" dos oscarizados irmãos Coen deveria ser garantia de boa qualidade. Porém, às vezes, muitas figuras de renome podem gerar uma expectativa difícil de ser alcançada. 

Queime depois de ler não é em essência um filme tão ruim. Descolado de todos esses nomes, poderia ter chamado a atenção como uma comédia alternativa low-profile e ter lançado um outro nome desconhecido para o mainstream.  Com tantos atores de peso querendo chamar a atenção para seus personagens, o filme ficou caricatural, exagerado e complacente. 

A convoluta trama envolvendo disseminação de segredos da CIA, cirurgia plástica desnecessária e romances online dá dezenas de voltas em torno de si mesma e parece não chegar a lugar algum. Felizmente, algumas cenas verborragicamente interessantes vão aparecendo ao longo do caminho. 

Parafraseando um crítico gringo: Queime depois de ler é um filme sobre a estupidez que fez eu me sentir um estúpido, simplesmente porque não consigo encontrar ponto algum que justifique a sua existência. Ao menos dá para notar que a maior parte dos atores se divertiu - o personal trainer descerebrado de Brad Pitt e a obssessão cretina de McDormand até dão a impressão de que o filme valem o tempo investido (talvez até seja se não houver realmente outras opções melhores disponíveis). 

Rede de mentiras

Só o essencial ficou de fora


Direção: Ridley Scott
Título original: Body of lies
Duração: 128 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Nov/08

Tecnicamente, não há nada de errado com Rede de Mentiras: a ação não pára um segundo, o roteiro é complicado o suficiente para exigir sua atenção constante, os atores dão o melhor de si em interpretações intensas e convincentes, há boas externas e uma cenografia fantástica para garantir que você seja completamente imerso no mundo árabe e no universo do contraterrorismo. 

O que parece faltar apenas é alma e personalidade. Apesar de seguir toda a cartilha Bourne, falta exatamente o elemento principal que torna a trilogia tão interessante: o dilema pessoal de Bourne. Os personagens centrais, interpretados por Di Carrio e de Russell Crowe, são apenas o que são, o agente afetado pelos efeitos da guerra diretamente no campo-de-batalha e o burocrata que friamente resolve tudo de longe e não se envolve. Eles praticamente não fogem desse esquema e não é muito difícil prever seus próximos planos-de-ação.

O coadjuvante Mark Strong (Sherlock Holmes, Stardust e uma série de outros bons filmes), além de uma interpretação brilhante, encarna o único personagem realmente complexo e imprevisível da história. Em um filme entitulado Rede de Mentiras,  seria essencial haver muitos outros como ele. Foi exatamente o que faltou para que a obra de Ridley Scott fosse irretocável.