sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Sempre ao seu lado

Prometido, entregue

Direção: Lasse Hallström
Título original: Hachiko, a dog's story
Duração: 93 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Dez/2009

Essa é a história real e internacionalmente conhecida de um cão cuja estátua é ponto turístico de Tóquio: Hachiko é um personagem comovente, um símbolo da lealdade e do amor de um cão por seu dono. Muitos expectadores, se não todos, já conhecem o enredo e o desfecho da história, principalmente porque ela pode ser resumida em no máximo duas linhas. Vou, no entanto, abster-me desse resumo porque ainda pode ter uns dois ou três privilegiados que terão o prazer de assistir o filme como algo "inédito". 

Sempre ao seu lado mais do que entrega os sorrisos e lágrimas implícitos em sua premissa. Vale ressaltar só mais uma vez que esse é um filme de uma hora e meia em cima de um enredo que pode ser contado em menos de cinco minutos, então a maior parte das cenas é de "contextualização" (ou pura e simples "encheção de linguiça" se preferirem) e o filme dá inevitavelmente a sensação de ser mais longo do que o necessário. Amantes de cachorros não vão nem perceber esse tempo inútil passando, já que boa parte dele é recheado com "travessuras" de um filhotinho.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Captain America: Reborn #1-5

Retorno (inevitável) de uma lenda

Editora: Marvel Comics
Publicação: Set/09 a Mar/10
Roteiro: Ed Brubaker
Arte: Bryan Hitch

Ed Brubaker, o cara que escreveu e continua escrevendo uma das melhores fases do Capitão América traz de volta o capitão original Steve Rogers pouco mais de dois anos após ter causado sensação com sua morte. Claro que ningúem levou a sério por um segundo que ele continuaria morto e sempre soubemos que voltaria, só não prevíamos que seria (nem gostaríamos que fosse) tão rápido. Aparentemente, o momento tem contexto: Rogers deve ser justamente a fagulha a inflamar os heróis a fecharem o cerco (The Siege) a Osborn e seu Dark Reign.

Voltando ao roteiro em sim: Rogers morreu E não morreu e agora não-perdido no tempo, fica deslizando para o passado e futuro e a cada pulo, um clarão branco surge nas pontas da página. Para completar a mulher que ele ama é chamada por todos de "a constante". Sou só eu, ou mais alguém acha que é muito cedo para uma referência a Lost não soar como homenagem, mas sim pura falta de imaginação?

Bom, crítica feita, vamos ao lado bom do mecanismo escolhido para o "retorno": ele permite Brubaker prestar uma ótima homenagem recapitulando os momentos mais significativos da sua carreira, enquanto no fluxo normal da história, reúne a grande maioria das personagens de apoio mais relevantes (Sharon, Bucky, Sam, Barton etc.), assim como os principais inimigos do Capitão.

Enfim, a história grita "épico" desde a premissa até os pequenos detalhes e realmente entrega o que promete. O desenhista Bryan Hitch (
UltimatesThe Authority) foi escalado justamente para garantir esse ar de grandiosidade, e, na maior parte do tempo é isso que ele transpira nas páginas. A arte-final de Butch Guice, no entanto, deixa o resultado um pouco mais "sujo" do que seria ideal.

Brubaker coloca sua assinatura em mais uma ótima história que entra para a lista de grandes momentos do Capitão América.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Abraços partidos

Não o melhor, mas de qualidade


Direção: Pedro Almodóvar
Título original: Los abrazos rotos
Duração: 127 min
Idioma: Espanhol
Lançamento: Dez/2009

Abraços Partidos é carregado nas cores, exagerado nas emoções, cheio de cenáros kitsch e personagens estranhos, conta uma história bizarra e é, enfim, o que aprendemos a esperar de um Almodóvar. Abraços partidos é uma manifestação de amor ao cinema, à película, à fantasia. Penèlope Cruz é o objeto de desejo mais uma vez, a mulher fetiche, com muito batom, perucas, saltos altos, beicinhos e olhares resvalados. Muito simbolismo e muitas referências cinematográficas estão espalhados pelos nomes dos personagens, pelas fotos, pelos livros na estante e o que mais estiver em cena. Não é necessário escrever muito mais: se não é um Tudo sobre minha mãe ou um Carne Trêmula, e se se excede na breguice ou se arrasta mais do que deveria, Abraços Partidos é um Almodòvar de qualidade e, para quem gosta do "gênero", isso é informação suficiente.

O fantástico Sr. Fox

Humano bizarramente humano


Direção: Wes Anderson
Título original: Fantastic Mr. Fox
Duração: 87 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Dez/209

Quem já viu algum dos filmes "estranhos" de Wes Anderson, como O expresso Darjeeling ou Os excêntricos Tenembaums, sabe exatamente o que esperar de O fantástico Sr. Fox: hábitos não-usuais, traumas infantis mal-resolvidos, crises de meia-idade, busca existenciais egoístas etc. - familiaridade e estranhamento simultâneos e instantâneos. Os personagens de Sr.Fox são extremamente reais, ainda que excêntricos, mesmo sendo não mais do que bonecos. Stop-motion, uma das técnicas de animação mais antigas, parece totalmente deslocada em meio ao festival de animações digitais incrivelmente sofisticados de hoje em dia, mas os bonecos de O fantástico Sr.Fox têm o que muitos da Dreamworks (e em menor grau da Pixar) ficam devendo; sentimentos verdadeiros com os quais você possa minimamente se identificar. Mesmo que esses personagens sejam raposas, lobos ou porco-espinhos procurando uma galinha para a sua próxima refeição, o que importa é seu sentimento de inadequação, seu desconforto consigo mesmos, sua luta para manter o equilíbrio entre instinto e razão, sua busca por aprovação e outras características que fatalmente nos causam um leve incomôdo ou nos fazem rir de nós mesmos. Humano demasiadamente humano...