sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Ted

Um urso, uma piada



Direção: Seth MacFarlane
Título original: Ted

Duração: 106 min

Idioma: Inglês

Lançamento: Set/2012

O garoto Johnny faz um desejo na noite de Natal para que seu urso de pelúcia vire seu amigo de verdade. Seu desejo é atendido. Nada diferente de uma sessão da tarde qualquer. Porém os dois protagonistas da estória crescem e o diretor-roteirista-dublador Seth MacFarlane explora  as possibilidades bizarras da situação em esquetes alinhavadas por um fiapo de roteiro arrogantemente preguiçoso.

É bem verdade que Ted tem alguns momentos no mínimo interessantes (estamos falando afinal de um produto do criador de Family guy e American dad!), mas no cômputo geral ele é uma longa e única piada de pouco mais de 100 minutos de duração. 

Inicia cena. Ted fala palavrão, Ted usa alguma droga, Ted pega um gancho para sacanear alguma celebridade, Ted faz piada com referência pop qualquer,  Ted ofende alguma minoria e Ted faz qualquer outra coisa que seria bizarro ver um urso de pelúcia fazendo. Fim da cena. Inicia nova cena. Ted fala palavrão, Ted usa alguma droga... Repita por 110 minutos.

Claro que isso seria simplificar demais a estrutura do filme, mas não está muito longe da realidade. Talvez o maior problema não esteja em Ted em si, mas no fato dos outros protagonistas da estória serem totalmente marginalizados: os personagens de Mark Wahlberg e de Mila Kunis não ganham praticamente nenhum traço característico que permita que eles sejam também veículos para piadas. Praticamente todos os momentos engraçados e todas as falas mais elaboradas ficam nas mãos peludas de Ted.

Manter o roteiro em um caminho seguro e tradicional também não ajuda o filme. Com a premissa que tinha, Ted poderia ir até os limites do absurdo. Se beber não case e Um parto de viagem vão muito mais longe com muito menos. O que há de estória para conectar as esquetes isoladas segue uma estrutura básica de amadurecimento forçado pelo amor (romance tradicional sem qualquer "releitura") e ainda aposta em alguns vilões estilo Esqueceram de mim para garantir algumas cenas genéricas de perseguição (também sem qualquer twist na fórmula). 

Para os fãs de Family Guy, uma ou outra referência que aparece rapidamente pode não fazer rir, mas no mínimo deixa um sorriso orgulhoso pela reverência. Desde às referências diretas e semi-metalinguisticas (a comparação da voz de Ted e de Peter Griffin) até às mais indiretas (a participação especial de Ryan Reynolds).

Enfim, com certeza algumas boas risadas isoladas estão garantidas, mas o ranço narcisístico que MacFarlane imprime no filme, extremamente confiante de que tem a fórmula do sucesso cômico nas mãos e de que com gags e incoerências faz-se não somente uma animação de 20 minutos, mas também um filme, torna o que poderia ser a comédia do ano em um produto totalmente desnecessário e que rapidamente será esquecido.