domingo, 19 de junho de 2011

Game of Thrones

A promessa de uma obra-prima


E mais uma bola dentro da HBO!

Fãs de O Senhor dos Anéis, Game of Thrones é um programa imperdível para vocês.

Restante do mundo, Game of Thrones é um programa imperdível para vocês também.

O novo seriado da HBO agrupa quase dez horas de entretenimento que entregam exatamente o que seu título parece propor: intrigas palacianas, traições, vinganças e uma dezena de personagens sem escrúpulos (ou com mais escrúpulos do que deveriam) fazendo de tudo para sentar no cobiçado trono de ferro. 

Os primeiros capítulos da série, ainda que muito mais lentos que os finais, deixam qualquer um completamente perdido com um batalhão de personagens. O problema não são apenas os que aparecem na tela, mas também todos aqueles que são citados rotineiramente na maioria dos diálogos. Cada personagem refere-se a antepassados de seu clã ou a personagens que ainda não estão aparecendo na trama e criam um mundo complexo cheio de interligações e histórias ainda não contadas (ou que nunca serão).

Só mais para o final da temporada, consegui me localizar entre os diversos clãs e seus totens e entender suas vantagens competitivas no jogo pelo trono - dinheiro, poder militar, hereditariedade ou simplesmente "honra". Nesse ponto da narrativa, você já está totalmente envolvido na estória e o destino de cada uma daquelas "pessoas" torna-se crucial e o roteiro não decepciona, usando seus pré-conceitos para te surpreender ao mesmo tempo em que você percebe a "virada" era, na verdade, o resultado mais óbvio de uma sequência longa de eventos.

Um fantástico roteiro realmente já é meio caminho andado, mas a escolha do elenco e das locações também fazem toda a diferença. Há excelentes atores, mas o que mais rouba cenas é Peter Dinklage, o anão protagonista do independente O Agente da Estação. Com uma atuação digna de Emmy, mesmo que não leve o prêmio para casa, tem que ser ao menos indicado. A presença de tela de seu personagem aumenta consideravelmente ao longo dos episódios e parece até que tenha crescido de acordo com sua popularidade - ainda que eu não tenha como confirmar se todos os episódios já haviam sido gravados quando o piloto foi ao ar.
Ele, no entanto, está longe de ser exceção em um elenco transbordando de bons atores e, ainda mais, de boas atrizes. Particularmente, meu "arco de estória" favorito é certamente o que mostra a evolução da ótima Emilia Clarke e sua Daenerys Targarien, a melhor de todas as fortes e envolventes personagens femininas. As mulheres deixam, na maior parte do tempo, a violência a cargo dos homens, mas são elas, que com suas intrigas e ambições que realmente dão o tom da série - exceção às tradicionais mulheres-objeto das séries da HBO que já são um elemento esperado (assim como o uso de drogas).

Ainda que a série seja fantástica, Game of Thrones tem seus poucos pontos baixos: os episódios três a cinco mal avançam a história e o cenário que menos empolga é também um dos mais importantes: The Wall, a grande muralha que separa os sete reinos das terras geladas e aparentemente repleta de seres místicos ao norte. A história de Jon Snow segue extremamente devagar e quase sempre arrasta o ritmo dos episódios, ainda que, mais para o final, percebe-se que é dali que muitas estórias vão sair.

O show segue sua primeira temporada praticamente inteira com muitos poucos elementos de fantasia em si, apenas referenciando-os como parte de uma realidade que já ficou perdida na história desse mundo. Se não cair no erro de True Blood que começou a focar mais em seus elementos fantasiosos relegando as verdadeiras estórias, as dos personagens, a um papel coadjuvante, Game of Thrones tem tudo para ser uma das melhores séries já produzidas na televisão. 

Descobriremos daqui a alguns meses quando o inverno, e a segunda temporada, chegar...

Bônus: a fanstástica animação da abertura



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