terça-feira, 21 de outubro de 2008

Trailer Park of Terror

Reforçando (Pre)Conceitos

Direção: Steven Goldmann
Título original: Trailer Park of Terror
Duração: 91 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Out/2008

Depois de um hiato de mais de um ano de postagens, esperamos finalmente voltar à normalidade e colocar em dia a produção em série de críticas. E ao invés de recomeçar com o pé direito tecendo elogios para alguma nova série desesperadoramente viciante ou um filme para entrar para história, vamos detonar uma rara nota mínima daquelas que só acontecem por descuido.

Tenho uma regra pessoal que me impede de ver filmes sobre os quais eu não tenha lido boas críticas ou recebido indicação de pelo menos uns dois amigos (de gosto confiável). A ideia de investir duas horas da minha vida em algo que saltou aleatoriamente na televisão definitivamente não me agrada. Porém, inadvertidamente, foi o que fiz ontem à noite.

Após um ótimo episódio de The Walking Dead e talvez ainda na vontade de continuar o clima de terror, parei displicentemente em uma cena escura em um dos canais da HBO. Cena padrão que indicava um filme de horror em andamento: um ônibus com seis ou sete supostos adolescentes - todos os atores já devem estar pelo menos chegando nos seus trinta, mas o texto dava a entender de que eram "jovens adultos" - em meio a uma tempestade. 

A exposição inicial já deveria ter sido o suficiente para desligar a TV na hora: o bully boa-pinta mostrava para o pastor que dirigia o ônibus como ele não conseguiu recuperar as "almas" dos jovens problemáticos que estavam no ônibus. Por almas, leia-se estereótipos e caricaturas: a vagabunda gostosa, a drogada, o gay enrustido, o loser punheteiro e a garota gótica (que aparentemente não tem problemas associados a drogas, sexo, ou qualquer outra coisa que justificasse sua presença no grupo, mas entrou no bolo porque todo mundo sabe que góticos não são normais).

Porque afinal qualquer um deles precisaria de "salvação" está além da minha capacidade de compreensão, mas sexo de maneira geral é um problema para norte-americanos, então vamos assumir a diferença cultural e seguir adiante. Não sem antes mencionar que apesar de toda a referência sexual e de obviamente tratar-se de um filme B, a luxúria passa longe do filme e quem for esperando por nudez vai ficar decepcionado (a menor das decepções no final das contas).

Uma segunda chance de perceber que obviamente ir dormir seria melhor do que ver mais um minuto sequer do filme, é uma cena subsequente em que os habitantes do estacionamento de trailers do filme são apresentados com mais detalhes. Mais uma vez, um festival de preconceitos e caricaturas: a obesa mórbida, o traficante, o xerife gordo e corrupto, a prostituta etc.

E então,depois de entediante preparação, começa finalmente o gore e somos brindados com efeitos especiais de fundo de quintal, mais linhas de diálogo de causar vergonha alheia e tentativas sofríveis de humor. O filme é uma bomba completa em todos os sentidos e é difícil entender como a mesma empresa que te presenteia com Game of Thrones, Sopranos e Six Feet Under permita que algo dessa estirpe entre na sua grade de programação.

Alguém poderia me empurrar o argumento do "você não pegou o espírito do filme" e compará-lo com Evil Dead ou filmes similares da linha "Terrir" em que o propósito é realmente o escracho. No entanto, há milhões de neurônios que separam obras desse tipo de Trailer Park Horror

Para não haver chances de que qualquer um dos leitores sinta o impulso de assisti-lo, deixo aqui o meu "O mocinho morre no final": a garota gótica é a única que fica viva, porque diferente dos outros "depravados e pecadores", ela só queria ser amada por ser ela mesma e não merecia morrer apenas por ser gótica (juro que isso não é uma dedução e sim uma linha de diálogo real do filme). 

Enfim, lições de vida que só filmes ruins proporcionam: drogas e sexo colocam você em risco de ser esfolado vivo e frito em óleo quente por caipiras zumbis e assistir a filmes aleatórios na TV definitivamente não aumentam o seu repertório de lições de vida.

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