sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Quero matar meu chefe


Quero matar meu chefe imaginário

Direção: Seth Gordon
Título Original: Horrible Bosses
Duração: 98 min
Idioma: Inglês
Lançamento: Ago/2011

Há muito o que se dizer de uma comédia quando mesmo em um cinema relativamente cheio, você ouve pouquíssimas risadas. A probabilidade é alta de que uma em pelo menos trinta pessoas assistindo a uma comédia ria de qualquer coisa sem sentido que apareça na tela. Por algum motivo, a probabilidade falhou em Quero matar meu chefe e nem o prazer de rir por inércia das risadas dos outros eu consegui ter.

O filme segue uma tendência mal-sucedida pós-Se beber, não case de juntar homens se envolvendo em situações absurdas relacionadas com sexo, drogas e violência. Parto de viagem é um desses filhotes bastardos e rejeitados dos caras com amnésia alcóolica de Las Vegas. Só que mesmo com seus problemas, ele ao menos contava com Robert Downey Jr. e Zach Galifianakis no elenco. Em Quero matar seu chefe você tem, quando muito, a histeria de Charlie Day (It's always sunny in Philadelphia).

Parece-me que Hollywood não entendeu muito bem o porque do sucesso de Se beber, não case. Você tinha personagens (excluindo o de Galifianakis) que pareciam-se com qualquer homem normal que misturando álcool e drogas com uma pré-disposição para "comemoração" poderiam efetivamente ter se envolvido em algumas situações absurdas. Ou seja, é pouco provável, mas poderia ter acontecido e isso é que faz a graça do filme.

O que afunda Quero matar meu chefe é justamente a impossibilidade de você imaginar que "poderia ter acontecido" e não estamos nem falando aqui de alguém tentar matar ou não o chefe (isso realmente poderia ter acontecido), mas de algo muito mais básico: os chefes e o relacionamento deles com os empregados é que não são críveis. Considerando que boa parte da população possui um chefe e uma grande parcela tem um outro problema com ele, seria muito fácil que o público se identificasse com o que vê na tela, mas o diretor Seth Gordon garantiu que isso não acontecesse ao construir chefes  mais inverossímeis do que o sequestro do tigre do Mike Tyson.

O psicopata de Kevin Spacey não é um psicopata daqueles que você encontra diariamente em qualquer escritório normal, ele está muitos graus acima no nível de loucura e simplesmente  já estaria internado ou preso muito antes de ter chegado a presidente ou diretor de uma companhia. O idiota drogado de Colin Farrell seus comentários absurdos e politicamente incorretos é puro constrangimento e inverossimilhança.

Porém a pior de todas as motivações para assassinato vêm da relação de Dale e sua chefe, Jennifer Aniston. Jura? Jura mesmo que alguém por um minuto sequer acreditaria que Dale preferiria assassinar a única pessoa que daria emprego a ele porque ela está o forçando a trair a noiva? Mencionei anteriormente que essa pessoa é uma ninfomaníaca Jennifer Aniston? O absurdo e a falta de lógica não é engraçada, é simplesmente absurda... Só que infelizmente é dessa premissa inicial que depende as motivações do personagem para tudo o que acontece no filme.

Quero matar meu chefe parte de um conceito que já foi utilizado por outros filmes anteriormente (exemplos: Pacto sinistro e Jogue a mamãe do trem) e até com boas intenções admite isso. Além disso, conta com uma boa química entre os atores que conseguem manter dinamismo nos diálogos e mesmo quando você já "conhece a piada", como na cena com a cocaína, ela é bem conduzida e no mínimo fica divertida.

Para arrancar risadas, no entanto, é necessário uma mínima lógica interna para que quando subvertida, o humor apareça. Sem lógica alguma, Quero matar meu chefe acaba sendo uma sequëncia de cenas isoladas moderadamente divertidas, mas que não constroem um contexto coeso que permita que elas sejam realmente engraçadas.

Certamente não ofende, mas é para ver na TV se não houver nada melhor para se fazer.

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