quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Blackest Night - Titans #1-3


O cemitério mais cheio da DC


Editora: DC Comics
Publicação: Ago-Out/2009
Roteiro: J.T.Krul
Arte: Ed Benes

É impressionante a quantidade de heróis que já morreram ao longo dos anos e das inúmeras versões pelas quais a equipe dos Titãs já passou. Uma história como Blackest Night é um prato cheio para qualquer roteirista a cargo do título e J.T.Krul (que eu desconhecia até esse arco) consegue aproveitar bem o potencial.

Pelo menos um evento realmente relevante acontece nessa mini (a morte de um dos membros da equipe) e várias outras cenas muito boas envolvendo entes falecidos queridos são servidas para acompanhá-lo. Ex-Titãs à granel saem de suas tumbas de todos os lados e proporcionam confrontos, no mínimo, interessantes.

Muito boa a sacada "incolor" ou "amotiva" de Columba que aparentemente a colocará no centro da trama principal. Engraçado como essa dupla Rapina & Columba que para mim sempre soou como segundo escalão da DC volta e meia vira epicentro de alguma mega-saga, como aconteceu com Hank Hal em Armageddon 2001.

A arte sempre refinada do brasileiro Ed Benes deixa a mini-série ainda mais agradável de ler, ainda que a colorização pudesse ter dado um ar mais sombrio que a história realmente merecia. Mais um ponto dentro para Blackest Night!

PS. - Um dos melhores momentos de Blackest Night até aconclusão do reencontro entre Donna e seu bebê. Foi tão forte que teve que acontecer todo off-panel.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Blackest Night - Superman #1-3

Supersimples


Editora: DC Comics
Publicação: Ago-Out/09
Roteiro: James Robison
Arte: Eddy Barrows

Começou mal,muito mal... Ouvi histórias de que Superboy tinha morrido em um dos grandiosos eventos anteriores, então o que ele está fazendo aqui? E Jonathan Kent, morto? Quando? Krypton existe novamente? E quem é Kal-L?Krypto, o supercão agora faz parte do universo "sério" da DC? Lois Lane morreu? O que o Pirata Psíquico está fazendo em Smallville? Dúvidas demais para um leitor tentando entrar no bonde novamente.

Para ser justo, muitas dessas dúvidas vão elucidando-se ao longo da história, ainda que por suposições e não por explanações. E a mini-série tem a vantagem de ser uma grande cena de batalha sem carregar muito no roteiro ou exigir muito do leitor. 

Apesar de não saber quem são eles, entendi que Kal-L e Lois Lane são da Terra-2 e o pai de Kara é de Nova Krypton (não sei a história por trás de nenhum dos lugares, mas isso não é essencial ao entendimento do enredo) e que eles retornaram dos mortos, foram derrotados por Superman, Superboy e Supergirl e agora, ao menos os dois primeiros vão se juntar aos outros heróis na batalha principal.

Simples e direto como isso e com uma arte limpa e clara, sem nenhum diferencial para acompanhar. A mais "fácil" e mediana das minis de Blackest Night até o momento.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Triângulo do Medo

Método sem contexto


Direção: Christopher Smith
Título original: Triangle
Duração: 99 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Out/2009


“Se naum gostarão é porque naum intenderão, esse filme é dimais!” é um comentário sobre “Triângulo do medo” relativamente típico e fácil de ser encontrado pela rede. E comentários do tipo dizem muito sobre o filme. Afinal, mesmo quem conseguiu passar pela escola (ou ainda está nela) sem entender regras básicas do nosso idioma consegue apreender as regras desse filme. E aparentemente é capaz de não só entendê-lo, mas (ou “mais” para eles) também ficar tão orgulhoso de tê-lo feito a ponto de se revoltarem quando confrontados com a verdade de que ele é, quando muito, mediano.

A verdade é que, apesar de ilusoriamente confuso, o mecanismo (ou “sacada”) que complica o filme é detalhado e repetidamente explicado e as tomadas são simples e diretas como a de uma novela de forma a minimizar quaisquer dúvidas em relação ao que está acontecendo.

Volta e meia alguns filmes “confusos” geram esse tipo de reação “ame” ou “odeie”, tais como Mr. Nobody e A origem, já resenhados aqui no blog, ou Donnie Darko, mencionado em outra resenha. Esses exemplos, porém, são completamente distintos de Triângulo. Mr. Nobody tem um mecanismo ruim e mal desenvolvido, mas vale pela vontade do diretor de inovar nas tomadas, enquadramentos e afins. Donnie Darko foca na estranheza de seus personagens e o mecanismo apenas os torna mais cativantes. A origem tem um mecanismo elaborado e com regras próprias e o usa para desenvolver o envolvente drama de um dos personagens..

Triângulo do medo, no entanto, é apenas e tão somente o seu próprio mecanismo, o que o torna insosso e repetitivo, e como filme em si carente de quaisquer atrativos. Seria um ótimo episódio de “Além da Imaginação”, onde a ideia vale muito mais do que o conteúdo ou a execução – infelizmente para os espectadores ele é muito mais longo que o típico episódio de uma série. É um bom filme-exercício, realizado com esmero e esforço, mas que não tem uma história de verdade para contar.

À primeira vista, a julgar pelo título em português, estamos falando de um terror qualquer. Desse gênero, porém, Triângulo apenas rouba temporariamente alguns clichês a fim de enganar o espectador com relação a seu verdadeiro objetivo. E talvez seja nesse “truque” que ele apresente uma de suas principais fraquezas: o mecanismo não dependia dos elementos de terror para funcionar, e pior, esses elementos acabam não fazendo sentido considerando a pífia e preguiçosa explicação para o próprio mecanismo.

Em “Triângulo do medo”, o foco de todo o tempo de projeção está em garantir que o mecanismo seja hermético, sem falhas, imune a qualquer crítica e nisso alcança sua meta: realmente o filme “faz sentido”. Só que infelizmente isso não faz dele um bom filme. Na ânsia de explicitar cada detalhe, sobra muito pouco tempo para qualquer tentativa de desenvolvimento dos personagens e muito menos para a criação de um enredo propriamente dito que desse contexto para o mecanismo – esse acaba não sendo um meio para contar a história e sim sendo ele mesmo a história.

Tomemos outro exemplo em “O sexto sentido”, o filme também se apoia em um mecanismo, com a diferença de que nele o diretor tem espaço suficiente para fazer você se importar com os personagens principais e criar cenas que isoladamente são memoráveis independentemente da sacada no final. Essa, inclusive, funciona particularmente bem porque você se envolve tanto com o desenvolvimento da história que não fica prestando atenção no mecanismo em ação.

Em Triângulo, ao contrário, você passa a maior parte do tempo sendo guiado pelas mãos através do conceito: uma personagem te explica logo no início a referência mitológica que o justifica (o que tira a oportunidade de você percebê-la por si mesmo), outro  personagem explicita porque toma determinadas atitudes (o que você facilmente teria deduzido pelo desenrolar dos eventos), e você tem pelo menos umas quinze oportunidades diferentes (entre cadáveres, colares, rabiscos em papéis, gaivotas e outros) de entender o mecanismo e azar o seu se as duas ou três primeiras já tiverem sido suficientes porque não há conteúdo para preencher os próximos cinquenta minutos, então você vai continuar sendo bombardeado até que se sinta tão esgotado quanto a personagem principal.

Mais um filme em um curto espaço de tempo assistido inadvertidamente ao zapear canais. Começo a sentir-me como Sísifo, condenado a repetir eternamente os mesmos erros e a gerar resenhas com referências tão sutis e ligeiramente inadequadas quanto às do filme resenhado.

O desinformante

Bom e sem-graça

Direção: Steven Soderbergh
Título original: The informant!
Duração: 108 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Out/2009

Com O desinformante, o blog dá início a uma série de 13 "microcríticas" (impressões principais, sem muita análise) com o intuito de acabar com uma pilha de filmes assistidos há tempos cujas críticas foram sendo procrastinadas repetidamente. Logo, logo, voltaremos a nossa programação normal...

Traffic, indicado ao Oscar de melhor filme em 2000, é o meu recorrente exemplo de um "ótimo filme chato", aquele que você consegue perceber que é um ótimo filme, mas só continua assistindo até o final com muita dedicação. Não foi por acaso então que essa classificação me veio à cabeça durante O desinformante, afinal, como descobri há pouco, os dois são fruto da mente do mesmo diretor, Steven Soderbergh (Erin Brockovich, Solaris).

A estória "baseada em fatos reais" de fraude e corrupção de O desinformante tem seu apelo e o fator "documentário" com empresas e entidades governamentais sendo citadas abertamente dá um toque especial a ele. Um outro aspecto positivo é que Matt Damon consegue fazer um típico colarinho-branco crível e simpático, ainda que fique sempre a impressão de que um ilustre desconhecido do tipo J.C. Reilly ou William H. Macy encaixariam-se com menos atrito no papel. A execução é muito competente, som, iluminação, edição e todos os outros fatores técnicos estão perfeitos. 

Ainda assim, por algum motivo que não sei explicar, ele não empolga, não entretém e não se destaca.

É bom sim, mas ao mesmo tempo é chato e não dá para recomendar... Vai entender.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Blackest Night - Batman #1-3

Uma segunda chance para os órfãos

Finalmente uma mini-série do evento Blackest Night realmente acessível a um leitor das antigas tentando voltar ao Universo DC. A maior parte, se não todos os eventos e fatos anteriores referenciados são bem estabelecidos   e conhecido por todos ou aconteceram a tempo suficiente para eu ter lido como por exemplo a morte do pai de Tim Drake.

O que poderia causar alguma estranheza seria justamente a ausência de Bruce Wayne e o fato de Grayson estar atuando como Batman, mas a morte do homem-morcego original e sua substituição foi tão comentada que seria difícil alguém que acompnha o mundo dos quadrinhos não saber dela. O que me causou surpresa for ver Damian, o filho de Thalia e Wayne como o Robin. Está aí algo que deve estar gerando boas situações no título mensal.

Quanto à história em si, ela é a melhor das que li até o momento: os pais de Batman e Red Robin (A Panini traduziru como Robin Vermelho?) retornam dos mortos e geram a comoção esperada até os heróis, como esperado, colocarem a cabeça no lugar e aceitarem que aqueles não são seus pais. Para completar, um número considerável de vilões ressuscita e tocam o terror em Gotham, mas a maior parte deles eu não faço idéia de quem sejam. 

Boa caracterização dos personagens, enredo simples e sólido, arte no estilo certo para a história, nada a reclamar, porém nada também para impressionar. 

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Deixa ela entrar

Sentimentos Conflitantes


Direção: Tomas Alfredson
Título original: Låt den rätte komma in
Duração: 115 min
Idioma: Sueco
Lançamento: Out/09

Ok, entendi que o filme é sutil, é metafórico, é simbólico, é referencial blá blá blá... mas é bom? É... Mas é legal? Essa é para se pensar... Deixa ela entrar encaixa-se na famosa categoria "fantastichato" : a crítica adora, todo mundo fala bem, dizem que é um exercício de cinema fantástico e outras coisas do tipo, mas quando você resolve finalmente assistir fica com aquela sensação de... Por que afinal todo mundo estava falando tanto disso?

Minha última experiência desse tipo foi com o aclamado Como festejei o fim do mundo, um filme romeno sobre dois irmãos à época da queda do ditador Ceausecu no fim da guerra fria. Assisti o filme pausando a todo momento porque meu pensamento volta e meia escapava para alguma coisa sem importância, mas que naquele momento parecia mais interessante. Mas o filme era ruim? Certamente não... Os atores trabalhavam bem, tinha cenas muito bonitas, a trilha sonora era bacana... mas não rolou a química. Vai entender...

Assistir Deixa ela entrar rendeu sensações muito parecidas. Em nenhum momento diria que é um filme ruim, porque as tomadas são realmente muito legais, a câmera sempre procura ângulos diferentes e os diálogos são instigantes, meio surreais. Considerando que é um fime sueco, vale dizer que é como assistir um Ingmar Bergman sobre vampiros: é bom, mas tem horas que você acha que não vai conseguir resistir ao sono (tudo bem, assisti no meio da semana depois de um dia pesado no trabalho, mas ainda assim...).

O filme é econômico em tudo: na trilha sonora, nas cenas de ação, nos diálogos... E o pouco que é mostrado ou executado acaba tendo muito mais significado do que uma sucessão frenética e videoclíptica de imagens e mesmo cenas relativamente comuns em outros filmes ficam muito mais marcantes nesse. 

Enfim, não é certamente o mais fácil dos filmes e talvez eu tenha tido um problema de expectativa com ele, mas ainda assim o recomendo. No mínimo é garantido que, para o bem ou para o mal, você não vai sair com a impressão de que já viu isso antes.