quarta-feira, 25 de maio de 2011

Modern Family - Segunda Temporada

A família continua no topo


Modern Family fechou sua segunda temporada um pouco menos no hype do que no ano anterior, mas ainda contando com muitas piadas e situações originais, performances inspiradas e uma média geral de prós e contras acima da das boas comédias que ainda sobrevivem hoje em dia. Posso estar sendo injusto, mas creio que é a única comédia que acompanho (descontadas animações como Family Guy e Americand Dad!) que realmente consegue arrancar risadas. The Big Bang Theory mantém seu appeal "nerd" mas as piadas deixaram de ser inteligentes e a comédia física já tomou conta, as risadas nervosas e constrangedoras por vergonha alheia de The Office e Parks and Recreation foram perdendo o frescor e os seriados se perdendo em roteiros que lembram mais séries dramáticas que comédia e How I met your mother, assim como Friends, é divertido de se ver, mas não necessariamente engraçado.

O passado costuma ajudar muitas séries, algumas piadas são boas porque fazem referências a situações pelas quais os personagens já passaram e o senso de familiariedade ajuda a você entrar no clima. Contudo, em alguns casos, essa continuidade cria uma âncora que não é necessariamente vantajosa para a série e corre-se o risco de algumas características virarem piada repetida (a tendência maníaco-obssesiva de Mônica em Friends) ou um bordão "Zorra Total" que só tem graça nas primeiras vezes em que é utilizado (o "Bazinga" de Sheldon em The Big Bang Theory). 

Modern Family ainda está longe de alcançar esse período de decadência e inanição criativa e consegue manter o frescor de seus episódios sem carregar demais em roteiros mais elaborados do que o necessário para gerar situações cômicas. Contudo, já em sua segunda temporada, começa a demonstrar cansaço em alguns personagens específicos: Manny (Rico Rodriguez II) não conseguiu sair do personagem-de-uma-piada-só do garotinho "adulto" e a afetação e os exageros de Cam (Eric Stonestreet) tomaram o palco central e dominaram mais episódios do que seria saudável para o personagem. 

Por outro lado, acertadamente, Ty Burrell perde um pouco de espaço para dar uma segurada na superexposição que Phil teve na primeira temporada, o que ajudou a manter as piadas típicas do pai-pateta minimamente inesperadas. E uma das melhores surpresas veio justamente de uma das piores personagens da primeira temporada: Sofia Vergara conseguiu maneirar na caricatura e, com a ajuda de um roteiro que tirou a personagem do limbo da piada monotemática, cresceu na temporada com uma Gloria de mais nuances e facetas roubando merecidamente a cena em diversos episódios. Outra que também conseguiu mais espaço e amadureceu desde o ano anterior foi Sarah Hyland, ainda que sua  Haley vá precisar de mais alguns ajustes finos para fugir da inevitável comparação com a Jackie de Mila Kunis em That 70's show - as duas atrizes ainda dividem algumas semelhanças físicas, o que torna mais difícil não comparar.

Jesse Tyler Ferguson (Mitchell), Ed O'Neill (Jay) e Julie Bowen (Claire) mantiveram a performance e ajudaram a compensar quaisquer deslizes da série e mantê-la como a melhor opção de comédia entre as que estou acompanhando atualmente. Espero que tenha fôlego para pelo menos umas duas temporadas, já que o próprio formato "família" torna difícil uma renovação do elenco ou dos personagens sem descaracterizar completamente aquilo que justamente torna tão fácil a identificação do expectador com a série.

Continua valendo a recomendação para quem ainda não está vendo e e para quem já está agora é só esperar setembro chegar para mais episódios inéditos de Modern Family!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Piratas do Caribe - Navegando em águas misteriosas

Mais um de muitos

Direção: Rob Marshall
Título Original: Pirates of Caribbean - On stranger tides
Duração: 141 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Mai/11

Vi no cinema o novo filme da franquia Piratas do Caribe, acho que era o segundo, quarto ou quinto da série... Quem poderia afirmar? Ainda na entrada estava tentando lembrar como tinha acabado o anterior: foi o do redemoinho engolindo o navio ou aquele em que Jack enfrenta uma tripulação imortal? 

No final, não importa muito. As histórias são todas diferentes entre si, cheia de detalhes, tramas intrincadas; mas no final das contas, não importa muito mesmo, porque você não vai conseguir manter essa diferenciação na cabeça. O que vale é, mais uma vez, checar navios de piratas, baús de tesouro, maldições seculares, seres marinhos fantásticos e outras estórias e lendas do vasto imaginário que envolve os piratas.

A trama da vez envolve a Fonte da Juventude e o vilão da vez é o famigerado Barba Negra, mas há espaço para várias outras referências que só servem de pano de fundo para uma sequência de mais de duas horas de ação ininterrupta seguindo sempre um mesmo esquema: Jack Sparrow vai entrar em uma situação aparentemente sem saída e vai, obviamente, sair dela com acrobacias, truques e muita lábia. 

É a fórmula recursiva (as cenas) dentro de uma outra fórmula recursiva maior (os filmes).

Piratas do Caribe é sempre igual e sempre divertido, vai continuar assim pelos próximos infinitos filmes que podem ser feitos. Se já no quarto da série é muito difícil guardar o que o faz diferente dos outros e ainda assim ser possível se entreter bastante, quer dizer que a fórmula ainda deve aguentar um bom tempo. 

Que venha o próximo!

Nota final: o amor impossível e assexuado à la Crepúsculo de conclusão tão bizarra e indefinida parece ter entrado do nada no meio da estória e ganha mais tempo de tela do que seria recomendável. Com certeza aumenta o escopo do público do filme, mas também o deixa bastante esquizofrênico.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

The Big Bang Theory


Os Nerds contra-atacam

Apesar de ainda ser produzido no cansado, cansativo e praticamente falecido formato das sitcoms, as piadas baseadas em química, física astronomia e outros assuntos nerds  somados a um humorista revelação conseguem fazer de The Big Bang Theory uma daquelas poucas comédias ainda sendo exibidas que ainda podem ser realmente classificadas nessa categoria.

A primeira temporada e o começo da segunda foram realmente fora de série com diversas piadas inteligentes que surpreendiam pela inesperada conexão de assuntos cotidianos com conceitos elaborados de disciplinas mais complexas - a "fantasia de efeito Doppler sendo um dos muitos pontos altos. Jim Parson garantia o restante com os maneirismos incrivelmente engraçados de seu Sheldon Cooper - as expressões faciais do ator para diversas situações eram um espetáculo à parte.

Parsons é realmente quem carrega o show, ganha as melhores falas e tem a melhor performance, mas está bem acompanhado de Simon Helberg e seu diminuto engenheiro judeu Howard, que apesar de muitas vezes ser encarregado do humor físico, tira de letra em um estilo "engraçado-sem-nem-abrir-a-boca". Kaley Cuoco, a Penny, também não faz feio, mesmo sendo praticamente um artifício ambulante para possibilitar algumas piadas mais óbvias do confronto inteligência x sensualidade. 

Tanta qualidade, fazia o expectador virar os olhos para a porção mais banal e simplória do programa com seus estereótipos fracos, piadas físicas e seu plot principal tolo sobre a relação do nerd estranho com a loira gostosa e não tão esperta. Bem, é um programa de TV caro e precisa se pagar, então quanto mais público atingir, tanto melhor.

O problema é que com o passar dos tempos, apesar de os assuntos das piadas até variarem, começa a ficar visível que a estrutura delas é sempre a mesma e o humor físico e raso passa a ganhar mais espaço. A entrada, na quarta temporada, de Mayim Bialik e sua Amy Fowler, supostamente uma versão feminina do astro Sheldon,  não ajudou muito na revitalização da série e só deixou mais patente a reciclagem criativa que vinha acontecendo há algum tempo. 

Ainda assim , a terceira e a quarta temporada ainda conseguiram esconder algumas piadas frescas em meio ao reprocessamento de idéias, e ainda que os episódios mais recentes tivessem sido terríveis de aguentar,  nós na audiência ainda seguimos na inércia. Uma quinta, e provavelmente não final, temporada já começa agora em setembro e precisa desesperadamente de uma mudança de ares, quer seja de novos ambientes, novos personagens ou qualquer outro fator que altere minimamente a dinâmica entre os personagens já existentes.

Mesmo os nerds, que compõe usualmente o tipo de fã mais obstinado, não vão ser capazes de seguir acompanhando as mesmas situações e as mesmas piadas se repetindo eternamente.