sexta-feira, 28 de maio de 2010

Pânico na neve

Personagens genéricos à mercê da natureza


Direção: Adam Green
Título Original: Frozen
Duração: 93 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Mai/10

Não cheguei a ver Mar Aberto, aquele filme sobre o casal naufrágo às voltas com ensolação, desidratação e tubarões, mas lembro-me que foi daqueles em que as pessoas amaram ou odiaram. Acho que Pânico na Neve, dada premissa e execução que, aparentemente, são menos que idênticas, porém mais que semelhantes às de Mar Aberto, deve causar (ou ter causado, já que o filme já saiu do cinema há um bom tempo) o mesmo tipo de reação. 

Eu particularmente não sei dizer, dos dois grupos, em quais (ou se em algum) me encaixo.

Se por um lado sou obrigado a congratular o diretor e roteirista Adam Green por ter conseguido, na maior parte dos aproximados noventa minutos de filme, manter a tensão esperada e ter garantido que por mais rasos e irritantes que fossem seus personagens (e talvez justamente por isso), você não conseguisse ir fazer algo de mais interessante com seu tempo e sadicamente ficasse esperando pra ver quão pior a situação poderia ficar, por outro, sou obrigado a congratular minha própria resistência a uma trilha sonora adolescente esquecível, rostinhos bonitos inexpressivos, diálogos clichês e sem imaginação, personagens irritantes e elementos narrativos fora de contexto.

Como praticamente a totalidade desse filme "monocenário" está calcada na relação de três personagens que falam e falam e falam, espera-se que o conteúdo dessa conversa e os personagens envolvidos nela sejam minimamente interessantes. No entanto, os personagens são tão genéricos e chatos que você fica sem saber se o roteiro quer que você torça por eles, como de costume, ou torça para que eles sofram o máximo possível. De qualquer maneira o objetivo de te manter grudado em frente à tela é atingido.
Infelizmente, gostaria de poder discutir também sobre um elemento central da trama cuja presença, essencial ao roteiro, tirou uma boa parte da credibilidade da história para mim. Isso, no entanto, estragaria a surpresa para quem ainda pretende assistir o filme. Então contento-me apenas em comentar (aqueles que já viram a película talvez entendam) que há um elemento alienígena ao cenário e à situação propostos que, se eu descobrir ser coerente, vai me manter longe de qualquer pista de esqui para o resto da vida.
Ainda em cima do muro, deixo a sugestão apenas para aqueles que realmente gostam de sofrer, seja com um filme tenso e claustrofóbico, seja com um filme de diálogos e interpretações medianos.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Flashforward

Visões do futuro do pretérito

A premissa era boa: em um determinado momento, a humanidade inteira "apaga" e vivencia dois e poucos minutos de sua vida em um futuro próximo. O resultado, no entanto, vai ficar para a história como uma das maiores decepções que já foi ao ar na televisão.

O problema foi dado na largada: a ABC propagandeou aos quatro ventos a série como o "novo Lost", ainda que o programa fosse intrinsicamente diferente. Lost era uma mistura pop-filosófica-científica que funcionava por ter como cenário um local místico onde qualquer coisa poderia acontecer. Flashforward iria se concentrar em conspirações, agências de investigação governamentais, explosões e perseguições de carro etc., ou seja, estaria muito mais para 24 horas do que para Lost, duas séries que possuem conjuntos de fãs consideravelmente diferentes (ainda que com muitos elementos na intersecção).

O segundo maior erro foi a escolha do protagonista: Joseph Fiennes fez de Mark Benford um dos personagens mais inexpressivos da história da televisão. Se Jack Bauer personaliza os acertos de 24 horas, Mark Benford é a personificação de boa parte dos defeitos de Flashforward: Fiennes faz sempre as mesmas caras e bocas e usa sempre o mesmo tom de voz rouco como se estivesse constantemente para morrer, suas falas são forçadas e suas ações dependem do que o roteiro do episódio necessita (ele pode ser um idiota ou deduzir as coisas mais absurdas dependendo do que o enredo pede).

Ainda no campo "defeitos de Benford" está seu romance com Olivia (Sonya Walger, a "Penny" de Lost) que carece de "química" e é difícil você conseguir se importar minimamente com um dos principais dilemas da série que é seu provável/possível término. Contribuindo para que esse "plot" funcione, está a construção da ligação entre Olivia e Lloyd Simcoe, que vai melhorando a cada episódio e quando efetivamente engata, não parece tão forçada quanto se poderia prever do começo.

Outro ponto fraco é que, talvez para não encarecer a série, uma trama que poderia ser completamente globalizada, ficou restrita basicamente aos Estados Unidos e, na maior parte do tempo a Los Angeles. A tentativa de colocar o "mundo" na estória gerou uma das tramas paralelas mais insossas que poderia haver: o romance-a-acontecer de Keiko e Bryce (Zachary Knighton). Vamos lá: ele não tem qualquer relevância para a trama principal,a não ser trabalhar junto da esposa do personagem que está investigando o "blackout", e ela então nem se fala. Porque estaríamos então interessados em saber como eles vão ficar juntos no final? Em tese, se eles simplesmente continuassem vivendo suas vidas normalmente, eles acabariam se encontrando de qualquer maneira... Típica enrolação...

O tema destino x livre-arbítrio que deveria permear todos os episódios da série é pouco trabalhado e quando finalmente entra com força na história, gera uma das melhores sub-tramas (vide episódio 06 - "The Gift"), apenas para ser abandonado logo no episódio seguinte (ainda que, para ser justo, não totalmente). Ao longo da série, algumas boas idéias são colocadas na mesa, mas são mal-aproveitadas ou não são inseridas no contexto da trama. Um exemplo do primeiro caso são as o das pessoas que não tiveram "visões" que é destruída com a trama do "Blue Hand Club" e um exemplo do segundo é o lavador de janelas que vira pastor, mas cuja história não têm qualquer ligação com a trama principal.

A série entrou em um hiato aproximadamente na metade da primeira temporada e, realmente, voltou bombando com os episódios 11-12 e manteve um ritmo indiscutivelmente melhor do que na metade anterior, porém as principais deficiências continuaram presentes. Ainda que eu não seja masoquista a ponto de querer passar por mais uma temporada, realmente acredito que simplesmente por tirar (ainda que temporariamente) Benford da trama (o final da série dá margem a essa possibilidade), o nível melhoraria muito.

Os melhores episódios de Flashforward foram:
No more good days (Eps. 1-2) - Vale pela "promessa" do que poderia ter sido o seriado e não foi, ótimas cenas catastróficas e a abertura de um universo de possibilidades 

The gift (Ep. 07) - Ainda que o mote principal do episódio seja o estúpido "Blue Hand Club", o final do episódio dá uma sacudida em uma das premissas principais da série 
Revelation zero (Eps. 11-12) - mais uma promessa, o primeiro episódio depois do "hiato" foi tão frenético que pareceu ser muito mais longo que os seus 80 e poucos minutos e conseguiu transformar Simon Campos (Dominic Monaghan) em um personagem que você queira seguir. 
Goodbye yellow brick road (Ep.18) - mais uma boa surpresa da série, catapultando Janis (Christine Woods) como a personagem mais interessante da trama (ainda que, mais uma vez, o potencial não tenha sido utilizado a contento posteriormente) e de quebra, ainda introduzem Gabriel, o savant que aborda Olivia, outra ótima promessa. 
Future shock (Ep. 22) - o final fechou a série com os flashforwards mais importantes virando realidade, sendo que o episódio anterior foi montado de forma que parecesse impossível para que eles se concretizassem.

Para terminar, a série teve pouquíssimos pontos altos que não valem a tortura de quase quatorze horas basicamente de puro lixo. Não dá para dizer que será esquecida na semana que vem, porque, por culpa dos próprios criadores, vai ser sempre lembrada como o fenômeno que poderia ter sido e não foi.

Estréia: 100 questions

100 noção

Outra estréia recente do midseason ou temporada de verão, 100 Questions é uma comédia de vinte minutos da NBC, rede que tem também na grade a ótima The Office e a elogiada 30 rock, ou seja, they should know better

Tudo é muito ruim nesse episódio piloto: os atores são fracos e sem timing para comédia; as piadas são forçadas e em alguns casos você só percebe que são piadas porque há aquelas famigeradas "risadas" ao fundo; os personagens são insuportavelmente rasos e caricatos e, por fim, abundam os momentos de vergonha alheia, mas não dos bons como em The Officee e sim aqueles involuntários em que você fica realmente com pena dos atores.

Enfim, uma experiência insuportável.

Essa mal dura a primeira temporada (que, inclusive, já foi encurtada para seis episódios ao invés de doze).

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Thor #607-610

Botando a casa abaixo

Editora: Marvel Comics
Publicação: Fev-Mai/10
Roteiro: Kieron Gillen
Arte: Billy Tan/Rich Elson (#607-609) e Doug Braithwaite (#610)

A participação de Thor em Siege é tão truncada quanto a mini-série principal. Personagens entram e saem da história, consequências aparecem sem você ter visto as causas (supõe-se que tenham sido mostradas em outros títulos) e a narrativa não flui naturalmente.

Esse foi o último material de Siege que li e esperava que o que eu ainda tivesse de dúvidas seria solucionado aqui. Uma delas realmente o foi parcialmente, em algumas cenas corridas: Voltstagg é efetivamente preso pelo seus crimes (ainda que ele tenha se entregue). Outra simplesmente não aconteceu: a morte relâmpago de Sentry na mini-série que eu acreditava teria mais destaque nesse título, foi mencionada em apenas um quadro e já no epílogo.

A história acompanha quatro grandes frentes: Tyr e a batalha em si, Balder e Heimdall e o desenvolvimento (que não aconteceu na mini-série) que levou à redenção de Loki no final, Kelda buscando aceitar a morte de Bill e Volstagg enfrentando Ragnarok, o clone de Thor. A primeira frente é mais do mesmo, a segunda poderia ser melhor e as duas últimas são simplesmente um "fecha a conta" para poder partir para próxima sem deixar nada pendente.

O que salva realmente essas histórias é a arte de Tan, Elson e Braithwaite de um aspecto levemente surreal que dá aos deuses uma aura diferenciada dos seres humanos normais. Isso, alguns bons diálogos isolados, como o de Balder e Thor no final, e o inesperado viral de Volstagg pelo Twitter-Facebook seguram essa coleção de cenas no Código 3.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Lost


 A conclusão de uma saga sem conclusão

Depois de seis longas, sofridas e fantásticas temporadas chega ao fim o maior fenômeno da televisão atual. Ainda que "televisão" seja extremamente limitador: inclua-se também internet, telefones celulares, livros, quadrinhos, feiras e até onde mais os produtores da série conseguissem estender a saga de Jack e companhia.

Não há a menor dúvida de que a última temporada como um todo, deixou órfãos todos aqueles que assistiam ao seriado esperando respostas para as dezenas de mistérios criados ao longo dos últimos anos. Arriscaria dizer que esse grupo inclui TODAS as pessoas que se deram ao trabalho/prazer de assistir a mais de oitenta horas de estórias.

O último episódio, no entanto, terminou com dois tipos de expectadores grudados na frente da TV: aqueles que continuaram irados com os autores/produtores da série pela "enganação" de não entregarem o que não prometeram e aqueles que "compraram" a resposta que explicaria tudo o que não ficou explicado: "o que importa é a jornada" e "tudo é arbitrário". O primeiro grupo terminou como Ben e ainda vai demorar a se sentir "pronto" para deixar para trás e o segundo, como Jack, já reconheceu que foi uma experiência e tanto, valeu a pena e bola pra frente.

Nesse sentido, foi um final que cumpriu seu papel, e particularmente estou entre aqueles que consideraram-no satisfatoriamente emocional, compensador e coerente com a série como um todo.

Não explicou nada do que se esperava, mas pelo menos deixou explícito e claro que o importante não era conseguir as respostas para os mistérios da ilha em si, mas sim a jornada de cada um dos personagens em busca de propósito e de redenção, o que no final das contas todos eles alcançaram de uma maneira ou de outra tendo a ilha e seus mistérios como o mecanismo catalisador...


Alguns fechamentos foram mostrados na tela (em especial o de Jack), outros foram mencionados (como Ben sendo pro Hurley, o que Jacob nunca deixou que fosse para ele) e outros ficaram a cargo da imaginação (a vida de Claire e Kate cuidando de Aaron, Sawyer fora da ilha etc.)

As cenas finais dão algumas dicas pra que os fãs terminem de concluir aquilo que não ficou explícito na série em si: arbitrariedade. Porque algumas coisas aconteceram de certa maneira? Porque eram as regras de Jacob, ele que as inventou. Jack posteriormente inventou as dele e a estória tomou um ritmo direto e completamente diferente do resto da série inteira (ainda que a conclusão específica do feudo Jacob-Fumaça Negra tenha ficado com um ar de "ninguém tinha plano porcaria nenhuma) e Hurley fará as coisas de um outro jeito, então não importa...

Na sala com os símbolos religiosos de tudo quanto é religião relevante, somos lembrados exatamente disso: é tudo questão de fé, de acreditar em algo e aquilo se tornar a verdade para você como em qualquer religião. Jack finalmente percebe isso próximo do final (quando pega um garrafinha de plástico qualquer e "adapta" o ritual de passagem de bastão para Hurley). "Acredite e será salvo", simples como isso...

O que ficou por explicar, em sua grande maioria, pode ser explicada pelo que cada um tirou da estória. Considerando que não há mais informação a ser dada, cada um pode pegar o que tem disponível e explicar da sua própria maneira. Óbvio que eles não planejaram tudo que foi feito pelo caminho e claro que não tinha uma resposta pensada pra tudo, mas o mais importante é que eles deixaram suficientemente em aberto para que cada um fechasse como quisesse (uma passada de olho nas teorias escritas por fãs no Lostpedia e rapidamente se encontram várias conclusões bastante satisfatórias e coerentes com o mostrado na tv).

Por mais novela das oito que tenha sido o final em si, foi emocionante ter uma última chance de ver personagens aos quais você se apegou finalmente tendo um "final feliz" e percebendo que eles viveram o que tinham para viver, chegando no fim com aquilo que era importante: um vínculo tão forte com outras pessoas a ponto de "criarem um mundo" para se reencontrarem.


Compensador também ver o quanto os atores em si amadureceram nos últimos anos... Se pegarmos o trabalho mostrado por Matthew Fox e Josh Holloway no começo da série e compararmos com a carga emocional que eles jogaram nas melhores cenas desse episódio, nem parecem ser os mesmos atores. Todos conseguiram entregar o que era esperado deles e muitas cenas ficaram irretocáveis, como a do encontro de Sawyer e da Juliette (esperado durante toda a temporada desde a morte dela no primeiro episódio.

Outro ponto interessante desse episódio foi a carga metalinguística muito mais óbvia que em qualquer outro: Kate tirando sarro do nome óbvio do pai do Jack "Christian Shephard", Sawyer mandando um "foi a enganação/truque (con) mais longo e elaborado da estória", outro personagem contestando as regras arbitrárias e ouvindo um "Confie que é assim e pronto" e a mensagem principal: o que interessa é o que você viveu e sentiu assistindo, agora chegou ao fim e é hora de dar um "let go" and "move on" e ficar com as boas lembranças de seis anos de ótimas estórias.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Modern Family

 
Família, Família...



Modern Family foi, sem dúvida, a melhor entre as estréias da temporada 2009/10 de séries de TV, a ponto do Hollywood Reporter incluí-la ainda nos primeiros episódios entre as dez melhores séries da década.

Polêmicas e exageros à parte, o show realmente conta com diversos pontos a seu favor: roteiros inspirados, atores com ótimo timing para comédia, piadas ágeis e nada politicamente corretas e uma premissa bastante simples, mas com a qual a grande maioria das pessoas consegue identificar-se: viver em família é uma tragicomédia, não importa quão moderna ela seja. 

Valendo-se do já bem-sucedido estilo "mockumentary", cujo exemplar mais icônico é The Office, a série finge ser um "reality show", com comentários para a câmera e tomadas sem corte, sobre uma família estendida (três famílias dentro de uma mesma família maior).



De longe, a melhor personagem é Phil, o pai paspalho da família Dunphy, a mais "tradicional" entre as três. Ele é interpretado com maestria por Ty Burrell (Madrugada dos Mortos), que no mínimo deverá ser indicado para um Emmy como ator coadjuvante.



Fazendo par com Ty e comandando a família Dunphy está Claire, interpretada por Julie Bowen (Ed, Lost), que cresce muito com o passar dos episódios e vai de "escada" no início à protagonista de muitas das melhores cenas da segunda metade da temporada.



Claire é filha de Jay Pritchett, mas pode chamá-lo também de Al Bundy, pois o personagem além de ter muitas características similares às do pai imbecil de Married...with Children é também encarnado por Ed O'Neill.



Jay vive com Gloria e o filho dela, Manny, e nesses dois aparecem alguns dos poucos defeitos da série. Por exemplo, a maioria das piadas que cabem a Sofia Vergara (que claramente não precisa de piada nenhuma para justificar sua presença no programa, os vestidos colados justificam qualquer coisa) envolvem a sua origem latina (ela é colombiana) e só são engraçadas nas primeiras vezes, depois viram versões requentadas da mesma piada.

O outro lado "moderno" da série é a família formada por Mitchell, Cameron e Lily, os quais, assim como acontece com Gloria, às vezes cansam um pouco com as piadas gays. Quando exploram o metodismo de um ou a personalidade "expansiva" do outro, no entanto, a dupla funciona bem.

As crianças/adolescentes de modo geral cumprem bem com seus papéis, principalmente, Rico Rodriguez II, interpréte de Manny. Ele é um dos mais engraçados no começo da temporada, mas infelizmente vai virando uma caricatura de si mesmo mais para a frente. 
 
Certamente, todos os episódios valem uma conferida, mas uma lista dos melhores certamente incluiria: "Pilot" (Ep.01), "Run for your wife" (Ep.06), "Fizbo" (Ep. 09), "Not in my house" , "Truth be told" (Ep.17) e "Hawaii" (Ep.23).
 
A série tem ainda que começar a criar suas piadas internas e desenvolver macro-enredos que ultrapassem o limite dos episódios de vinte minutos para dar um ar de continuidade para ela. Porém, mesmo nos seus momentos mais fracos, Modern Family ainda é melhor que a maioria das comédias no ar atualmente.
 
Então, que venha a segunda temporada!

Estréia: The Good Guys

Sem revoluções no gênero

The Good Guys, novo seriado de humor/ação da Fox, é um programa divertido e inofensivo. Sua maior (e rara) vantagem é a de, em nenhum momento sequer, levar-se a sério. Ele brinca com todos os clichês do gênero e apropria-se deles sem esquecer que sua missão é primariamente entreter.

A fórmula é muito simples: policial jovem e competente, mas excessivamente "caxias" torna-se parceiro de policial das antigas, bonachão, preocupado em prender os bandidos e avesso à burocracia, a computadores ou a qualquer método CSI de resolver crimes. Inevitavelmente há o choque de personalidades e, como esperado, cada um deles vai aprender com o outro a ser um policial e também um homem melhor. E o método de cada um vai complementar o do outro e permitir que os bandidos sejam presos.

O mais importante é que o roteiro não tenta, nem por um segundo, esconder que é exatamente isso que vai acontecer não só ao longo da(s) temporada(s), mas ao longo de todos os episódios (ainda que isso seja um pouco mais difícil de inferir após ter assistido apenas um deles).

Não vou continuar seguindo a série, mas se você está só procurando passar o tempo, The Good Guys parece ser uma boa escolha: entretenimento leve e bem-humorado com elenco adequado, produção caprichada um clima nostálgico de anos 80.

terça-feira, 18 de maio de 2010

V

"We are of peace, always!"

Alerta: serão reveladas abaixo informações sobre a primeira temporada da série que podem estragar a experiência de quem ainda não a assistiu - SPOILER ALERT!

Por vários motivos, eu quero muito gostar de V. A série trata de temas que me são caros e normalmente geram boas histórias como paranóia, fé, dissimulação, terrorismo, manipulação de massas etc. Além disso, ela é protagonizada por minha atriz preferida de Lost, Elizabeth Mitchel, e co-protagonizada por uma brasileira que foi a escolha perfeita para o papel da líder dos Visitantes. No mais, a ABC realmente investiu na série e apesar do excessivo uso do "fundo azul", os efeitos são suficientes para te inserir na realidade da história.

E, na maior parte do tempo, eu gosto bastante de V. A série empolga e proporciona bons momentos espalhados aqui e ali. Cada episódio normalmente se constrói sobre um tema no mínimo interessante e que é solucionado ou concluído, nem que seja parcialmente, naquele mesmo episódio. Simultaneamente a história maior vai avançando de gancho em ganho enquanto o cenário para o final vai se formando. Há, contudo, um problema estrutural que ameaça constantemente colocar a série abaixo.

Essa grande falha é, sem dúvida, a falta de proporcionalidade entre os antagonistas. Apesar do quarteto principal da resistência ir colecionando pequenas vitórias que dão algum gás para trama ao longo do caminho, o poder de fogo do lado dos visitantes é tão absurdamente maior que parece impossível uma virada que não venha através de um "Deus Ex Machina". Isto é, um elemento externo e não mencionado previamente aparece e soluciona o que não tinha solução. Eu só espero que, quando já tiverem passado do ponto sem retorno para onde estão rumando, os alienígenas não sejam derrotados por uma "gripe".

Esse problema estrutural poderia ter se resolvido, quando na metade da temporada surgiu o conceito da Quinta Coluna. A idéia é que haveriam ao redor do mundo várias células dormentes de Visitantes e Humanos dispostos a lutar contra Anna. Isso poderia rebalancear um conflito absolutamente desigual, só que infelizmente, eles começaram a descontruir a Quinta Coluna logo nos episódios subsequentes.

Porém o que realmente pode ter enterrado qualquer chance equilíbirio foram os eventos do final da temporada. Com uma frota gigantesca a caminho e o céu ficando vermelho, aparentemente indicando que os Visitantes já estariam prematuramente dispostos a deixar o caminho diplomático, parece pouco provável que os seres humanos (para não falar de quatro pessoas) efetivamente consigam rechaçar a invasão. Mesmo que todos os povos se unissem contra os Visitantes agora, que chance teríamos contra inimigos com armas e tencologia muito mais avançadas que as nossas?

Há outros problemas menores que estão no campo das oportunidades perdidas, como, por exemplo, não montar a série de forma que nenhum dos dois lados pudesse ser considerado o "mal" ou o "bem". Estou torcendo para que todas as "maldades" que os Visitantes já perpetraram - como assassinar membros da Quinta Coluna e seus familiares, fazer experiências em humanos, eliminar Visitantes que "humanizaram-se", colocar rastreadores nas pessoas etc. - sejam por um "bem maior", e que no final das contas os dois lados estejam lutando pela mesma coisa (i.e. o bem da humanidade) de maneiras divergentes. Mesmo que, no caso dos Visitantes, essa maneira seja o bom e velho esquema do "salvar a humanidade dela mesma".

Outra oportunidade que ainda não foi perdida, mas que parece que vai ser, refere-se à "lealdade" de Chad Decker, o repórter. Em determinados momentos nos episódios finais, era impossível dizer qual era a agenda da personagem. Ele realmente está servindo Anna? Ele está traindo o Padre Jack ou precisa enganá-lo para poder conquistar ainda mais a confiança de Anna? Ou ele tem a sua própria agenda e vai ficar mudando de lado conforme for mais conveniente? Apesar dos ótimos diálogos que já foram escritos, parece que realmente ele já foi "fisgado" por Anna. Vai ser preciso esperar para ver.

Quanto ao elenco da série, pelo menos entre os protagonistas não há performances realmente ruins. Elizabeth Mitchell passa confiança como a agente do FBI Erica Evans, mas consegue demonstrar fragilidade quando seu filho está em perigo. Joel Gretsch convence também como o padre Jack, e a presença de uma personagem como essa me deixou um pouco preocupado no começo, mas com temas/conceitos como o "Bliss" de Anna ou o projeto dos Visitantes de serem adorados como deuses, ele parece uma escolha adequada. Mark Hildreth, por sua vez, não é nenhum candidato ao Emmy, mas, ao menos, seu personagem Joshua foi o pivô das duas melhores viradas de roteiro, a primeira quando ele mata Dale, o ex-parceiro de Erica, e no final da série quando descobrimos que ele não foi morto por Erica.

Porém, Morena Baccarin é que é realmente a grande estrela da série. Sem seu sorrisinho discreto, sua beleza exótica e (pode ser jogo de câmera) levemente reptiliana, a história não funcionaria tão bem. Nenhum outro V consegue ser tão enigmático quanto ela, principalmente a sua inexpressiva filha Lisa (Laura Vandervoot), a Barbie do Espaço.

Se V, na segunda temporada, conseguir resolver seu problemas estrutural básico e desenvolver melhor alguns dos muitos conceitos legais que foram mal aproveitados na primeira, V pode entrar para a lista das melhores séries de ficção científica ao lado de Lost, Battlestar Galactica, Arquivo X e outras. Por enquanto, ela é só um bom programa com alguns problemas de roteiro, mas ainda assim divertido.

Eu continuo apoiando e acreditando na ABC e seus Visitantes.

We are of peace, always!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Maré de azar

Sessão-da-tarde

Direção: Mike Judge

Título original: Extract
Duração: 92 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Mai/2010

Ainda lembro de Como enlouquecer seu chefe como uma comédia sessão-da-tarde razoavelmente superior às outras que pasavam no mesmo horário. Nunca fui um grande fã de Beavis and Butthead, mas reconhecia o seu valor “cultural” e crítico. E nem cheguei a assistir Idiocracia, mas gostava da idéia de um futuro onde os idiotas tomaram a Terra simplesmente porque eles se reproduzem mais. Foi nesse espírito meio “pode ser interessante” que resolvi assistir Maré de azar, a nova comédia de Mike Judge.

Contudo, chamar o filme de comédia é um pouco de exagero, já que a quantidade de “piadas” e cenas cômicas é bem baixa. Ele chega a ser engraçadinho e tem um ou outro diálogo interessante. Em termos de atuação, Jason Bateman repete seu papel de Arrested Development, Mila Kunis também continua com a mesma personagem de That 70’s Show (só que um pouco mais esperta) e Ben Affleck está ridículo, ponto.

Não chega a ser ofensivo e não é um filme essencialmente ruim, só que ele não é engraçado, não tem nenhuma atuação memorável, o roteiro é simples e sem nenhuma novidade e, enfim, certamente há outras coisas melhores para se fazer com nosso tempo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Avengers: The Initiative #31-35

Laboratório de Personagens

Editora: Marvel Comics
Publicação: Fev-Jun/10
Roteiro: Christos Gage
Arte: Rafa Sandoval (#31), Mahamud Asrar (#32) e Jorge Molina (#33-35)

Títulos protagonizados por personagens menos "icônicos" das grandes editoras geralmente conseguem arriscar mais e aproximar-se minimamente dos quadrinhos "alternativos", mesmo trabalhando dentro do mesmo universo dos "carros-chefes". Alguns bons exemplos são X-Factor de Peter David, a bizarra X-Force de Peter Milligan ou mesmo Thunderbolts que volta e meia gera algumas pequenas pérolas como essa fase mais recente durante Dark Reign.

Avengers: The Initiative não chega a ser uma obra-prima, mas é, no mínimo, louvável o quanto de caracterização e abordagens diferenciadas Christos Gage conseguiu produzir em um título superpovoado com personagens de segunda (sendo generoso!) categoria. Quando os protagonistas de uma série são Cascavel, Treinador, Constritor, Justiça e Tigresa, você não pode deixar de aplaudir ao menos o esforço.

A grande maioria dos personagens consegue vida e dilemas próprios, alguns deles bem relevantes, como o papel duplo de Cascavel, a sede de vingança de Tigresa, a dúvida de Radical entre a ressurreição de seu irmão e o fim da Iniciativa de Osborn. Todas essas histórias alcançam uma resolução satisfatória e a última edição do título realmente parece uma edição final, o que não acontece com Mighty Avengers, por exemplo.

Sobre essas edições especificamente, como é necessário que o título adapte-se ao que está acontecendo durante Siege, a narrativa às vezes parece truncada, porque vai mostrando flashes de diferentes momentos durante o evento que afetam de uma maneira ou outra os personagens da Iniciativa, estejam eles na batalha em Asgard ou no ataque dos Vingadores Renegados ao QG da Iniciativa. Mas os momentos isolados conseguem valer-se por si mesmos e isso compensa as interrupções no fluxo maior.

Por fim, vale destacar o ótimo trabalho de Jorge Molina nos desenhos das últimas três edições que lembra um pouco o estilo detalhista de George Perez, o qual encaixa-se perfeitamente em uma série com um elenco de dezenas ou centenas de personagens secundários. O título morre aqui, mas Christos Gage continua o bom trabalho agora no novo Avengers Academy, que deve manter o mesmo espírito de laboratório, testando e desenvolvendo personagens novas ou reabilitando personagens que andavam esquecidas.

Dark Avengers #13-16

Bendis atinge seu clímax

Editora: Marvel Comics
Publicação: Fev-Jun/10
Roteiro: Brian Michael Bendis
Arte: Mike Deodato

E mais uma série chega ao fim... E essa realmente parecia ser uma série e tanto. Vou tentar ler as outras 12 edições todo o material antes de entrar nos novos títulos da "Era Heróica". Essas edições finais ajudaram-me a entender porque esse título ficou no topo da lista dos mais vendidos durante toda sua breve existência.

Vale destacar de início que, apesar de todas as edições estamparem o selo Siege na capa, elas não tratam em nenhum momento dos eventos ocorridos na mini-série. Na verdade, eles são um prelúdio e um epílogo.

Nos três primeiros números (#13-15), o prelúdio, descobrimos como Sentry finalmente enlouqueceu de vez e Void tomou conta de sua persona. Tudo fruto de uma brilhante (ainda que leviana) manipulação de Norman Osborn. Grandes momentos ao longo de todas as partes.
Na primeira delas, destacaria a discussão de de Sentry com sua esposa e ela dizendo que ele seria apenas um junkie e estaria longe de ser um herói de verdade no nível de Capitão América e Homem de Ferrro.

Em outro parte, temos um ótimo momento do Mercenário, quando Osborn manda o Mercenário eliminar Lindy, a esposa do Sentry. Você consegue imaginar o prazer de Bendis em escrever cada linha do diálogo do vilão com Lindy. Esse é o último degrau numa escalada inevitável de loucura para Sentry.

A arte de Mike Deodato está no seu auge em todas as páginas. Ela é detalhista o suficiente para criar um aspecto pesado para a série, um aspecto que necessariamente deveria estar presente também em qualquer outro título relacionada à Dark Reign (Thunderbolts, Dark Wolverine, Bullseye)

O último número (#16) é um (dos) epílogo(s) para Siege com um fechamento digno para os Dark Avengers e, principalmente, para Norman Osborn. Bendis realmente conseguiu construir um personagem fascinante, ainda que, assim como Tony Stark anteriormente, Osborn tornou-se onipresente no último ano, aparecendo em praticamente todos os títulos, então o personagem pode ter sido escrita de várias maneiras diferentes nesse período. Porém, a abordagem de Bendis é a que realmente capta o que Norman tem de melhor como personagem.

Ele pode ser um louco, mas tem seu ponto. Não há como dizer simplesmente que eles seja um vilão e que esteja errado, porque ele realmente acredita que está fazendo o melhor pelo seu país e isso é algo louvável. De certa maneira, ele é realmente um "Super-patriota". 

Com o fim de Dark Avengers e de Norman Osborn, estoamos entrando no que a Marvel está vendendo como sua "Era Heróica"... Depois de tudo que aconteceu desde Civil War, em que tudo foi degringolando para os heróis da casa, já era hora de reverter a tendência.

Mas agora que atingimos o clímax de anos de histórias, para onde vamos daqui pra frente? O que pode vir depois dessa sequência de eventos grandiosos e transformadores?

Siege - Embedded #1-4

Direto da Frente de Batalha


Editora: Marvel Comics
Publicação: Mar-Mai/10
Roteiro: Brian Reed
Arte: Chris Samnee

As histórias da série "Front Line" que surgiram durante Guerra Civil e reaparecem toda vez que um novo grande evento assola o Universo Marvel (Invasão Secreta, Hulk contra o Mundo, e agora O Cerco) são uma das maneiras da Marvel de manter seu "diferencial competitivo" em relação à Distinta Concorrência: uma abordagem mais realista e pé-no-chão das aventuras de super-heróis. Havia lido apenas a de Guerra Civil e considerei Front Line muito superior às estórias do evento em si.

Infelizmente não dá pra dizer a mesma coisa de “Embedded” (expressão que designa repórteres escolhidos para acompanhar o exército durante uma guerra). Não que a história seja ruim, mas ela não alcança o mesmo nível de discussão sócio-filosófica de sua antecessora e acaba sendo "apenas" uma perspectiva não-heróica do evento. Isso tem seu valor, mas eu esperava mais.

Dessa vez, o roteirista tem apenas um ponto: alertar sobre os perigos da manipulação da mídia durante um conflito militar. Seu vilão é mais desprezível que o próprio Osborn. De resto, ele precisa ainda matar muito tempo durante quatro longas edições com cenas de ação desnecessárias e incoerências (ou, no mínimo, escolhas duvidosas) gritantes no roteiro.

O exemplo mais claro desses problemas é o fato de Volstagg andar livremente de um lado para o outro, considerando que ele é, em tese, o culpado por uma tragédia do nível 11 de Setembro. Antes mesmo do cerco à Asgard, esperava-se que no mínimo detivessem o deus glutão. Aparentemente nenhum dos roteiristas da Marvel queria lidar com o assunto e partir logo para ação na cidade dourada, sobrou pra Brian Reed que, infelizmente,  resolveu simplesmente colocar Volstagg em uma road trip com os jornalistas ao invés de tomar providências mais cabíveis.

A arte de Samnee é confusa e torna difícil identificar o que exatamente está acontecendo em alguns quadros. E, em todos os outros quesitos, Embedded poderia também ser bem melhor. Ainda assim o título tem seus bons momentos e ajuda a complementar o mega-evento com um necessário viés "humano".

Siege #1-4

O Zênite de uma Era

Editora: Marvel Comics
Publicação: Mar-Jun/10
Roteiro: Brian Michael Bendis
Arte: Olivier Coipel

Nos quesitos abrangência e "grandiosidade", Siege conseguiu atingir tudo o que queria: vemos a batalha de vários ângulos diferentes, temos envolvimento relevante de boa parte do elenco Marvel, personagens importantes morrem, personagens importantes fecham seu ciclo e o Universo Marvel como um todo muda completamente seu status quo.

Agora, quando você olha como história em si, não há muito acontecendo aqui. Descontando o "prólogo" em Dark Avengers com a queda de Sentry, a história não vai muito além de sua própria sinopse: Volstagg se envolve em um evento similar ao que deu início à Guerra Civil e com isso Norman invade Asgard - Deuses e heróis entram numa batalha contra os Dark Avengers, HAMMER, a Iniciativa e os Thunderbolts. Siege não evolui muito além disso.

A maioria dos autores, sabendo que não tinha como efetivamente contar histórias dentro desse contexto, aproveitou para desenvolver personagens ou fechar pontas soltas (no caso de títulos que estavam sendo encerrados durante Siege). Foi isso que aconteceu em New Avengers, Thunderbolts, Dark Wolverine e na maioria dos One-Shots.

Em relação às quatro edições em si, o resultado ficou bastante truncado e cenas muito relevantes parecem apressadas. Isso acontece porque depois aquela mesma cena vai acabar aparecendo em pelo menos mais uns três títulos diferentes ou no mínimo em uma em que ela é ponto central (ex. a morte de Sentry nas mãos de Thor que é melhor desenvolvida no título do deus do trovão). Isso deixa Siege com cara de "melhores momentos" e às vezes não parece que é uma história que se basta em si mesma.

Algumas observações; particularmente, gostava muito de Ares e fiquei triste com a sua morte, ainda mais da maneira apressada que aconteceu e que nenhum outro título desenvolveu melhor. O Sentry também era um conceito fantástico, mas em um universo em que Homem-Aranha, Capitão América e Wolverine são as grandes estrelas, personagens como ele (ex. Feiticeira Escarlate e Fênix) estão sempre fadados à loucura ou à morte (ou ambos). Thor sobrevive porque volta e meia diminuem o seu nível de poder dele ou então o mantém dentro de seu universo mitológico, onde os outros seres conseguem rivalizá-lo.

Enfim, Siege foi um evento grandioso que fechou satisfatoriamente um período fantástico de mais de sete anos em que o Universo Marvel deu uma respirada criativa e os autores puderam trabalhar num contexto diferente de tudo que veio antes. Um universo com heróis brigando entre si (Guerra Civil e Hulk contra o Mundo), seguido de mais paranóia e desconfiança entre os que restaram (Invasão Secreta) e finalmente os vilões se tornando os protagonistas das séries (Reino Sombrio).

Agora é esperar para ver o que a Era Heróica nos reserva. Voltaremos às histórias mais ingênuas, simples e divertidas dos anos 80? Ou às histórias exageradas, rocambolescas, exageradamente interconectadas dos anos 90? Uma coisa é certa: os autores vão ter que ser muito criativos para construírem um nível de ameaça e tensão para os Vingadores e Cia. que rivalize com o que a gente teve nessa primeira década do século 21.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O imaginário do Dr. Parnassus

Agradáveis alucinações

Direção: Terry Gilliam
Título original: The imaginarium of Dr. Parnassus
Duração: 123 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Mai/2010


Apesar de ter ficado conhecido principalmente pelo suicídio de seu protagonista no meio das filmagens, O imaginário do Dr. Parnassus teria chamado a atenção por si só com seu enredo intrincado e seu visual onírico e alucinado. É bem verdade que a morte de Heath Ledger um pouco antes de as cenas finais terem sido filmadas e sua substituição porJohnny Depp, Jude Law e Colin Farrell deixaram o resultado ainda mais interessante. O que poderia ter afundado o filme, nesse caso, fez com que o roteiro fosse reescrito de forma a amplificar as qualidades originais do material e quatro (bons) atores fazendo o mesmo papel fez mais sentido do que um só teria feito. A conclusão, assim como uma ou outra cena ao longo do caminho, desce um pouco quadrada, mas o resto da película oferece um banquete de ilusões, mistérios e imagens agradavelmente sem sentido que mais do que compensam os deslizes do roteiro.