domingo, 30 de setembro de 2007

I'm a cyborg, but that's ok

Amor e loucura

Direção: Park Chan-Wook
Título Original: Ssaibogeujiman Gwaenchanha
Duração: 105 min
Idioma: Coreano
Lançamento: Set/2007

A premissa de Eu sou um ciborgue, mas tudo bem (tradução minha, não encontrei nome em português oficial) é a seguinte: a mulher pensa ser uma máquina, lambe baterias para se alimentar, conversa com torradeiras e coisas do tipo e o homem é um cleptomaníaco especializado no roubo de memórias e identidades. Eles estão internados no mesmo manicômio e eles se apaixonam - o filme é uma espécie de "comédia romântica" não-convencional. 

A premissa é bastante original, mas, infelizmente, o filme em si não me cativou. Sequer fui até o final, ou, pelo menos não dedicando toda minha atenção a ele - depois de um tempo estava escrevendo alguma outra resenha enquanto o filme continuava na televisão. Acho que tudo no filme é tão bizarro e a loucura dos personagens é tão definidora que é difícil você se importar com qualquer coisa que aconteça. 

Minha sensação é de que os filmes asiáticos que acabam chegando ao Brasil são apenas os mais estranhos que eles produzem. Isso, ou realmente, o abismo cultural que existe entre nossa cultura e a deles é muito maior e mais profundo do que eu imaginava. O (suposto) lado cômico do filme me pareceu por vezes de mal-gosto, outras vezes tolo ou até mesmo puramente incompreensível - as reações dos personagens não parecem ter conexão com os acontecimentos (parte ou muito por causa da loucura). 

Nos trabalhos anteriores do diretor, como Oldboy e Lady Vingança, a estranheza também está lá, mas você consegue entender de onde estão aflorando os sentimentos dos personagens, ainda que pra você não faça sentido. Com personagens insanos, é impossível saber se a personagem está rindo porque normalmente se ri quando morre alguém na Coréia ou se porque ela é louca simplesmente. 

Há, contudo, elementos que tornam a experiência agradável: algumas cenas de rara beleza, como a da chuva na sequëncia final, outras divertidas de se ver como as em que a protagonista se transforma numa metralhadora, mas de maneira geral, Eu sou um ciborgue é só um exercício de esquisitice e (suposto) humor. Uma (declarada) intenção do autor em se afastar o máximo possível da violência e agressividade de sua trilogia da Vingança. 

Em poucas palavras: para mim, não funcionou...